ESPERANÇA

Pesquisadores divulgam avanços em pesquisas utilizando lítio para tratar Alzheimer

Esse estudo começou depois que a médica Marielza Nunes, observou melhora na memória de idosos que tomavam lítio como complemento alimenta

Reprodução

Uma recente pesquisa, desenvolvida no Brasil, em colaboração com cientistas estadunidenses, mostra avanços em pesquisas utilizando lítio no tratamento de idosos com Alzheimer. Novos resultados de experimentos feitos em células cerebrais humanas e em camundongos apontam que o medicamento retarda o envelhecimento celular, um dos fatores relacionados a essa e outras doenças neurodegenerativas.

Trabalhos anteriores do grupo já haviam demonstrado que, quando administrado em doses muito pequenas, o metal ajuda na manutenção da memória de idosos com Alzheimer. O lítio também é usado como estabilizador de humor para pacientes com transtorno bipolar e depressão. O estudo contou com apoio da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp).

A pesquisadora Tânia Viel, professora da Escola de Artes, Ciências e Humanidades da Universidade de São Paulo (USP), testou o efeito do medicamento em células cerebrais humanas. Parte da amostra, à medida que sofria envelhecimento celular natural, era tratada com lítio, enquanto a outra não recebia nenhum tratamento. A pesquisadora revelou que o envelhecimento foi bastante reduzido nas amostras que receberam o lítio.

Em outro teste, os cientistas observaram o efeito do metal em camundongos à medida que envelheciam. Ainda segundo Tânia Viel, os animais tratados com lítio desde pequenos mantiveram toda a formação da memória.

Esses resultados confirmam estudos clínicos feitos anteriormente com um grupo de pacientes idosos diagnosticados com Alzheimer. Metade deles recebeu microdoses de lítio, de 1,5 miligrama por dia. Para pacientes com transtorno bipolar, por exemplo, a dosagem é de pelo menos 60 miligramas. Os demais voluntários tomaram placebo, ou seja, não tinham acesso ao remédio, mas achavam que estavam medicados. Os idosos foram acompanhados durante um ano e meio. De acordo com os pesquisadores, partir do terceiro mês, a memória dos pacientes tratados com lítio estabilizou. No outro grupo, o desempenho foi decaindo. O tratamento foi mantido por mais um tempo, para que se tivesse certeza do efeito observado.

Esse estudo começou depois que a médica Marielza Nunes, que integra o grupo de pesquisadores, observou melhora na memória de idosos que tomavam microdoses de lítio como complemento alimentar. Alguns metais podem ser receitados também para suprir deficiências nutricionais.

Tânia destaca que os estudos avançam cada vez mais em evidências da eficácia do lítio para impedir o envelhecimento de células cerebrais. A pesquisadora alerta, porém, que só quem pode realmente receitar o lítio para os idosos são os médicos. O que o grupo de cientistas tem feito é dar subsídios para que a classe médica possa um dia indicar o lítio para os idosos. A professora se mostrou esperançosa quanto aos resultados da pesquisa, que pode ser um caminho para estabilização do Alzheimer, ou até reversão, dependendo dos próximos passos.

Os testes continuam com outros modelos celulares e novos testes em pacientes. Posteriormente, grupos de idosos com e sem a doença serão acompanhados para observar a diferença entre eles. A ideia é entender quais são os agentes protetores do cérebro de idosos saudáveis.

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