CORONAVÍRUS

Taxa de sucesso de uma vacina é 6%, declara epidemiologista

Uma vacina pode levar cerca de 10 anos para ficar pronta, desde as pesquisas laboratoriais até a disponibilização delas.

Foto: Reprodução

Segundo o médico epidemiologista e professor da Universidade Federal do Maranhão (UFMA), Antônio Augusto Moura Silva, a taxa de sucesso de uma vacina é 6%. Antônio afirma que “a cada 100 vacinas testadas, apenas 6 dão certo. Cerca de 94 não dão certo e a pesquisa para“.

O médico diz que já existem outras vacinas prontas contra outros tipos de coronavírus, mas elas são da área veterinária. Pois os que infectaram pessoas eram amenos, então não houve necessidade de vacina.

Ainda segundo o epidemiologista, uma vacina leva em cerca de 10 anos para estar pronta, desde as pesquisas laboratoriais até a disponibilização dela. Porém, por conta da reviravolta que o vírus Sars-CoV-2 fez, estão sendo feitos grandes investimentos na área de pesquisa, e com isso, a perspectiva é que o tempo diminua.

No começo da pandemia, era estipulado 18 meses para sair a vacina contra o covid-19. Mas, atualmente já se fala em vacinas prontas entre o final deste ano (2020) ou início de 2021.

Quanto tempo vai levar entre a descoberta da vacina e ela ser disponibilizada?

Atualmente existem cerca de 200 vacinas candidatas. A maior parte delas está na fase I do pré-clínica. Por volta de 6 estão nas fases 2 e 3 do pré-clínico, onde começam a ser testadas em pessoas.

As doses são testadas em 2 grupos de pessoas. No primeiro, é aplicado a vacina, no outro, o placebo (substância inerte). A eficiência é testada a partir da contaminação, se o grupo com a vacina apresentar menor contaminação, é sinal que a vacina está tendo um bom resultado.

O epidemiologista explica ainda que estava sendo debatido, para acelerar o processo, deliberadamente infectar as pessoas que receberam a vacina, no entanto, essa ideia já está sendo abandonada, pois não é eticamente correto infectar um ser humano com um vírus de alta mortalidade.

Avaliação da vacina

Na avaliação de uma vacina é levado em consideração a dosagem ideal, os efeitos colaterais (ter certeza que ela não faz mal) e também qual a eficiência dela. “A eficácia a gente mede de 2 formas: a primeira é se o indivíduo produziu anticorpos e a segunda coisa, e mais importante, é saber se a vacina protege”, falou o médico.

Administração da vacina

Após a produção da vacina, ela passa pelas etapas de compra, distribuição, entrega e aplicação. Essas etapas também vão demandar tempo.

“Mesmo a vacina testada e produzida, entre a compra, distribuição, entrega e aplicação vai demorar um tempo. Imagina o Brasil vacinando seus mais de 200 milhões de habitantes, quanto tempo vai demorar pra toda essa logística ser realizada”, ressaltou o epidemiologista.

Fases de desenvolvimento de novas vacinas

  • Exploratória
  • Pré-clínica (139 vacinas nessa fase)
  • Clínica: I, II e III (26 vacinas nessa fase)
  • Aprovação
  • Fabricação
  • Controle de qualidade

Existem 3 fases clínicas, a diferença entre elas é o número de pessoas testadas e o que se faz em cada fase dessas.

Na fase um normalmente é feita a testagem com poucas pessoas, entre 20 e 100 voluntários sadios. O que se quer descobrir é a dose suficiente para produzir anticorpos e se a vacina não traz efeitos colaterais fortes.

Centenas de pessoas são testadas na fase dois, divididos em dois grupos, onde um recebe a vacina e o outro fica como grupo de controle. O objetivo é saber se a vacina consegue produzir anticorpos e comprovar a dosagem correta e os efeitos colaterais.

A fase três é a última clínica e irá testar milhares de pessoas, geralmente entre 5 e 10 mil. Já a para coronavírus, por conta da pressa na produção, estão sendo testadas por volta de 30 a 50 mil pessoas, pois quanto mais pessoas testadas mais rápido pode ser comprovado os efeitos da vacina. Nessa etapa, os grupos também são divididos em dois grupos, um toma a vacina, o outro fica com o controle. Além da produção de anticorpos, também é avaliado se o grupo que tomou a vacina foi menos infectado.

Principais vacinas em teste

A vacina de Oxford teve um desempenho bom nas duas primeiras fases, produziu efeitos leves, 100% dos testados produziu anticorpos com 1 mês e resposta celular com 15 dias. A fase III iniciou no dia 15 de junho, cerca de 30 mil voluntários entre 18 e 55 anos.

A coronavac, produzida pela empresa chinesa SinoVac e pelo instituto Butantan, começou a testagem na terceira fase em julho, a diferença é que as testagens estão sendo feitas em indivíduos de todas as idades. São duas doses com intervalos de 15 dias.

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