CORRUPÇÃO

Depoimentos apontam pagamento de propina no Palácio dos Leões

Declarações revelam que o emissário de Alberto Youssef, Rafael Ângulo, entregava propina ao ex-secretário João Abreu dentro do Palácio dos Leões

Os depoimentos prestados à Polícia Federal e à Polícia Civil pelos principais emissários do homem que virou o pivô da Operação Lava-Jato apontam que o ex-secretário-chefe da Casa Civil do governo Roseana Sarney teria recebido, no Palácio dos Leões, três parcelas que totalizam R$ 3 milhões por emissários do doleiro Alberto Youssef. João Abreu se entregou à polícia na tarde da última sexta-feira, no aeroporto de São Luís.
Segundo o relatório do depoimento, Rafael Ângulo diz que fez várias viagens com destino a São Luís, a mando de Youssef, transportando dinheiro colado ao próprio corpo com meias de pressão. Ângulo conta que esteve em São Luís por duas vezes para “fazer a entrega, ao secretário João Abreu, de dinheiro enviado por Youssef, carregado no próprio corpo. Informou que o fez no Palácio dos Leões, diretamente ao secretário, na sala dele, por determinação e sob as instruções de Youssef”.
Os depoimentos dos principais envolvidos no esquema de corrupção que foi desvendado em abril de 2014, quando Roseana Sarney ainda era governadora do Maranhão, mostram que, para efetivar um acordo entre o governo do estado e a empresa Constran para o pagamento de uma dívida de precatório referente aos anos de 1980, o ex-secretário João Abreu teria recebido R$ 3 milhões como propina paga pelo doleiro. Os pagamentos foram efetuados nas viagens feitas por Rafael Ângulo.
Braço direito de Youssef, Ângulo conta em seu depoimento detalhes sobre o Palácio dos Leões e a sala em que entregava o dinheiro a João Abreu. Às polícias Federal e Civil, ele revelou “detalhes do interior do prédio (Palácio dos Leões), que é de acesso restrito, e do caminho até a sala do secretário”, o que, segundo os delegados responsáveis pela condução do processo, “confere grande verossimilhança às suas declarações”.
Junto a ele, atuava Adarico Negromonte, ambos responsáveis pelas viagens de “negócios” do doleiro para efetuar as entregas que eram combinadas em reuniões capitaneadas por Youssef. Os depoimentos confirmam que “ambos levaram, em cada uma dessas ocasiões, R$ 800 mil acondicionados em seus próprios corpos. As viagens e esses pagamentos, realizados diretamente a João Abreu, foram revelados pelos próprios Youssef (à Polícia Federal e à Polícia Civil), Rafael Ângulo e Adarico”.
Em seus depoimentos, os delatores contam que levavam o dinheiro do hotel para a Casa Civil em malas. A versão foi confirmada pelo doleiro, ao informar que na noite anterior à sua prisão, deixou uma mala contendo R$ 1,4 milhão referente à última parcela do “acordo” feito com ex-secretário de Roseana Sarney para que esta fosse entregue por “Marcão” a João Abreu na manhã seguinte. João Abreu, em seu depoimento, confirma que Marco Antonio esteve no Palácio dos Leões para reunir-se na Casa Civil e que ambos aguardavam Youssef.
E foi nessa viagem, nesse dia, que ocorreu a prisão de Alberto Youssef, num hotel de luxo da capital maranhense, situação em que estava acompanhado por Marco Antonio Zieghest. Conhecido por “Marcão”, ele foi o elo entre Youssef e João Abreu para o início das tratativas para o pagamento do precatório – que somava R$ 113 milhões. O acordo para pagamento da dívida que já corria há 20 anos aconteceu em tempo recorde, três meses, a partir de negociação entre Youssef, o chefe da Casa Civil e a Procuradoria Geral do Estado.
A investigação iniciada pela Polícia Federal do Paraná e que culminou na prisão do doleiro Alberto Youssef em São Luís teve nesta semana mais uma etapa concluída com a decretação da prisão de João Abreu, Alberto Youssef, Marco Antonio Zieghest e Rafael Ângulo, por meio de decisão proferida pela 1ª Vara do Tribunal do Júri.
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