O Ministério da Saúde (MS) em parceria com as secretarias estaduais e municipais da saúde de todo o Brasil continua, em 2015, o incentivo à vacinação contra o Papilomavírus humano (HPV), doença sexualmente transmissível (DST). A vacina contra o HPV está disponível, durante todo o ano, nos postos de saúde municipais. Em agosto, será feito mais um incentivo à vacinação. O HPV é responsável por 70% dos casos de câncer de colo de útero.
O HPV é o nome genérico de um grupo que engloba mais de cem tipos diferentes de vírus. Pode provocar a formação de verrugas na pele e nas regiões oral (lábios, boca, cordas vocais, etc.), anal, genital e da uretra. As lesões genitais podem ser de alto risco, porque ocasionam tumores malignos, especialmente do câncer do colo do útero, e de baixo risco (não relacionadas ao aparecimento de câncer). Tomar a vacina na adolescência é o primeiro de uma série de cuidados que a mulher deve adotar para a prevenção do HPV e do câncer do colo do útero.
Em março de 2014, teve início o incentivo nacional para a vacinação contra o HPV. A vacina quadrivalente, é ofertada pelo SUS e confere proteção contra quatro subtipos do vírus HPV (6, 11, 16 e 18), com 98% de eficácia em quem segue corretamente o esquema vacinal. Os subtipos 16 e 18 são responsáveis por cerca de 70% dos casos de câncer do colo do útero em todo mundo e os subtipos 6 e 11 por 90% das verrugas anogenitais.
A expectativa do MS é vacinar, este ano, 80% do público alvo, ou seja, 4,94 milhões de meninas na faixa etária entre 9 e 11 anos de idade. Junto com o grupo de adolescentes de 11 a 13 anos vacinadas no ano passado, essa pode ser a primeira geração praticamente livre do risco de morrer de câncer do colo do útero.
A coordenadora Estadual de Imunização, Helena Almeida, explica que a vacina está na rotina de incentivo à imunização e que a faixa etária influencia em sua eficácia. “A idade em que a imunização se torna mais eficaz é na fase estabelecida, pois estratégias de vacinação demonstraram que a época ideal para administração de qualquer vacina é antes da exposição à infecção. O HPV é uma doença séria, por isso que pedimos aos pais que tem filhas que não fizeram a primeira dose da vacina, ou não tomaram a segunda dose, que procurem um posto de vacinação”, explica a coordenadora Estadual de Imunização, Helena Almeida.
Outro motivo para vacinação nessa faixa etária é a excelente resposta imunológica verificada em pré-adolescentes menores de 15 anos. O pico de anticorpos foi verificado em meninos e meninas de 9 a 13 anos de idade, justamente a faixa etária – alvo dos programas de vacinação para o HPV.
Segundo pesquisa realizada pelo MS, uma das causas da diminuição no percentual de jovens vacinadas na segunda dose da campanha, em todo o país, foi por motivos religiosos. Na opinião de alguns pais, vacinar nessa faixa etária seria como induzir a criança a iniciar a vida sexual mais cedo.
O pastor evangélico, José Luís Soares, orienta que o procedimento de vacinação não se caracteriza como um incentivo a atividade sexual, e representa um cuidado dos pais com a saúde dos filhos. “É importante que haja uma conscientização sobre o mal que representa o HPV. Sabemos que esse vírus tem atingido mulheres de várias faixas etárias. Não vejo a vacinação como risco de conduzir as meninas à prática sexual e, sim, a despertar nelas, o cuidado com a prevenção, o que representa que futuramente, no tempo certo, estarão protegidas, e a saúde do Brasil estará em uma situação melhor”, afirmou o religioso.
Para a servidora pública Sheila Silva, mãe de Ana Carolina de 13 anos, a vacina é muito importante no sentido da prevenção de uma doença que pode levar ao câncer de colo do útero. “Sou evangélica, mas, acima de tudo, sou a favor da vida. Nunca poderia privar minha filha de uma vacina que só traz a segurança de uma vida mais saudável”, destacou a mãe.
No ano passado, o Maranhão atingiu na cobertura da primeira dose da vacina 99,70%. No entanto, na segunda dose, a cobertura caiu para 63,47% do público alvo vacinado, segundo o Programa Nacional de Imunizações (PNI). A diminuição da cobertura da segunda dose em relação à primeira se deu em todo o Brasil.
A vacina contra o HPV é feita em três doses e a imunização só é garantida após completar as etapas de vacinação. Após tomar a primeira, a segunda dose é realizada após seis meses e, a terceira, cinco anos após a primeira dose. “O Ministério da Saúde aprimorou o que chamamos de esquema estendido. Para o HPV não existe campanha, e sim estratégias, como o mês de vacinação nas escolas, tentando vacinar o máximo possível de meninas nas faixas etárias indicadas”, explicou a coordenadora de Imunização, Helena Almeida.
Em março deste ano, houve mais um mês de incentivo, em todo o Brasil, para vacinação da primeira dose. No Brasil, a cobertura foi de 47,96%. No Estado do Maranhão, o alcance para vacinação chegou a 47,04%. E em São Luís, o alcance foi de 29,17%.
Este ano também serão vacinadas, além das meninas de 9 a 11 anos, 33,5 mil mulheres de 9 a 26 anos que vivem com HIV, devido à probabilidade cinco vezes maior de desenvolver câncer no colo do útero do que a população em geral. A inclusão do grupo como prioritário para a prevenção segue recomendação da Organização Mundial da Saúde (OMS), do Comitê Técnico Assessor de Imunizações (CTAI) do Programa Nacional de Imunizações (PNI), em conformidade com o Departamento de DST/AIDS e Hepatites Virais.
A partir do dia 15, deste mesmo mês, iniciará também a 36ª Campanha Nacional de Vacinação contra a Poliomielite e ainda a Campanha de Multivacinação, para crianças entre seis meses e cinco anos de idade. A meta é alcançar cobertura maior ou igual a 95% em todos os estados.
Câncer de Colo Do Útero
O câncer de colo do útero é o terceiro tipo da doença que mais mata mulheres no Brasil, atrás apenas do câncer de mama e de pulmões. O número de mortes por câncer do colo do útero no país aumentou 28,6% em dez anos, passando de 4.091 óbitos, em 2002, para 5.264, em 2012, de acordo com o Atlas de Mortalidade por Câncer no Brasil, publicação do Ministério da Saúde e do Instituto Nacional do Câncer (Inca).
O Ministério da Saúde orienta que mulheres na faixa etária dos 25 aos 64 anos façam o exame preventivo, o Papanicolau, a cada três anos, após dois exames anuais consecutivos negativos.