MARANHÃO

Por trás dos crimes contra agências bancárias

Combate ao tráfico de drogas pode ser uma das causas do aumento do número de ocorrências de crimes contra instituições financeiras, segundo delegado

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Agência do Banco dos Brasil em Riachão

Um dos motivos para o crescente ataque a agências bancárias, principalmente nas cidades do interior, pode ser creditado à guerra ao narcotráfico, que vem sofrendo baixas impostas pela polícia, o que tem forçado os bandidos a realizar essa migração. Esse aumento vem sendo registrado em todos os estados da Região Nordeste, mas no Maranhão está mais acentuado, visto que os membros do crime organizado são sabedores da fragilidade do sistema de segurança dos municípios maranhenses. 

Eles encontram facilidade para a prática dos assaltos aos bancos e até explodir os prédios das agências para levar ou arrombar os cofres  internos. Com essa nova descoberta, os grupos têm deixado em segundo plano os caixas eletrônicos, alvos preferidos nos últimos anos, pois geralmente neles ficam menos dinheiro.
Essa teoria da migração é amparada pelo chefe do Departamento de Combate ao Narcotráfico na Capital da Superintendência Estadual de Investigações Criminais (Seic), o delegado Valdenor Viégas Sousa, que avalia que o efetivo combate ao tráfico de drogas obriga os marginais a buscar outros meios criminosos para sobreviver.
“Dessa forma, os traficantes estão buscando outras modalidades de crimes para continuar mantendo os lucros de forma ilícita, por isso, embora não tenhamos comprovação, acreditamos que muitos traficantes partiram para os roubos a bancos e  ou outras modalidades de crimes”, asseverou.
O delegado aproveitou para elogiar o trabalho desenvolvido pela polícia, que realizou muitas apreensões de cocaína, crack e maconha, desfazendo vários esquemas de fornecimento e fabricação de drogas no Maranhão. E que acredita nos policiais para terminar o problema dos ataques aos bancos. “Assim como estamos combatendo e vencendo o narcotráfico, também vamos vencer estas modalidades criminosas”, sentenciou.  
Exemplo do resultado efetivo desse trabalho é que nos últimos oitos meses mais de uma tonelada de drogas foi apreendida pela polícia. Dentre as apreensões, mais de 60% são de maconha seguida pelo crack e cocaína. O material representa mais de R$ 10 milhões em prejuízos para o tráfico. Somado a estas ações, a polícia prendeu 60 traficantes, incluindo líderes de quadrilhas interestaduais, nos últimos quatro meses.
Com as operações, também são apreendidas armas de fogo pertencentes a líderes de organizações criminosas, além da recuperação de veículos roubados, contabilizando 22 nos últimos quatro meses. O chefe do Departamento de Narcóticos da Capital, delegado Valdenor Viégas Souza, ressalta que a polícia intensificou suas ações.
“Intensificamos o trabalho investigativo e tivemos mais apreensões e prisões realizadas. A ação integrada com outras polícias também tem garantido maior êxito”, explica o delegado.
Mais um caso

Na madrugada de ontem, bandidos explodiram uma agência do Banco Postal dos Correios em Presidente Médici (MA). A ação aconteceu por volta das 2h e contou com quatro criminosos, com motos e pelo menos um carro de apoio. Segundo a 12ª Companhia Independente (CI) da Polícia Militar do Maranhãode Zé Doca (MA), responsável pela região, os criminosos lograram levar o cofre da agência. Eles fugiram por uma estrada vicinal. Nenhum suspeito foi preso até o momento.

Aumento das ocorrências
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Agência do Banco dos Brasil em Mirinzal

Os assaltos e ataques a agências bancárias no interior do Maranhão têm assustado a população. A luta por segurança, em especial para os bancários, clientes e usuários dos bancos, tem repercutido em todo o estado. 

Nos últimos anos, o Sindicato dos Bancários do Maranhão (Seeb-MA) tem se empenhado em repassar dados de ocorrências para a população e autoridades públicas, que procuram números atualizados sobre explosões de caixas eletrônicos, assaltos e “saidinhas” bancárias no estado.
De acordo com atualizações do Seeb, no Maranhão, somente no ano de 2015, foram registrados 23 assaltos a bancos de janeiro a dezembro, e o total dos valores subtraídos das agências somou mais de R$ 184 mil.
Foram registrados, também, 59 arrombamentos de caixas eletrônicos, 11 tentativas de assaltos e arrombamentos, 12 saidinhas bancárias e quatro tentativas de saidinhas bancárias, somando um total de ocorrências, incluindo as tentativas, de 110 casos.
Já no ano de 2016, até o mês de fevereiro, foram registrados quatro assaltos a banco, 12 arrombamentos de caixas eletrônicos, duas tentativas de assaltos, arrombamentos e saidinhas, somando 20 no total de ocorrências, incluindo as tentativas. Se o ritmo continuar do mesmo modo, a tendência é esse número chegar a 120 casos, o que traria um aumento em relação a 2015.  
O presidente do Seeb-MA, Elói Natan, esclarece que medidas estão sendo tomadas para tentar acabar com essa situação através de reuniões com as autoridades competentes de segurança no estado. Na ocasião das reuniões, foram apresentadas estatísticas crescentes das ocorrências de crimes como assaltos, explosões, arrombamentos, e saidinhas bancárias, e ainda, um projeto de lei que foi vetado pelo antigo governo.
“Estivemos reunidos nesta última segunda-feira, 22, com a Secretaria de Segurança Pública, e com todas as autoridades públicas da segurança para tratar desse tema. O objetivo da reunião, tanto foi para cobrar sugestões, como para cobrar medidas concretas referentes a isso, pois a situação dos bancos no interior do estado não está fácil”, explicou.
Ainda de acordo com Eloi, foi realizada uma visita com secretário de Segurança Pública, Jefferson Portela, na segunda-feira, dia 22, juntamente com o comando da Polícia Militar, e na quinta-feira, dia 25, com os secretários do governo do estado para tratar sobre o devido assunto. “A reunião foi no sentido de verificar quais medidas estão sendo tomadas e também colocar a situação dos bancos frente ao governo pra que as autoridades cobrem mais dos bancos, já que nós achamos que, em relação a essa questão, as responsabilidades são compartilhadas, tanto pelo poder público, como também pelos bancos”, completou.
Projeto de lei

No ano de 2011, o sindicato elaborou um projeto de lei que torna obrigatório para os bancos o uso de equipamentos de segurança como portas giratórias detectoras de metais, biombos e câmaras digitais, postos e salas de autoatendimento bancário em todo o estado do Maranhão, mas o projeto acabou sendo vetado pela então governadora do estado, na época, Roseana Sarney. “Essa é a nossa principal reivindicação: ter uma lei que obriga os bancos a investirem mais em segurança. Esse projeto foi vetado no governo passado, alegando que geraria custos elevados aos bancos, mas a nosso ver é inapropriado, já que o setor financeiro é um dos que mais lucram. Na verdade, com essas explosões, nós percebemos é que os bancos não têm interesse, pois eles não são prejudicados. Todo o equipamento é segurado, então, o prejuízo acaba sobrando para a população e para os bancários”, explicou. 

Ainda de acordo com Eloi, existe um interesse por parte das autoridades do atual governo em aprovar o projeto de lei, que tem uma medida importante para acabar de vez com essa situação atual dos bancos. No início deste ano, diante do número crescente de assaltos registrados, a segurança bancária voltou a ser destaque na imprensa, chegando ao conhecimento da população, que almeja a sua aprovação. Cabe, agora, à Assembleia Legislativa e ao governo do estado atender ao clamor popular e, diferentemente do passado, priorizar os interesses da população.
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