SAÚDE

Mais de 400 pacientes esperam cirurgia de redução de estômago no Maranhão

Apenas dois hospitais estão autorizados a realizar o procedimento, por meio de recursos do SUS, para atender a demanda de todo estado

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Cerca de 300 pessoas com obesidade estão em fase de preparação para cirurgia no Hospital Universitário

O Maranhão possui 450 pacientes portadores de obesidade mórbida que aguardam pela cirurgia de redução bariátrica, conhecida popularmente como cirurgia de redução do estômago, que tem como o objetivo reduzir o peso de pessoas com o Índice de Massa Corporal (IMC) muito elevado. Segundo dados do Ministério da Saúde, São Luís é a capital brasileira que apresenta o menor índice de pessoas com excesso de peso. A taxa indica que 46% da população tem excesso de peso e 18%, de obesidade.

Na capital maranhense, dois hospitais realizam a cirurgia bariátrica: o Hospital Presidente Dutra, da Universidade Federal do Maranhão, e o Hospital Estadual do Servidor Dr. Carlos Macieira, realizadores do procedimento e que atendem toda a demanda do estado, por meio de recursos do Sistema Único de Saúde (SUS).
No Hospital Universitário da UFMA, atualmente há 14 pacientes preparados para realizar o procedimento. Sendo que 300 ainda estão em fase de preparação, que inclui exames e entrevistas. “Esta é uma doença que atinge a todas as classes sociais. Em todo o mundo são mais de 1 bilhão e 300 mil pessoas que sofrem as consequência da obesidade. Não há uma fila de espera. O HU realiza em média duas cirurgias por semana. São oito cirurgias por mês e 96 por ano, de acordo com a recomendação do Ministério da Saúde. Todas são financiadas pelo SUS”, informou o médico cirurgião Gutemberg Araújo, especialista na técnica. No Brasil, cerca de 40% da população sofre com excesso de peso. O médico aponta que um dos maiores causadores da obesidade é a transição alimentar, como os alimentos tipo fast-food.
Já no Hospital Estadual do Servidor Dr. Carlos Macieira (HCM), segundo a Secretaria Estadual de Saúde do Maranhão, para que o paciente entre na fila e realize a cirurgia, é necessário o agendamento da consulta médica com especialista diretamente no HCM, na qual os pacientes serão inseridos a partir de um protocolo clínico que define a estratificação de risco e com morbidade. Por meio de nota, o HCM informou que, atualmente, cerca de 150 pacientes demandam por cirurgia eletiva bariátrica. O hospital acrescentou que o corpo clínico da instituição está realizando uma revisão do protocolo dessas cirurgias, para diminuir o tempo de espera por elas. A previsão é que na primeira semana do mês de fevereiro sejam iniciadas as cirurgias deste ano de 2016.
Tipos de cirurgias de estômagos autorizadas
Atualmente, a cirurgia bariátrica é considerada o método mais eficaz no tratamento da obesidade que resulta em uma grande e duradoura perda de peso. Dietas e outros programas demonstraram resultados pouco eficientes em longo prazo, devido à incapacidade desses métodos em manter a perda de peso.
De acordo com o doutor Gutemberg Araújo, médico cirurgião realizador da cirurgia bariátrica desde o ano de 2001, no Hospital Universitário da UFMA, atualmente, são quatro as cirurgias de redução de peso regulamentadas pelo Conselho Federal de Medicina e autorizadas pelo Ministério da Saúde em todo o Brasil. “A cirurgia de banda gástrica ajustável, que consiste em uma presilha ao redor do estomago, hoje está praticamente afastada por conta dos efeitos colaterais indesejáveis, sendo recomendada apenas em casos específicos. Outra é a famosa Cirurgia de Redução do Estomago, já realizada há 30 anos. O procedimento é capaz de reduzir um estômago de 1.500ml em um com capacidade de 30ml. De 2010 pra cá, foi autorizada a gastrectomia vertical ou eslive gástrico, na qual se recorta grande parte do estômago, reduzindo-o a uma capacidade de 100ml a 120ml. Uma cirurgia fisiológica bastante realizada em todo o mundo. E além dessas, a cirurgia da Switch Duodenal’, que desabsolve o alimento, técnica mais utilizada no Sul do país”, explicou o médico.
De acordo com o cirurgião Gutemberg Araújo, já existe um Projeto do Hospital Universitário que visa incluir em parte a cirurgia por Videolaparoscopia. Procedimento menos evasivo de grande eficiência no quesito recuperação do paciente, comparada às já realizadas no HU, que custam em torno de R$ 2.500 por paciente. A cirurgia feita através do vídeo custa em média R$ 10.000, porém, os benefícios para o paciente operado são justificáveis.
As realizadas atualmente são a Redução do Estômago e a Gastrectomia Vertical. Consistem em cirurgias bariátricas metabólicas que promovem não apenas a redução de peso, mas também a cura de doenças relativas à obesidade, principalmente o diabetes e a hipertensão. São indicadas para quem tem o IMC acima de 40Kl. Ou pacientes com IMC maior que 35 kg/m² e afetados por comorbidades que ameacem a vida.

Riscos da cirurgia

A cirurgia bariátrica é um procedimento de alta complexidade que tem em média duas horas de duração. Possui riscos, como fistulas, infecção e problemas pulmonares. Mas a taxa de mortalidade é relativamente baixa, em cerca de meio por cento. Para o doutor Gutemberg Araújo, é importante evitar a banalização da cirurgia bariátrica. “As pessoas não querem mais emagrecer, querem ser emagrecidas e não tentam mais uma dieta ou uma reeducação alimentar através de mudanças de hábitos, assim como a falta de atividades físicas’’. Outro comportamento grave é de pessoas que engordam para fazer a cirurgia.

Pacientes que voltam a engordar

De acordo com o cirurgião, a taxa atual de pacientes com reganho de peso é de 25% a 30 %, em longo prazo, acima de 5 a 10 anos. Geralmente, devido ao deslize do próprio paciente, incluindo a falha no preparo e acompanhamento do mesmo. Podendo o já operado recuperar totalmente o peso perdido com a cirurgia.

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