POLÍTICA MUNDIAL

‘Governo ameaça trazer conflito do Oriente Médio ao Brasil’, afirmam Dino, Haddad e Boulos

Em texto conjunto, Flávio Dino, Haddad, Boulos, Sônia Guajajara e Coutinho atentaram para o perigo da aproximação do Brasil com os EUA e Israel. Bolsonaro está em Israel desde domingo (31) firmando cooperação com o primeiro-ministro

Reunião de Bolsonaro com Netanyahu. Foto: Ammar Awad/Reuters

A disparada política externa destrói a imagem do Brasil no mundo. Ameaça trazer o conflito do Oriente Médio para as nossas fronteiras“, diz um trecho do texto escrito por Flávio Dino, Fernando Haddad, Guilherme Boulos, Sônia Guajajara e Ricardo Coutinho, publicado nesta segunda-feira (1ª) na Folha de S. Paulo. Os líderes se reuniram na manhã da última terça (26) em Brasília, onde escreveram um manifesto contra a comemoração do golpe de 64.

O Brasil, que possuía desde o governo de Fernando Henrique Cardoso um posicionamento pacífico em relação aos conflitos do Oriente Médio, traz com o novo Governo uma guinada a favor de Israel. Desde domingo (31), Bolsonaro está no país para se reunir com o primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, em Jerusalém.

As discussões, segundo ele, girarão em torno de áreas da ciência, tecnologia e defesa, entre outros. “Ótimas expectativas. Israel é uma nação amiga e juntos temos muito a somar”, declara o presidente brasileiro. Além disso, nesta segunda, Bolsonaro irá condecorar as equipes israelenses que deram auxílio no crime ambiental de Brumadinho.

Segundo a historiadora Arlene Clemesha, professora de História Árabe da USP (Universidade de São Paulo), a aproximação com os Estados Unidos, Israel e Arábia Saudita nas ONU isola o Brasil na comunidade internacional. Ela explica que o recente posicionamento brasileiro a favor da ocupação israelense no território palestino Colinas de Golã, assim como a mudança da embaixada de Tel Aviv para Jerusalém, desagrada vários países do Oriente Médio.

Ainda segundo esta aproximação e outras polêmicas recentes do Governo, Dino, Haddad, Boulos, Sônia e Coutinho prosseguem afirmando que a atual política externa “atenta contra a política dos nossos vizinhos. Coloca em risco nossas empresas e nossos empregos. O mundo assiste perplexo à diplomacia presidencial se transformar na submissão dos interesses econômicos do Brasil a outros países, notadamente os Estados Unidos”.

Haddad, Boulos, Sônia, Dino e Coutinho. Foto: Magno Romero

Polêmicas do Governo Federal

“Gerar conflitos passou a ser conteúdo e é a única forma de governar. Criam-se inimigos o tempo inteiro para dividir o país e, com isso, supostamente sustentar o governo. Invoca-se uma nova política cujos desígnios são inspirados por um falso filósofo que se abriga no exterior. Nesse esforço de criar confusões, não se mede nenhuma consequência”, dizem os seis políticos, ainda no texto.

Foto: Reprodução

Sobre as polêmicas envolvendo posicionamentos de Jair Bolsonaro a favor da Ditadura Militar no Brasil, eles reforçam: “nenhuma ditadura serve mais no Brasil. Acreditamos que a imensa maioria dos militares sabe disso. Pena que exatamente o presidente da República esteja em contradição com a nossa Constituição”.

 

 

 

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