PATRIMÔNIO PÚBLICO

Bustos da Praça do Pantheon devem voltar ao local após reforma

Retirados da Praça do Pantheon desde 2007, após a ação de vândalos, bustos de escritores maranhenses podem retornar depois de quase nove anos

Bustos do Pantheon devem voltar à praça após reforma

Retirados da Praça do Pantheon desde 2007, após a ação de vândalos, e guardados no Museu Histórico e Artístico do Maranhão, bustos de escritores maranhenses podem retornar depois de quase nove anos

A Praça Deodoro, situada no Centro de São Luís, encontra-se em estado de abandono. Nela, fica a Praça do Pantheon, localizada em frente à Biblioteca Pública do Estado, que, antes de ser um templo da sabedoria, já foi sede do Quartel do 24º Batalhão de Caçadores. A praça, que já foi palco de manifestações culturais e políticas no passado, tornou-se alvo de reclamações das pessoas que circulam e trabalham diariamente pelo local.
Foto: Honório Moreira/OImp/D.A Press.


Honório Moreira/OImp/D.A Press

O busto de Gomes de Castro é um dos 18 que se encontram guardados no Museu Histórico e Artístico do Maranhão

Maranhenses que conhecem a importância histórica do local também questionam se os bustos em homenagem aos escritores maranhenses devem voltar a fazer parte da praça, pois as bases continuam à espera do retorno destes. Os 18 bustos foram retirados da Praça do Pantheon por causa da ação de vândalos e da falta de segurança. Por conta disso, foram transferidos e guardados no Museu Histórico e Artístico do Maranhão (MHAM), localizado na Rua do Sol.

A ambulante Fátima Gomes, de 60 anos, recorda o tempo em que a praça era um local arborizado, tranquilo e seguro. As pessoas aproveitavam as sombras das árvores para descansar e também para apreciar o local, que era bonito e preservado pelos maranhenses. “Hoje nem parece que a praça acabou de ser restaurada pela prefeitura, está tudo depredado. A culpa é da própria população, que não zela pelo local. Em outros tempos, o cenário era outro, muito mais agradável”, disse.
O estudante Marcos Lira afirma que a praça não está em boas condições. Quanto aos bustos, ele não lembra, mas afirma que no Museu eles estão mais seguros. “Não lembro dos bustos, já os vi em fotos na internet e meus pais me contam de que havia vários. Eu prefiro que eles fiquem no museu, pois a população não sabe cuidar do patrimônio que tem”, disse o estudante.
De acordo com a chefe do Museu Histórico e Artístico do Maranhão, Carollina Rodrigues Ramos, os bustos estão no Museu desde 2007. “Os bustos pertencem à Fundação Municipal de Patrimônio Histórico/ São Luís. Os bustos estão no MHAM através de contrato de comodato entre a Fundação Municipal de Patrimônio Histórico e a Secretaria de Estado da Cultura”, afirmou.
Para o presidente da Academia Maranhense de Letras, Benedito Buzar, os bustos das personalidades literárias foram encaminhadas para o museu por sugestão da própria academia, que por sua vez considera que as peças encontram-se protegidas. “Os bustos estão protegidos no museu, pois, se estivessem na praça, já haviam sido alvo de vândalos, como aconteceu outras vezes”, afirmou.
Segundo informações da Fundação Municipal de Patrimônio Histórico (Fumph), a reforma da Praça do Pantheon está prevista juntamente com as reformas da Rua Grande e da Praça Deodoro, obra garantida com recursos do PAC Cidades Históricas e de responsabilidade do Iphan. A Fumph esclarece que a volta dos bustos para a Praça do Pantheon só acontecerá após as reformas citadas.
Sobre a Praça Deodoro

Praça Deodoro, antigo Campo d’Ourique e Largo do Quartel, chegou também a ser chamada de Praça da Independência. Ao lado da Praça João Lisboa, representa um dos mais antigos logradouros públicos do Maranhão – uma das cinco praças que permaneceram, dentre as quinze existentes ainda quando da “velha política urbanística”, ou seja: até o governo de Colares Moreira que, por sinal, criou um corpo de guardas para as praças de São Luís.

Trata-se de “vasto quadrilátero arborizado”, ladeado pelas Avenidas Silva Maia e Gomes de Castro e confrontado a Leste pela Praça do Pantheon (ou Pantheon Maranhense), que dela se separa pelo seguimento que une as ruas do Passeio e Rio Branco, e a Oeste pela Rua de Santaninha.
No centro, ainda o coreto, que tanto já serviu de tribuna livre, na realização de comícios políticos e outras manifestações populares (ou populistas) e artísticas. Era também nesse coreto que se armava, anualmente, em dezembro, o presépio natalino oficial do município.
Algumas das personalidades dos bustos
Arnaldo de Jesus Ferreira

Nasceu no dia 6 de outubro de 1904, em São Luís do Maranhão. Destacou-se como estudioso de história regional, além de colaborar na imprensa maranhense usando o pseudônimo – João Maranhense. Foi um dos líderes da classe comercial. Tendo exercido por várias vezes a Presidência da Associação Comercial, foi delegado regional do Senac, gerente do Banco do Maranhão, secretário de Estado da Fazenda, consultor técnico do Diretório, membro da Sociedade Artística do Maranhão, sócio do Instituto Histórico e Geográfico e titular da Academia Maranhense de Letras na cadeira de nº 27. Faleceu em 13 de outubro de 1958, na cidade de São Luís.

Principais Obras: Problemas Maranhenses: Notícias sobre Frei Cristóvam de Lisboa;Atualidades de Vieira: Jesuítas do Maranhão e Grão-Pará e Páginas de História do Maranhão.
Maria Firmina dos Reis

Nasceu em 10 de novembro de 1825, em São Luís do Maranhão. Primeira romancista brasileira. Aos 22 anos, foi a única mulher aprovada em concurso para a cadeira de Primeiras Letras na vila de Guimarães. Em 1880, um ano antes de se aposentar, fundou em Maçarico (Guimarães) a primeira escola mista e gratuita no Brasil para crianças carentes da população. Faleceu na cidade de Guimarães (MA), em 11 de novembro de 1917.

Principais Obras: Ursula, Guepeva, Cantos à Beira-mar: A escrava; Álbum íntimo; teve ainda diversos poemas publicados em: O Publicador Maranhense; A Verdadeira Marmota; O Jardim Maranhense; Eco da Juventude; Seminário Maranhense: O Domingo; O País; Diário Maranhense.
José Bandeira Tribuzi

Nasceu em 2 de fevereiro de 1927, em São Luís do Maranhão. Poeta, músico, professor, compositor, jornalista e ensaísta. Concluiu os estudos em Coimbra, formando-se em Filosofia e Ciências Econômicas e Sociais. Trabalhou como funcionário do governo do estado e escreveu em jornais locais. São de sua autoria os versos que compõem o Hino de São Luís. Faleceu em São Luís do Maranhão, em 8 de setembro de 1977.

Principais Obras: Alguma Existência: Rosa Esperança; Safra; Sonetos; Pele e Osso; Breve memorial de longo tempo; Obras póstumas: Poesias completas; Canções do exílio; Viola do amor: Romanceiro da cidade de São Luís: Intimo Comício e outros poemas; Rosamonde; Tropicália, consumo e dor; Obra poética; Novela: Da conveniência de fazer-se um deputado.
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