Janeiro Branco

Desequilíbrio mental pode levar ao suicídio

A campanha do Janeiro Branco tem como tema deste ano “A Vida pede Equilíbrio”.

(Foto: Reprodução)

O Janeiro Branco é um movimento social dedicado à construção de uma cultura da Saúde Mental na humanidade. A vida pede equilíbrio diante de mudanças cada vez mais desafiadoras e aceleradas que exigem novas atitudes, novas habilidades, novos entendimentos e novos comportamentos!

Neste momento em que a vida da pessoa fica exposta nas redes sociais através de posts, matérias de sites e comentários, que muitas vezes são maldosos, vai depender de cada um saber como absolver este conteúdo, principalmente quem é o alvo.

Neste ano de 2023, a campanha do Janeiro Branco tem como tema “A Vida pede Equilíbrio”, principalmente por conta da exposição e ódio destilado nas redes sociais, que pode levar ao extremo, como tirar a própria vida.

O ódio na internet pode levar a morte

Em agosto de 2021, o adolescente Lucas Santos, de apenas 16 anos, filho da cantora Walkyria Santos, teve que lidar com comentários negativos a respeito de um vídeo postado em um aplicativo. Vítima da violência virtual, do ódio na internet, ele acabou tirando a própria vida.

Walkyria Santos e filho. (Foto: Reprodução)

A morte do garoto joga luz sobre a necessidade de se refletir sobre um problema sério: o suicídio, que é a segunda causa de morte entre jovens entre 15 e 29 anos, só perdendo para acidentes de trânsito. No Brasil, é a terceira causa, atrás apenas de acidentes de trânsito e homicídios.

Os casos mais recentes têm, em boa parte, relação com as redes sociais. Daí a importância de se fazer esse alerta, como destaca o psiquiatra Sosthenes Delai. “Os adolescentes hoje em dia estão muito conectados às mídias digitais. Temos que lembrar que a adolescência é um período importante no processo do desenvolvimento, quando se aprende novas habilidades sociais, quando ocorre poda neuronal. E as redes sociais acabam tendo muita influência sobre esses jovens, tanto positiva quanto negativa”, observa ele.

Sosthenes analisa que, por se exporem mais nas redes sociais, esses jovens acabam sendo alvos mais frequentes de haters, de bullying. “Se há um jovem mais vulnerável, que está passando por uma fase de adoecimento psíquico por conta de depressão ou uso de droga, por exemplo, a ideia do suicídio chega até ele mais facilmente. Até porque há vídeos sobre suicídio na Internet, nas redes sociais, que podem se tornar gatilhos para que esse jovem venha a tentar tirar a própria vida.”

A influência nas redes sociais

Um estudo da Universidade Brigham Young, nos Estados Unidos, aponta que conforme aumenta a quantidade de tempo que as adolescentes passam no Instagram, TikTok e outros sites de mídia social, aumenta o risco de suicídio a longo prazo.

Segundo o psiquiatra, as estatísticas comprovam essa tese. Ele afirma que, embora as taxas de suicídio em escala global venham diminuindo nos últimos 20 anos, no Brasil ocorre o contrário.

O suicídio, lembra o psiquiatra Sosthenes Delai, pode ser prevenido. Para isso, familiares, amigos e professores devem ficar de olho em alguns sinais que podem indicar que os jovens ou adultos estão com problemas. “Devemos ficar atentos a qualquer mudança de padrão de comportamento. Uma pessoa que era sociável, comunicativa, pode começar a ficar mais isolada da família e dos amigos, ficar mais reclusa no quarto, mais calada, mais triste. Ela pode dizer frases do tipo: ‘Às vezes, eu queria sumir’, ‘Estou sofrendo e não aguento mais’. Nesse momento, é importante escutá-la sem julgamentos ou críticas, acolhê-la”, orienta.

Jamais se deve menosprezar ou tirar por menos a dor de alguém. “Não se deve dizer frases como: ‘Isso é falta de Deus no coração’ ou ‘Você não tem motivo nenhum para estar desse jeito! Sua vida é tão boa!’. São falas totalmente dispensáveis. Não ajudam em nada e podem piorar o quadro de depressão da pessoa”, ressalta o psiquiatra da Green House.

Caso em São Luís

Nesta quarta-feira, mais um caso de suicídio foi registrado na capital maranhense, onde uma empresária de 43 anos tirou a própria vida ao pular do 10º andar, de um prédio no bairro Ponta d’Areia. A motivação para ela chegar a essa decisão extrema ainda está sendo apurada.

O suicídio

O suicídio é o ato de tirar a própria vida e está relacionado com diversos fatores ambientais, socioculturais e existenciais, sendo os transtornos mentais o fator de risco mais importante para este ato, podendo incluir depressão e transtorno por uso de drogas e alcoolismo, por exemplo.

Além disso, traumas emocionais, diagnósticos de doenças graves e bullying, por exemplo, são outras situações que também podem causar sofrimento intenso, levando ao pensamento suicida e o ato de suicídio, em alguns casos.

Em caso de suspeita de que a pessoa pensa em cometer suicídio é importante procurar a ajuda de um profissional da saúde, preferencialmente um psiquiatra, para uma avaliação. A identificação da causa é fundamental para iniciar o tratamento mais adequado, que pode envolver psicoterapia e uso de antidepressivos.

As principais causas de suicídio são:

  1. Depressão

A depressão, quando grave e não tratada, pode levar ao suicídio, já que pode provocar sentimentos como culpa, perda de valor e tristeza intensos. Nestes casos, a sensação de que o problema não tem solução pode resultar em pensamentos suicidas, como se esta fosse a única forma para acabar com o sofrimento. Saiba como identificar os sintomas da depressão.

O que fazer: é importante o apoio de um psicólogo, psiquiatra ou grupos de auto ajuda, para que seja possível tratar a depressão e, assim, promover a qualidade de vida da pessoa. Em alguns casos, o psiquiatra pode indicar o uso de alguns medicamentos para depressão. Veja como é feito o tratamento para depressão.

  1. Problemas amorosos ou familiares

Problemas familiares, como perda dos pais e brigas frequentes, não poder expressar suas emoções e não se sentir amado ou compreendido no relacionamento, podem provocar angústia intensa em algumas pessoas e reações impulsivas, que podem levar ao suicídio.

O que fazer: encontrar tempo para conversar de forma calma e criar um ambiente de equilíbrio dentro de casa ou no relacionamento amoroso, podem ajudar a pessoa a se sentir melhor. Além disso, realizar psicoterapia pode ser útil para aprender a lidar melhor com os problemas.

  1. Uso de drogas ou alcoolismo

O alcoolismo e o uso de drogas ilícitas, como cocaína e maconha, podem levar ao suicídio ao afetar a capacidade de julgamento e comportamento da pessoa. Além disso, essas substâncias tendem a ser consumidas com o objetivo de “esquecer” os problemas, e sentimentos como angústia ou frustração.

O que fazer: é importante evitar o consumo excessivo de álcool e o uso de drogas ilícitas. Além disso, em caso de suspeita de dependência é recomendado buscar a ajuda de um psiquiatra ou um Centro de Atenção Psicossocial – CAPS, podendo ser indicado o uso de medicamentos e psicoterapia. Veja como é feito o tratamento para parar o uso de drogas.

  1. Bullying

O bullying acontece quando uma pessoa é assediada ou intimidada intencionalmente e repetidamente por meio de palavras, mensagens e atitudes, e pode causar sofrimento emocional intenso, levando ao suicídio em alguns casos. Saiba mais sobre as consequências do bullying.

O que fazer: por ser uma situação comum em escolas, é importante comunicar a instituição de educação sobre o bullying para que sejam adotadas estratégias que evitem essa prática.

Além disso, é importante consultar um psiquiatra para uma avaliação, podendo ser recomendado o acompanhamento por um psicólogo e, quando indicado, o tratamento de outras doenças como ansiedade e depressão.

  1. Traumas emocionais

Traumas emocionais devido à situações de estresse intenso, como em caso de violência física ou acidentes, podem levar ao suicídio nos casos mais graves. Neste caso, a pessoa pode sentir-se culpada, estressada e ansiosa ao lembrar dos eventos que causaram o trauma, podendo não conseguir lidar com a dor que sente. Veja como identificar os sintomas de traumas emocionais.

O que fazer: a avaliação de um psiquiatra é importante em caso de suspeita de traumas emocionais, podendo ser indicado o acompanhamento com um psicólogo e o uso de medicamentos antidepressivos.

Além disso, participar em grupos de apoio, ouvindo as histórias de outras pessoas que já passaram pela mesma situação, também também pode ajudar no tratamento dos traumas emocionais.

  1. Diagnóstico de doenças

O diagnóstico de doenças graves, como câncer e HIV, pode causar sintomas como tristeza e angústia e, quando existe dificuldade para lidar com esta realidade, o sofrimento pode ser intenso e levar ao suicídio em algumas pessoas.

O que fazer: é importante o apoio de familiares e amigos em caso do diagnóstico de doenças graves. Além disso, caso sintomas como tristeza ou angústia sejam persistentes, é importante consultar um psiquiatra para uma avaliação. Nestes casos, pode ser indicado o acompanhamento com um psicológico e o uso de medicamentos antidepressivos.

  1. Síndrome de burnout

A síndrome de burnout é o excesso de estresse causado pelo trabalho, que pode provocar sintomas como sensação de fracasso e desgaste emocional, podendo levar ao suicídio nos casos mais graves. Normalmente, o burnout ocorre devido ao excesso de horas de trabalho e dificuldade de conciliar a vida profissional com a vida pessoal, por exemplo. Saiba como identificar a síndrome de burnout.

O que fazer: é importante evitar o excesso de horas extras e buscar alternativas para diminuir as dificuldades e evitar o estresse no trabalho, como reorganizar as atividades do dia e praticar atividade física e outras atividades que proporcionem o bem-estar.

Em caso de suspeita de síndrome de burnout, é importante procurar um psiquiatra para confirmar o diagnóstico e iniciar o tratamento adequado. O acompanhamento com um psicólogo geralmente é indicado para discutir os problemas e aprender formas de lidar com as dificuldades.

  1. Esquizofrenia

A esquizofrenia é um transtorno psiquiátrico que causa sintomas como alucinações, delírios e confusão mental e que, quando não tratado adequadamente, pode levar a pessoa ao suicídio nos casos mais graves. Entenda melhor o que é esquizofrenia.

O que fazer: em caso de suspeita de esquizofrenia é importante buscar a ajuda de familiares, amigos ou profissionais da saúde até que seja possível consultar um psiquiatra para confirmar o diagnóstico. Quando indicado, o tratamento pode envolver medicamentos antipsicóticos e o acompanhamento por um psicólogo.

Como prevenir o suicídio

  • Identificar os sinais de que a pessoa está pensando em tirar a própria vida, como mudanças repentinas de comportamento e o uso de frases como “eu não aguento mais”, “eu preferia estar morto” ou “os outros serão mais felizes sem mim”;
  • Buscar a ajuda de um profissional da saúde, como um psicólogo ou psiquiatra, para avaliar os sinais e sintomas apresentados pela pessoa e indicar o tratamento mais adequado;
  • Manter o contato com a família e amigos pode fortalecer as relações, aumentando a percepção de apoio e melhorando;
  • Tratar adequadamente doenças como depressão e esquizofrenia, caso existam.

CVV

Além disso, no Brasil, é possível ligar para o Centro de Valorização da Vida através do número 188, que fica disponível 24 horas por dia e que tem como objetivo realizar apoio emocional e prevenir o suicídio.

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