Mais de mil internos do sistema prisional do Maranhão já estão incluídos nos projetos de capacitação profissional do Governo do Estado. A inserção expressiva de apenados nas oficinas de preparação para o mercado de trabalho é coordenada pela Secretaria de Estado da Administração Penitenciária (Sejap), e resultado da intensificação do programa de qualificação para os encarcerados, proposta desde janeiro pelo governador Flávio Dino.
“Temos, ao todo, 1.093 detentos desenvolvendo algum tipo de atividade profissional ou educacional, proposta pela pasta, em todo o estado. São projetos, oficinas, cursos e trabalhos manuais que acontecem diariamente nas unidades prisionais. O foco do governo Flávio Dino é humanizar o sistema prisional, e essa humanização está intrinsecamente ligada à qualificação profissional dos apenados”, adiantou o secretário Murilo Andrade de Oliveira.
A maior parte dos contemplados, 65%, está custodiada no interior do estado. São 710 detentos participando diariamente das atividades voltadas para o mercado de trabalho. Em São Luís são 383 internos participando das oficinas de capacitação profissional, nos 12 estabelecimentos penais da região metropolitana, incluindo os presos de justiça internados no Hospital Nina Rodrigues. Destes, 195 estão no Complexo Penitenciário de Pedrinhas.
De acordo com a subsecretária da Sejap, o alcance do número de internos engajados na capacitação profissional é fruto do compromisso demonstrado pelo governador Flávio Dino. “O Governo do Estado tem desenvolvido ações com a finalidade de reduzir a ociosidade em todas as unidades prisionais. Muito ainda precisa ser feito, é verdade, mas já temos quase 1/4 da população carcerária trabalhando ou estudando”, lembra Camila Neves.
Oficinas
Dentro do cárcere, os apenados podem ainda optar por uma variedade de oficinas, conforme suas habilidades. Artesanato, limpeza e conservação das unidades, cultivo de hortas, manutenção da estrutura dos estabelecimentos carcerários, trabalhos externos e cursos educacionais são algumas dessas ações ofertadas pelo governo estadual. Na Sejap, uma equipe multidisciplinar sabe bem o quanto essa diversidade é importante para o preso.
“Os internos são selecionados conforme a aptidão de cada um. Depois disso, eles são devidamente qualificados dentro da área de interesse. A proposta é fazer com que eles tenham uma ocupação, um ofício, para que quando concluírem suas sentenças, voltem ao convívio social, com uma possibilidade para sustentar suas famílias de forma digna, dentro do mercado de trabalho”, frisou a supervisora de Trabalho e Renda da Sejap, GrazielleBacellar.
Na capital, por exemplo, uma das oficinas de destaque é o projeto “Alinhando Vidas”, que ocorre na Unidade Prisional de Ressocialização (UPR) do Olho d’Água, e que tem beneficiado dez detentos de lá. Nesse projeto os internos confeccionam roupas e fazem a aplicação de retalhos de panos em tecidos e toalhas. Para incentivar a permanência dos apenados na ação, foi feita pela Sejap a aquisição de quatro máquinas de costura para o trabalho.
Um dos participantes do projeto, o detento Raimundo Nonato Oliveira, de 28 anos, falou sobre o envolvimento dele com a iniciativa. “Eu, antes de ser preso, já trabalhava com pintura em tecido; e continuar esse trabalho enquanto cumpro minha pena é muito válido para meu aprendizado e profissionalismo”, relatou o interno, que também admira o empenho dos colegas de cela em outra oficina, o Curso de Segurança no Trabalho.
Promovido pela Supervisão de Trabalho e Renda, em parceria com a empresa MDal Consultoria e Serviços, o curso capacita egressos, familiares de apenados e internos do sistema no mercado de trabalho. A proposta tem sido exitosa e, em sua 3° edição, o curso já qualificou mais de 40 alunos, que agora têm orientações sobre o uso correto de Equipamentos de Proteção Individual (EPI’s), e procedimentos de prevenção de acidentes.
A oficina de confecção de tapeçaria e almofadas é outra ação que tem garantido a profissionalização de detentos. Os trabalhos, além de proporcionarem qualificação profissional, contribuem para a diminuição da ociosidade nos estabelecimentos penais. Essa ação contempla um total de 10 apenados. “Pouco a pouco, estamos avançando. As prioridades do sistema prisional são muitas, e o trabalho é uma delas”, concluiu o secretário da Sejap.
Mais
Um levantamento feito pela Supervisão de Trabalho e Renda detalha quantos e em quais ações cada interno está envolvido. Com oficinas de artesanato nas unidades do Maranhão, por exemplo, são 428 detentos participando. No trabalho de limpeza e conservação das unidades são 344 apenados envolvidos. O quantitativo mostra ainda o total de presos que trabalham com o cultivo de hortaliças: 49 internos ao todo. Em trabalho externo, a Sejap possui 183 custodiados.