Água poluída, cheiro desagradável e falta de estrutura. Não é de hoje que a Lagoa da Jansen está nessa situação, mesmo assim, muitas pessoas tiram o sustento de suas famílias do local.

É o caso do seu Filomeno Paulo, que há 44 anos vive da pesca exclusivamente na Lagoa. Segundo ele, seu sustento e alimentação vêm dos peixes que retira da água e essa prática vem desde os seus antecedentes. Mas o pescador reclama da falta de respeito com os moradores da região, que muitas vezes ficam sem o alimento.

“Aqui é uma falta de respeito. Eu pesco aqui desde os meus dez anos de idade. Antes, qualquer hora que você colocava a rede aparecia muitos peixes, mas agora está complicado. Às vezes saímos daqui sem nenhum alimento”, lamenta.

A professora de Ciências Biológicas da Universidade Estadual do Maranhão, Débora Martins Santos Silva, levantou um estudo sobre a área da Lagoa da Jansen. Ela alerta para a qualidade dos peixes que são retirados do local. Segundo sua pesquisa, os animais são altamente contaminados por bactérias e seu consumo não é aconselhável.

“Nós temos encontrado muitos problemas naquelas águas, inclusive, por que não tem saneamento básico no local e a água se encontra em uma baixa qualidade. Encontramos metais, cobre e muitos outros objetos dentro dos peixes. Nós temos observado que eles, de acordo com avaliação do tecido, da mucosa e do fígado, têm respondido através de seu mecanismo de defesa, que aquele ambiente está poluído. Como estão em contato direto com aquela água, então eles absorvem esses poluentes, desenvolvendo uma série de alterações que mais cedo ou mais tarde irá prejudicar quem os consome”, esclarece.

Essa informação foi corroborada pela Secretaria de Estado de Meio Ambiente (Sema), por meio da assessoria de comunicação, que confirmou que há uma colocação extra de dejetos, através do lançamento de esgotos, e que os peixes que passam pela barragem estão de fato contaminados, e alerta que em nenhuma hipótese podem ser consumidos.

Sobre a Lagoa 

Com esta obra serão retirados os pontos de dejetos que deságuam no local e lançados efetivamente na rede de esgoto, despoluindo a Lagoa. Segundo Davi Telles, presidente da Companhia de Saneamento Ambiental do Maranhão (Caema), o programa tem como foco a despoluição da área litorânea e balneabilidade das praias. Vai contemplar ainda mais da metade dos bairros da capital.

Na área, também há outros problemas. De acordo com os pescadores, há cerca de seis ou sete anos que as comportas que regulam o escoamento da água estão quebradas, e todas as vezes que querem diminuir a quantidade da água, os próprios moradores abrem manualmente.

“As comportas estão todas quebradas. Quando a Lagoa enche demais e começa a alagar o outro lado do bairro, perto dos estabelecimentos comerciais, os donos vêm até aqui nos pedir para abrir as comportas para a água poder escoar, senão enche tudo”, explica Filomeno. No local, há uma obra da Companhia de Saneamento Ambiental do Maranhão (Caema) parada há alguns meses. O pescador afirma que seria uma caixa de armazenamento de água, mas a obra está por terminar. Ele diz que várias reuniões já foram feitas na Associação de Moradores e Pescadores da Lagoa, mas nada foi resolvido.