GORDOFOBIA

Como uma fala pode machucar

Situações que na menor das consequências, pode causar constrangimento, e na pior, pode gerar problemas graves de saúde mental, e até mesmo o suicídio.

“A obesidade é uma doença crônica e incurável e essa população merece respeito e acolhimento", diz o médico Fábio Viegas. (Foto: Reprodução)

Um olhar mais demorado, um risinho, um comentário com segundas intenções, uma brincadeira semelhante a uma indireta… Quem tem o peso “fora dos padrões” constantemente se vê às voltas com situações desse tipo. Situações que na menor das consequências, pode causar constrangimento, e na pior, pode gerar problemas graves de saúde mental, e até mesmo o suicídio.

Esta semana, uma fala do presidente Lula durante o relançamento do Pronasci (Programa Nacional de Segurança com Cidadania) provocaram um riso de constrangimento no ministro Flávio Dino. Lula disse. “A obesidade causa tanto mal quanto a fome. Por isso que o Flávio Dino tem que estar andando de bicicleta porque ele sabe que vai precisar que o estado cuide com muito carinho desse mal. Então, eu queria dizer para você, Flávio Dino, que se depender da vontade do presidente da República, não faltará recursos para implantar o Pronasci na sua plenitude”, disse o presidente Lula ao discursar.

A fala gerou polêmica. Muitas reações apontaram que a fala do presidente foi gordofóbica, que se trata da pessoa que pratica a gordofobia. De acordo com a Sociedade Brasileira de Cirurgia Bariátrica e Metabólica (SBCBM), gordofobia é um neologismo criado para indicar o preconceito de pessoas que julgam o excesso de peso e a obesidade como um fator que mereça seu desprezo.

A instituição defende que o estigma contra essa população deve ser combatido com informação. “A obesidade é uma doença crônica e incurável e essa população merece respeito e acolhimento. O estigma e a discriminação pelo peso não podem ser tolerados em sociedades modernas”, afirma o médico Fábio Viegas.

Uma em cada 5 pessoas está acima do peso

No Brasil, uma em cada cinco pessoas está com sobrepeso ou obesidade segundo dados do Ministério da Saúde.

A projeção da Organização Mundial da Saúde (OMS) é que cerca de 2,3 bilhões de pessoas estejam acima do peso, sendo 700 milhões obesas, até 2025. 

E até 2030 estima-se que 30% da população adulta brasileira viverá com obesidade.

A psicóloga clínica Celiane Oliveira reforça que a gordofobia é um preconceito que afeta diretamente o estado emocional e a forma como aquela pessoa se enxerga no mundo.

“Esses comentários referentes ao peso passam facilmente por bullying, ou seja, julgar o outro pelo excesso de peso, ou julgar o outro por não ser aquilo que talvez você imaginava ou gostaria que ele fosse. No momento em que você age assim diante do outro, você está gerando ali um impacto muito grande sobre as suas questões emocionais, porque a obesidade é considerada um problema de saúde sim, mas também traz no individuo inúmeras repercussões, tanto de problema físico, quanto como também emocional. E quando eu julgo essa condição do outro, como alguém de fora que não conhece, não entende essa dor, não sabe o que aquela pessoa passa, eu estou infringindo um ponto ali muito importante que é essa subjetividade. Então, isso favorece que o outro desenvolva questões de problemas de saúde mental, ansiedade, problema na autoestima, dificuldade de sair de casa, isolamento, não querer aparecer por medo, vergonha de comentários como esses”, disse a psicóloga.

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