A saúde da ex-governadora Roseana Sarney tem sido motivo de muita atenção. Com mais uma cirurgia realizada no mês passado, ela chegou a 23 procedimentos cirúrgicos realizados nas últimas quatro décadas, uma média de uma operação a cada 22 meses.

Atualmente com 62 anos de idade (dos quais 26 foram investidos na vida pública eletiva), Roseana vem travando uma batalha clínica desde sua adolescência, quando aos 19 anos realizou a sua primeira cirurgia para retirada de um apêndice.

Em diferentes intervenções, “a guerreira” (como é chamada entre os aliados políticos e admiradores) já passou por diversos tipos de procedimentos: retirada de cistos ovarianos, nódulos no pulmão esquerdo, extração de pólipos no intestino e de parte do órgão, remoção de tumores benignos nos seios, cirurgia no joelho esquerdo e extração de útero e ovário, além da clipagem de um aneurisma e da correção de um sangramento retal.

Apesar de ter sido desenganada em pelo menos duas ocasiões – a mais notável delas, após a série operações feitas quando era candidata à reeleição no governo do estado em 1998 –, Roseana superou as adversidades na saúde e aprendeu a lidar com as limitações a cada cirurgia.

Questionada sobre as atenções que inspiram o seu quadro clínico, assume alguma preocupação, mas é taxativa: “É claro que, diante do número de cirurgias às quais já fui submetida, eu preciso ter uma atenção maior com a minha saúde. Entre as cirurgias mais graves, uma foi logo que assumi o governo, em 2009, quando tive que operar um aneurisma no cérebro. Ao longo dos últimos anos, como governadora do Maranhão por dois mandatos seguidos, todos sabem que foi um período muito puxado”.

A construção da vida política parece ter sido priorizada em algumas ocasiões. Entre 1991, quando se elegeu pela primeira vez, e 2014, afastou-se para realizar 65% das operações às quais já se submeteu. Sobre o difícil equilíbrio entre os cuidados com a saúde e as responsabilidades políticas, admite: mesmo sem ter abandonado a rotina médica, precisou fazer escolhas.

“Governar exige dedicação 24 horas, todos os dias da semana e, em alguns momentos, você sente que o corpo pede um descanso, uma pausa, mas você acaba priorizando o compromisso que tem. Então, não tem jeito, a gente vai deixando o lado pessoal um pouco mais em segundo plano, deixa a visita ao médico mais para depois”, declarou.

A última intervenção operatória ocorreu em 19 de fevereiro, no Hospital Sírio-Libanês (SP), quando foi extraída uma tumoração fúngica no seio esquerdo da face. A anomalia clínica foi descoberta durante a realização de exames de rotina no mês de janeiro, quando Roseana acompanhava o pai, José Sarney, operado após sofrer uma queda em sua residência.

Segundo a ex-governadora, não houve nenhum tipo de mal estar antes do procedimento, mas um episódio chamou a atenção. “Muita gente me perguntou se eu não havia percebido algum sintoma. Não. O meu nariz sangrou muito poucos dias antes de eu viajar a São Paulo. Tomei um susto quando acordei e vi o travesseiro sujo, cheio de sangue. Os médicos disseram que isso poderia estar relacionado ao problema, já que eu não tinha histórico de sangramento no nariz”, declarou. De acordo o Boletim Médico divulgado pelo hospital, a causa da enfermidade foi um fungo. Uma bateria de exames foi realizada no material coletado para definir o tipo de fungo responsável pela infecção e a sua dinâmica.

“O fungo já foi identificado. Chama-se Aspergillus, não muito raro, mas muito agressivo. Estava localizado no sistema esfenoidal, bem próxima do nervo ótico e do clip que tenho no cérebro, implantado após a retirada do aneurisma. Vou ficar sob acompanhamento médico por um ano, tomando medicação para evitar novas manifestações em alguma outra parte do corpo”, diz Roseana.

Após a operação, Roseana foi medicada com drogas antibióticas e antifúngicas. A cirurgia teve duração de pouco mais de duas horas e meia. A ex-governadora encontra-se em recuperação, após receber alta clínica no fim de fevereiro, e deve permanecer em São Paulo para observações complementares e nova avaliação na área infectada.

Roseana ainda não tem retorno previsto a São Luís. Quando regressar, diz que se dedicará a atividades familiares, mas deixa escapar que a política – sempre presente em sua vida – jamais deixará de ocupar o seu espaço. “Agora é hora de cuidar um pouco mais de mim, ficar mais perto da minha família, da minha filha e dos meus netos. Mas não tiro os olhos do Maranhão. Estou atenta, converso com as lideranças, mantenho contato com todos os que me acompanharam ao logo de minha vida política. Isso não vai acabar nunca.”

Seu último mandato foi encerrado em 10 de dezembro de 2014, quando renunciou ao governo do estado do Maranhão para tratar problemas de saúde.

1980
5 – Retirada de pólipos
no intestino (1980)
6 – Retirada de pólipos
no intestino (1981)
7 – Extração de um ovário (1982)
8 – Extração de parte
do intestino (1982)

1990
9 – Nódulo no pulmão esquerdo (1998)
10 – Infecção no abdômen (1998)
11 – Papilomas no seio direito (1998)
12 – Extração do útero, um ovário e as trompas (1998)
13 – Correção de aderências no intestino (1998)

2000
14 – Fratura no joelho esquerdo, lipoaspiração na região interna das coxas e preenchimento na linha em volta da boca (2000) 
15 – Nódulo no seio direito (2000)
16 – Nódulos nos dois seios (2002)
17 – Nódulo na região do períneo (2005)
18 – Fístulas no reto (2005)
19 – Punho da mão direita (2008)
20 – Retirada de pinos do punho da mão direita (2008)
21 – Aneurisma cerebral (2009)

2010
22 – Sangrameto retal (2011)
23 – Tumoração fúngica na face (2016)