Uma rodovia em péssimo estado. É esse o cenário na BR-135, única via de conexão terrestre entre a Ilha de São Luís e o território continental maranhense. Entre o km 0, na rotatória do Aeroporto Cunha Machado (no Tirirical), e o km 23, na Estiva, foram identificados pelo menos 200 buracos na pista, além de ondulações agudas e a inexistência de área de acostamento na maior parte da BR.

Outro problema enfrentado por motoristas é a sinalização precária. A vegetação no canteiro central encobre as placas em muitos trechos, impossibilitando que os alertas e indicações sejam devidamente visualizados pelos condutores. Na pista, ainda há segmentos que não possuem marcação vertical delimitando as vias, o que pode gerar problemas ainda maiores.
A precariedade na estrada gera inúmeros acidentes – a maioria de ordem mecânica.

Trafegando pela via na última terça-feira, 22, a equipe de reportagem de O Imparcial identificou pelo menos três ocorrências em um período de menos de uma hora. Um destes casos foi o de Marcelo. Perito em seguros, ele retornava a São Luís após uma viagem a trabalho, vindo da cidade de Bacabal. Passando pela altura do km 17, teve os dois pneus do lado direito do seu carro estourados ao passar por um buraco.

“O estado da estrada está péssimo, tem muito buraco e muitos acidentes na via. É revoltante ver que o nosso dinheiro não é bem investido. No fim das contas, o que a gente tem é só o prejuízo”, desabafou.

Consultada, a Superintendência Regional do Dnit no Maranhão afirmou, em nota, que “o contrato com a empresa responsável pela manutenção da BR-135/MA (Tirirical à Estiva) está em fase de rescisão, por deficiência na execução dos serviços. Um novo contrato (com outra empresa) deverá ser assinado nos próximos dias. Até o final deste mês, o Dnit pretende iniciar os serviços emergenciais para garantir a fluidez do tráfego nesse trecho”.

A sinalização da via deverá ser refeita apenas após a realização das obras emergenciais, segundo o órgão. O próprio departamento admite, ainda, que o estado atual da rodovia requer atenção ao longo dos 516km que atravessam o estado.

De olho na segurança

Segundo informações do Posto da Polícia Rodoviária Federal localizado no km 14, além das quebras e avarias de veículos, o perigo da má conservação da BR-135 afeta também a segurança dos usuários da via. O trecho que desperta maior precaução está localizado entre a Estiva e a Vila Samara, nos quilômetros 22 e 23.

“O que pode gerar problema também é a questão da criminalidade. Quando você reduz a velocidade do veículo numa área muito esburacada, você tem que andar muito devagar e isso faz com que alguns oportunistas fiquem de tocaia nas proximidades e assaltem as pessoas. Aqui nós temos um problema crônico na cabeceira da ponte da Estiva. Muita gente para ali saindo ou chegando da cidade”, afirma Francinácio Morais, chefe da 1ª Delegacia (Posto de Pedrinhas).

Nos últimos dias, o aumento do fluxo de veículos provocado pelo feriado da Páscoa fez crescer também os índices de crimes cometidos na região. Na madrugada de ontem, a condutora Ana Lúcia Duarte Silva, de 52 anos, foi vítima de latrocínio após diminuir a velocidade por conta dos b

uracos e elevações na pista. À altura do km 15 (em Pedrinhas), a motorista teve anúncio de assalto, tentou acelerar o veículo e foi alvejada com pelo menos seis tiros de espingarda. O grupo que realizou o crime era composto por três adolescentes, segundo testemunhas.

Na mesma semana, na quinta-feira, dia 24, o carro de reportagem de O Imparcial foi alvo de um assalto a mão armada, onde dois repórteres tiveram equipamentos de uso profissional furtados.

Até que melhorem as condições de tráfego e segurança, as recomendações são claras: viajar durante o dia e evitar parar. O auxílio da PRF a usuários está disponível através do telefone 191.

As obras de duplicação do trecho entre a Estiva (em São Luís) e o município de Bacabeira foram anunciadas em 2010, em parceria entre os governos federal e estadual. Previstas para ser licitadas e ter início em 2011, as primeiras intervenções foram executadas apenas no segundo semestre do ano de 2012.

Inicialmente orçada em pouco mais de R$ 200 milhões, a obra já ultrapassa o valor total de R$ 400 mi, e ainda aguarda liberação de complementação orçamentária. O cronograma previa a finalização do trecho até setembro de 2014. Posteriormente, o prazo foi atrasado pelo menos três vezes: inicialmente em um ano (setembro de 2015), depois por outros 3 meses (dezembro de 2015) e, por último por mais 2 meses – devendo ser concluída até fevereiro de 2016. Até o momento, no entanto, apenas 78% da obra está finalizada.

Segundo o Dnit, “todas as faturas pendentes de pagamento foram concluídas e o ritmo das obras está previsto para ser intensificado ainda este mês”. O órgão afirma que o novo prazo de conclusão da obra de duplicação será anunciado após o fim do período de chuvas no estado.

No segundo semestre de 2016, deverá ser realizada, ainda, licitação complementar para dar seguimento à duplicação da BR-135, com adequação de capacidade no trecho entre Bacabeira e Miranda do Norte/MA.