SAÚDE

Capacete que reduz em 60% o número de internações começa a ser usado no Maranhão

Em São Luís, o dispositivo já começou a ser testado em pacientes do HCI

Reprodução

Quatro profissionais de saúde do Maranhão foram capacitados pela Escola de Saúde Pública do Ceará Paulo Marcelo Martins Rodrigues (ESP/CE), vinculada à Secretaria da Saúde do Estado, na última terça-feira (16), para uso do capacete Elmo. Segundo o governo do Ceará, a pedido do Governo do Maranhão, a Sesa fez a doação de 40 unidades do equipamento que, a partir das capacitações, fará parte do tratamento de pacientes acometidos pela Covid-19 com quadro de insuficiência respiratória em unidades locais.

Em São Luís, o dispositivo já começou a ser testado em pacientes do HCI (Hospital das Clínicas Integradas), na sexta-feira, 19, segundo informações do médico intensivista Dr. Arthur Jucá Moreira.

Agora, o conhecimento adquirido no Ceará será replicado para 70 outros profissionais que atuam no tratamento da Covid-19 para que o uso do equipamento possa ser implantado definitivamente a partir da próxima semana.“A grande arma no tratamento da Covid não vai ser um dispositivo único, um remédio milagroso, a única arma é a assistência médica. Não adianta ter um dispositivo e não saber como usar, para isso tem que treinar. O que resolve são os profissionais, colocar uma equipe mal treinada não vai ajudar. Tenho que destacar o empenho do governo do estado em disponibilizar treinamento e capacitação das equipes que atuam no combate à Covid-19. A maneira mais correta de lidar com o vírus é investir na assistência”, disse Arthur Jucá.

De acordo com os responsáveis pela iniciativa, um dos objetivos do equipamento é prevenir complicações da infecção, como intubação, e evitar que o paciente seja encaminhado para um leito de UTI. Testes clínicos realizados com o equipamento mostraram que o uso do dispositivo pode diminuir em 60% a necessidade de internações. O projeto do capacete de respiração assistida Elmo foi idealizado e desenvolvido pelo Governo do Ceará.

A grande arma no tratamento da Covid não vai ser um dispositivo único, um remédio milagroso, a única arma é a assistência médica. Não adianta ter um dispositivo e não saber como usar, para isso tem que treinar.

A ideia surgiu no início do ano passado, quando a COVID-19 estava no auge no estado do Ceará. Em busca de formas eficazes de evitar o agravamento de casos de infecção pelo coronavírus, pesquisadores começaram a trabalhar em um protótipo de equipamento que fornecesse oxigênio para os doentes e auxiliasse na respiração. Hoje, o Elmo atende quadros moderados da infecção, e durante o início de casos mais graves. “O doutor Marcelo Alcântara encabeçou esse grupo e com menos de 1 ano eles conseguiram validar na Anvisa, conseguiram fazer os protocolos de uso e conseguiram fazer estudo para validar clinicamente no paciente. O Elmo colabora para que o paciente tenha uma taxa de sobrevivência 60% maior do que se não usar o dispositivo. Ele consegue suprir uma deficiência na respiração que a Covid faz, sendo menos invasivo”, comentou Arthur Jucá.

O Elmo colabora para que o paciente tenha uma taxa de sobrevivência 60% maior do que se não usar o dispositivo. Ele consegue suprir uma deficiência na respiração que a Covid faz, sendo menos invasivo.

Estudo aponta que 80% dos intubados morreram no país

Um estudo publicado na revista científica The Lancet Respiratory Medicine   traz uma análise retrospectiva de todos os 254.288 pacientes a partir dos 20 anos de idade que foram hospitalizados no país com diagnóstico confirmado de Covid-19 entre 16 de fevereiro e 15 de agosto de 2020. 80% dos pacientes que precisaram de ventilação mecânica, ou seja, que foram intubados por causa da Covid-19 morreram no Brasil. Isso significa que dentre as 45.205 pessoas intubadas, 36.046 perderam a vida. Além disso, 59% dos que foram internados em UTIs vieram a óbito.

A mortalidade hospitalar geral foi de 38% em todo o Brasil, o que corresponde a 87.515 vidas perdidas. Na região Norte, metade dos hospitalizados morreram (6.727) e no Nordeste a taxa foi de 48% (21.858). A região Sul foi a menos afetada, com 31% de óbitos entre os hospitalizados (7697).

Ao falar sobre o estudo, Marcelo Alcântara, pneumologista/Intensivista destacou a mortalidade de mais da metade dos pacientes internados. A mortalidade dos internados com ventilação mecânica foi de 80%, ou seja, a cada 5 pacientes que foram para o ventilador, 4 morreram na primeira onda. Alguns dos fatores que contribuíram para isso estão a sobrecarga hospitalar em algumas cidades, escassez de equipamentos de insumos, orientação de paciente ser intubado precocemente.

A intubação é o último recurso do tratamento e traz o benefício de dar uma chance maior ao paciente, mas por ser um procedimento muito invasivo ela requer muito mais habilidade das equipes para manuseio e eficácia.

Para Arthur Jucá, o vírus pegou todo mundo de surpresa, então a primeira onda causou pânico, tanto na população, quanto na equipe multidisciplinar de profissionais que atuam na assistência à saúde no tratamento de Covid. “Os índices foram muitos altos no primeiro momento. A gente sabe que tiveram várias condutas que a gente questiona hoje em dia, que é a questão de intubar precocemente o paciente, preconizado nas diretrizes para tratamento de Covid até pelo receio de dispersão do vírus dentro do ambiente; o próprio uso da cloroquina que foi retirado do protocolo; algumas coisas eu acho que corroboraram para a gente não ter o manejo bom nesses pacientes no primeiro momento”.

Os índices foram muitos altos no primeiro momento. A gente sabe que tiveram várias condutas que a gente questiona hoje em dia, que é a questão de intubar precocemente o paciente, preconizado nas diretrizes para tratamento de Covid até pelo receio de dispersão do vírus dentro do ambiente.

Arthur Jucá acrescenta que para enfrentar a segunda onda de transmissão que o estado está enfrentando, há um preparo maior para lidar com a doença. Pois agora há estudo para as condutas, tempo para treinamento, para estudar os procedimentos e aprimorar o que chega de novidade em relação ao tratamento de Covid. “O governo do Maranhão está no caminho certo em investir em assistência, que é tratar bem da melhor forma possível os pacientes. Não que não isso não tenha sido feito no primeiro momento, mas como  o tempo de treinamento, de assimilação das condutas  não foi muito bom, houve falhas desde a OMS (Organização Mundial de Saúde) que mandou várias diretrizes que hoje em dia a gente sabe que não foram tão corretas, até o MS (Ministério da Saúde) também que não padronizou uma conduta homogênea no Brasil todo, mas acho que nessa segunda onda, está se se investindo mais nas únicas coisas que podem combater essa doença, que é uma doença viral, que são a vacina e a assistência ao paciente”.

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