O clima mudou – e as infecções também; saiba quais doenças e proliferam com as alterações climáticas
Para entender melhor, O Imparcial conversou com a médica infectologista Dra. Maria dos Remédios sobre os principais meios de prevenção.

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Infectologia é a área da medicina responsável pelo diagnóstico, tratamento e prevenção contra doenças infecciosas, que podem ser causadas por organismos como vírus, bactérias ou fungos. O médico infectologista pode atuar atendendo pacientes diretamente, ou na vigilância de infecções hospitalares, prevenindo possíveis surtos nesses ambientes.
Durante a pandemia de Covid-19, o trabalho dos Infectologistas foi essencial na condução do combate contra a doença. Em um contexto pós-pandêmico, a atuação destes profissionais continua fundamental: as frequentes alterações climáticas (como chuvas intensas, ondas de calor e mudanças na temperatura) facilitam a intensificação da transmissão dessas doenças.
Para entender melhor, O Imparcial conversou com a médica infectologista Dra. Maria dos Remédios, que falou sobre a relação entre as alterações climáticas na proliferação de infecções, o atual panorama de doenças infecciosas, e os meios mais eficazes de prevenção.
PAINEL DE INFECÇÕES
No Maranhão, segundo o último Boletim de Arboviroses do Ministério da Saúde com dados do primeiro trimestre de 2025, a quantidade de casos suspeitos foi de 2.700 para a Dengue, enquanto doenças como Zika e Chikungunya apresentaram a totalidade de 75 e 182, respectivamente. Causadas pelo mosquito Aedes Aegypti, essas enfermidades costumam ter maior intensidade nos períodos de chuva, quando a água parada suscita a reprodução do inseto. Além destas, doenças respiratórias virais como gripe, Covid-19 e Vírus Sincicial também tendem a aumentar durante o período chuvoso, devido à maior aglomeração de pessoas em locais fechados.
De acordo com a Dra. Maria dos Remédios, “as mudanças climáticas podem favorecer o surgimento de novos vírus ou a circulação de novos vírus, com preocupação especial para as doenças virais de transmissão vetorial como febre de mayaro e febre de oropouche.” Ela acrescenta: Os eventos climáticos extremos podem desencadear as enchentes, por exemplo, propiciando a transmissão da leptospirose.”

Além das alterações climáticas, o desmatamento também é outra preocupação crescente para a Infectologia. Com a ampla retirada da cobertura vegetal na região amazônica, é maior o risco de disseminação de patologias antes restritas à vida selvagem, afinal, o desmatamento pode levar ao aparecimento de novos vírus.
Para além das doenças associadas ao clima e meio ambiente, é preciso manter atenção às demais infecções virais: “Nos últimos anos vale destacar o aumento da detecção de casos de HIV/AIDS entre jovens, mulheres e pessoas com baixa escolaridade”, alerta a infectologista.
PREVENÇÃO
Entre as formas de prevenção contra doenças infecciosas, estão:
- Manter hábitos de higiene frequentes;
- Evitar o contato com pessoas doentes;
- Não compartilhar objetos de uso pessoal;
- Usar preservativo em todas as relações sexuais;
- Descartar corretamente o lixo;
- Eliminar focos de água parada;
A vacinação segue como principal meio de prevenção contra doenças, especialmente, devido ao seu impacto na diminuição da mortalidade e no aumento da expectativa de vida. Dra. Maria dos Remédios explica: “Ainda que a doença não exista mais no nosso país, como sarampo e poliomielite, elas podem ser reintroduzidas. Assim, é necessário continuar a vacinação.”
Ela complementa, ainda, que a vacina é como uma medicação, que pode ter efeitos adversos. No entanto, quando o Ministério da Saúde recomenda uma vacina, está ponderando sobre os riscos e benefícios da doença e da imunização. A queda das coberturas vacinais pode levar ao reaparecimento de doenças controladas ou erradicadas.
Por fim, Maria dos Remédios conclui: “É necessário melhorar a vigilância epidemiológica no país para conhecermos melhor a situação das doenças de notificação compulsória, assim como para que possamos detectar precocemente a existência de uma nova doença.”