VIAGENS

Mudanças nos procedimentos alteram rotina nos aeroportos

Novos procedimentos de vistoria de bagagens equiparam voos domésticos a voos internacionais em todos os aeroportos do Brasil

Viajar de avião pode estar mais seguro, ou mais incômodo, dependendo da interpretação, já que desde ontem entraram em vigor novos procedimentos de inspeção de passageiros e suas bagagens em voos domésticos no Brasil (dentro do país).
As mudanças são pontuais, envolvem um controle mais rígido sobre bagagens de mão, como a inspeção de notebooks, abertura de bagagens para vistoria interna e revistas corporais manuais ou com o uso de raios X. Na prática, agora as medidas para os voos dentro do país se equiparam aos procedimentos já usados nos voos internacionais.
Segundo a Agência Nacional de Aviação Civil (Anac), a despeito das mudanças entrarem em vigor próximo ao início dos Jogos Olímpicos do Rio 2016, isso não tem relação direta com o evento.
A agência ressaltou, em comunicado oficial, que a “segurança do transporte aéreo envolve procedimentos de inspeção importantes, tais como a revista de passageiros para o acesso a áreas restritas dos aeroportos” e que essa é uma “prioridade” do órgão, e que são procedimentos “adotados e padronizados internacionalmente”. No Brasil, as normas estão regidas sob o Regulamento Brasileiro da Aviação Civil (RBCA) nº 107, norma ANC, que dispõe sobre a segurança em aeroportos.
Entenda os novos procedimentos
As revistas físicas, aquelas onde o passageiro é revistado por um Agente de Proteção da Aviação Civil (Apac) do mesmo sexo, se tornarão mais frequentes, e não mais dependerão do sinal do alarme no equipamento de raios X. Revista às partes íntimas são proibidas.
O passageiro poderá escolher entre revista em local público ou reservado, com presença de testemunha. Patentes oficiais e cargos de autoridade pública não eximirão os passageiros de passar por revista.
Os computadores portáteis, do tipo laptop/notebook e outros dispositivos eletrônicos, como celulares, MP3 players e tablets que estejam no interior de malas e mochilas levadas como bagagem de mão terão de passar por raios X em separado da bolsa.
O que também muda é um maior controle sobre os bens carregados dentro das bolsas. Os pertences de mão passarão a ser vistoriados com mais frequência, sendo necessário que o passageiro abra a bagagem para inspeção dos agentes.
Crianças também serão submetidas à revista física, porém, a Anac não informou a idade mínima por “uma questão de segurança”. Passageiros que se recusarem a passar pelos procedimentos serão proibidos de embarcar.
Caso sejam encontrados objetos suspeitos, os agentes terão que solicitar uma averiguação mais detalhada do objeto e, quando julgado necessário, o passageiro será encaminhado para esclarecimentos junto à Polícia Federal.
Surpresa para os passageiros

Apesar de serem mudanças que afetam diretamente os passageiros, ao chegar ao Aeroporto Internacional Cunha Machado, estes não recebem informação alguma quanto às mudanças. Segundo informações da Infraero, que administra os aeroportos em todo o país, por ser de competência da Anac, a empresa apenas executa as novas normas. Uma equipe de reportagem de O Imparcial esteve no Aeroporto Cunha Machado e constatou que boa parte dos passageiros não tinha conhecimento das novas regras.

Para os passageiros, a falta de informação antes de chegar aos procedimentos incomoda. Francisca Fernandes, que viajará para Lisboa, e portanto já passaria por uma fiscalização mais rígida, comentou que soube pelo noticiário antes de sair de casa. “Acho importante, porém pode ser constrangedor se feito de forma errada. Aqui no aeroporto mesmo não tem nada informando.”
De viagem marcada para Belém, Khaleb Mustafá disse que concorda com uma fiscalização mais rigorosa, mas que o cuidado com a bagagem despachada tem sido negligenciado. “Se eles zelarem pelo patrimônio das pessoas, é válido. Se souberem lidar com as pessoas, tudo bem, mas a forma como lidam com as bagagens da gente não é correta. Sempre tem extravio, ja passei três dias para receber minhas coisas.”
Em viagem com a família para Porto Velho, Felix Alves Júnior concorda com os novos procedimentos, em nome da segurança de passageiros e funcionários. “Toda fiscalização, quando bem feita, é boa. Se a intenção é resguardar os passageiros e os funcionários das companhias, tem mesmo de ser feita”, ressaltou.
Caos em todo país
As novas regras de fiscalização para embarque de passageiros implantadas por determinação da Agência Nacional de Aviação Civil (Anac) causaram transtornos ontem, em vários aeroportos brasileiros. No Aeroporto Juscelino Kubitschek, em Brasília, a fila do embarque chegou ao lado de fora do local. Passageiros enfrentaram filas, de cerca de uma hora de duração, para despachar bagagens e passar pelo aparelho de raios X.
Em Congonhas, São Paulo, a fila era grande desde o início da manhã. Segundo relatos, logo cedo mais de 50 passageiros perderam o voo por não conseguirem chegar à área de embarque.
As novas regras normas também causaram transtornos no Aeroporto Santos Dumont, no Centro do Rio. As mudanças nos procedimentos de segurança para embarque doméstico causaram filas de passageiros, entre 6 horas e 7h30, horário considerado de pico no aeroporto. As duas filas organizadas pelos agentes da Infraero (uma apenas para embarque imediato) deram voltas no saguão.
Houve discussão entre passageiros, quando alguns entraram na fila errada. De acordo com a Infraero, neste período, 3.600 passageiros embarcaram – 2.500 eram da Gol.
Em nota, a Agência Nacional de Aviação Civil (Anac) informou que está acompanhando a adoção dos novos procedimentos de inspeção para voos domésticos neste primeiro dia de vigência das novas medidas. Informou também que está ciente de que foram observados “impactos específicos” em alguns terminais, com maior reflexo no aeroporto de Congonhas (SP), lamenta o incômodo e pede compreensão dos passageiros.
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