SAÚDE

Além dos mitos e preconceitos do autismo

Pela passagem do dia 2 de abril, Dia Mundial de Conscientização do Autismo, falamos sobre isso, mas também sobre como o diagnóstico precoce pode fazer a diferença

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Em artigo publicado pela psicóloga Márcia Rejane Semensato (Coordenadora de Psicologia da Estácio), a abordagem de vivência de adultos e idosos no espectro do autismo foi falada. De acordo com a especialista, a tendência, sempre que se fala de autismo, é citar crianças ou no máximo de adolescentes nesta condição.

Mas com o tempo, essa condição vai mudando? “O que percebemos hoje é ainda um certo desconhecimento sobre o transtorno, que perpassa o imaginário social como uma forma de mistério, e acaba por criar mitos e preconceitos. Nesse sentido, podemos citar as concepções sobre as “mães geladeira”, rótulo atribuído a mães de crianças com autismo. Acreditava-se que que elas causavam a apatia nos bebês por serem afetivamente frias. Ideia que já não é mais válida no meio profissional, mas pode fomentar conversas populares.  Assim como o mito de que vacinas causariam autismo, gerado por artigo divulgado em 1998 e que estimulou uma onda “antivacinas”, disse a especialista.

Pela passagem do dia 2 de abril, Dia Mundial de Conscientização do Autismo, falamos sobre isso, mas também sobre como o diagnóstico precoce pode fazer a diferença no desenvolvimento da criança com transtorno.

Para a psicóloga, pessoas com TEA também possuem grandes potenciais de realização profissional e pessoal. “Tem sim seus desafios, associados com recorrência a interações sociais e ambientais. Porém, qual de nós também não possui seus desafios? Quantos de nós talvez não tenhamos diagnósticos, simplesmente por não buscarmos avaliação profissional? Muitos diagnósticos de Transtorno do Espectro do Autismo, são descobertos na idade adulta. Mas independentemente de rótulo clínico, desenvolver a capacidade de convivência é o desafio para todos nós. Como cidadãos, como humanos, podemos compreender um pouco mais, investir em um mundo de respeito às semelhanças e diferenças. Precisamos buscar o conhecimento a fim de evitar a desinformação que gera preconceito. É através do conhecimento que iremos construir uma sociedade mais fraterna e acolhedora para todos”.

Em mundo em que há cerca de 70 milhões de autistas, 2 milhões no Brasil e 7 mil no Maranhão – segundo estimativa da Organização Mundial de Saúde-, políticas públicas e ações de inclusão tem sido são implementadas no estado, mas ainda não é o bastante, segundo pais e responsáveis por autistas adolescentes e jovens, e que dependem da saúde pública.

Precisamos buscar o conhecimento a fim de evitar a desinformação que gera preconceito. É através do conhecimento que iremos construir uma sociedade mais fraterna e acolhedora para todos.

Sinais nos primeiros anos de vida

Segundo Darly Machado, presidente da Associação de Amigos do Autista do Maranhão (AMA), até os 12 anos, o público adolescente, jovens e adultos ficam desassistidos de políticas públicas.

Acompanhamento e qualidade

“O autismo não tem cura. Eles precisam de tratamento, acompanhamento e qualidade de vida também depois dos 12 anos. E dentro de casa um jovem, adolescente até piora. Clínicas, especialistas, tratamento, atividades particulares para o autista jovem e adulto são muito caros. Até 12 anos eles são bem assistidos pelo CER (Centro Especializado de Reabilitação do Olho d’Água, que tem um Serviço Especializado à Pessoa com Transtorno do Espectro Autista),  mas e depois? Meu filho tem 19 anos e só tem atendimento porque está na AMA”, lamenta.

O autismo não tem cura. Eles precisam de tratamento, acompanhamento e qualidade de vida também depois dos 12 anos. E dentro de casa um jovem adolescente até piora.

O transtorno

O autismo é um transtorno cujos sinais surgem geralmente, nos três primeiros anos de vida, mas segundo os pais, é difícil de ser diagnosticado logo, devido, principalmente à falta de profissionais de área da saúde capacitados.

Os principais sintomas são os problemas com a linguagem, interação social e comportamento – que é restrito e repetitivo.

Acomete cerca de 20 entre cada 10 mil nascidos e é quatro vezes mais comum no sexo masculino do que no feminino.

É encontrado em todo o mundo e em famílias de qualquer configuração racial, étnica e social.

Quando uma criança apresenta dificuldades para aprender a falar, problemas de interação social e movimentos repetitivos sem nenhum motivo aparente pode ser autismo. Mais recentemente, cunhou-se o termo Transtorno do Espectro Autista (TEA) para englobar o Autismo, a Síndrome de Asperger e o Transtorno Global do Desenvolvimento Sem Outra Especificação.

Clínicas, especialistas, tratamento, atividades particulares para o autista jovem e adulto são muito caros.

O que observar

Muitos sinais podem ser observados nas crianças em caso de suspeita de comportamentos que podem se enquadrar nos critérios de diagnóstico do transtorno.

  • Observe o comportamento da criança quanto à interação com as pessoas;
  • Fique atento se ela procura se isolar;
  • Veja se ela vai para um canto determinado da casa de forma constante;
  • Quando em multidões observe se chora muito; se tampa os ouvidos a sons muito altos;
  • Atenção às fotos, se olha para a câmera ou se seu olhar é sempre para o “nada”.
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