BASE DE ALCÂNTARA

Lançamento de foguete no CLA gera expectativa

Esta é a primeira vez que uma empresa privada enviará um foguete ao espaço a partir do Centro de Lançamento de Alcântara, no Maranhão.

Base de Alcântara no Maranhão. (Foto: Divulgação)

Nos próximos dias está previsto para ocorrer o lançamento de um foguete da empresa INNOSPACE, da Coreia do Sul, Centro de Lançamento de Alcântara (CLA).

O foguete, que chegou a São Luís no último dia 3, pesa 8,5 toneladas  transportado a bordo de um voo fretado feito por uma aeronave cargueira Boeing 747-400F, com capacidade de aproximadamente 130 toneladas.

A operação inédita feita pela AGS representa um marco histórico nas atividades com cargas no aeroporto do Maranhão, administrado pela CCR Aeroportos. Para realizar o transporte rodoviário do Aeroporto de São Luís até o Centro de Lançamento de Alcântara, o Operador utilizou duas carretas.

A operação da empresa em  Alcântara, no Maranhão, tem caráter experimental e o objetivo da empresa, que será a primeira empresa privada a lançar um foguete a partir da base brasileira, é realizar o envio de seus satélites em centros de lançamento ao redor do mundo com custos mais acessíveis.

O deputado federal Pedro Lucas Fernandes falou a O Imparcial, sobre a importância desse lançamento. Segundo ele, desde o primeiro ano de mandato, em 2019, tem atuado em prol do CLA. Ele propôs a criação e é presidente da Frente Parlamentar pela Modernização do Centro de Lançamento de Alcântara.

Pedro Lucas. (Arquivo Pessoal)

Também em 2019, ele foi  autor do requerimento que acelerou a votação e aprovação na Câmara Federal do Acordo de Salvaguardas Tecnológicas (AST), o que permitiu que algumas empresas estrangeiras firmassem acordo com a Força Aérea Brasileira para  uso do CLA. 

“É histórico e animador o primeiro lançamento feito por uma empresa privada no Centro de Lançamento de Alcântara (CLA). Estamos diante da entrada do CLA no mercado privado aeroespacial. A concretização desse grande projeto que foi interrompido há mais de 20 anos é importante porque insere o país nesse mercado, torna o CLA atrativo para o uso comercial e fomenta o desenvolvimento tecnológico aeroespacial nacional”, disse o deputado.

Sobre o que representa esse uso comercial do CLA, Pedro Lucas falou da importância não só para a cidade de Alcântara, mas também para o estado e para o país, uma vez que a futura expansão comercial do CLA vai fomentar uma cadeia de economia que vai reverberar para o país também. 

“O CLA, que tem uma das melhores localizações do mundo para lançamento, pode tornar possível o fomento do desenvolvimento tecnológico aeroespacial do Brasil. É importante que o uso comercial do CLA, traga melhorias sociais e econômicas para as comunidades locais, por isso, propus o Projeto de Lei 245/2019 que cria o Fundo de Desenvolvimento das Comunidades Carentes e Quilombolas de Alcântara. O objetivo do projeto é garantir que parte dos recursos advindos do uso comercial sejam destinados para ações das comunidades no entorno”, disse.

O acordo de Salvaguardas

De acordo com publicação da Força Aérea Brasileira, desde a assinatura e ratificação do Acordo de Salvaguardas Tecnológicas (AST) entre o Brasil e os EUA, em 2019, e as políticas públicas desenvolvidas pelo Ministério Ciência, Tecnologia e Inovações (MCTI), foi possível, em maio de 2020, possível realizar o 1º Chamamento Público para identificar o interesse privado na utilização do Centro Espacial de Alcântara (CEA) para lançamentos de veículos espaciais. 

Ainda em 2020, a Agência Espacial Brasileira, vinculada ao MCTI, revisou os normativos de licenciamento espacial e avaliou alguns pedidos de empresas, tendo publicado 4 licenças de operador até fevereiro de 2021.

“Em 2022, a Innospace, startup espacial sul-coreana para pequenos veículos lançadores, assinou um acordo com o Departamento Brasileiro de Ciência e Tecnologia Aeroespacial (DCTA) para lançar o SISNAV, um projeto de sistema de navegação inercial apoiados pela Financiadora de Estudos e Projetos do governo brasileiro (FINEP) e Agência Espacial Brasileira (AEB). Naquele momento, a empresa informou que estava desenvolvendo o HANBIT, um pequeno lançador de satélites movido por seus motores de foguete híbridos, e o primeiro voo de teste do HANBIT-TLV era programado para o quarto trimestre de 2022, no Centro de Lançamento de Alcântara, um local de lançamento equatorial. Será o primeiro voo de teste suborbital para validar o motor de primeiro estágio do HANBIT-Nano, que é um pequeno lançador de satélites de dois estágios, capaz de transportar uma carga útil de 50 kg. Com este acordo, a Innospace espera poder verificar a capacidade de desempenho do veículo lançador e obter reconhecimento no setor aeroespacial, lançando a carga útil em um voo de teste. O HANBIT-TLV levará a bordo a carga SISNAV, um sistema de navegação inercial que está sendo desenvolvido pelo DCTA e outras instituições”, publicou o órgão, em sua página oficial na Internet.

O Centro Espacial de Alcântara, segundo a FAB, é  considerado um dos melhores locais de lançamento, “pois não há tráfego marítimo ou aéreo próximo e pode garantir segurança e proteção, pois está localizado longe de área residencial. Com o Centro de Lançamento de Alcântara garantido para o local de lançamento comercial com base neste contrato, a Innospace planeja procurar clientes para lançamento de satélites baseados na América do Sul, o que é geograficamente vantajoso”.

Pedimos a previsão de lançamento do foguete para o CLA, mas até o momento do fechamento desta matéria não obtivemos resposta.

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