Taxa de infecção pelo Sars-CoV-2 do Maranhão é a maior relatada no mundo inteiro, diz especialista
Inquérito feito pela SES e UFMA mostrou que a taxa de prevalência do vírus Sars-CoV-2 no estado é de 40,4%
A Secretaria de Estado da Saúde (SES) em conjunto com a Universidade Federal do Maranhão (UFMA), realizou um teste em 3.156 pessoas, entre os dias 27 de julho e 8 de agosto, que mostraram que a taxa de infectados pelo Sars-CoV-2 no estado é de 40,4%.
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Essa taxa de prevalência do coronavírus no Maranhão, é a maior prevalência já relatada no mundo inteiro em um estudo de base populacional em uma grande área.
O médico epidemiologista e professor da UFMA, Antônio Augusto Moura Silva, diz que era esperado uma taxa em torno de 20%, porém o resultado surpreendeu com a grande taxa, isso mostra que o vírus tem grande transmissibilidade.
Amostragem populacional
Para essa amostragem o estado foi dividido em 4 partes:
- Grande Ilha;
- Municípios de pequeno porte (menos de 20 mil habitantes);
- Municípios de médio porte (entre 20 e 100 mil habitantes);
- Municípios de grande porte ( + de 100 mil).
A maior prevalência da doença foi nos municípios em médio porte, as mulheres tem maior taxa de infecção, 42,4%. A pesquisa também mostrou que a quantidade de pessoas que se contaminaram com o novo coronavírus entre 1-9 anos de idade segue o mesmo padrão que de pessoas entre 10 e 39. Já a partir dos 40, as pessoas tiveram uma menor taxa de prevalência.
Isso, segundo o médico, pode ser explicado pelo fato de pessoas a partir dos 40 se protegerem mais, pois são mais vulneráveis. Ele ainda ressalta que o resultado do inquérito é importante em um momento que está sendo discutido a volta as aulas.
“O resultado do inquérito sugere que as crianças e adolescentes tem praticamente o mesmo risco de contaminação que tem um adulto”, disse ele.
O inquérito também revela, que quase 50% das pessoas pretas foram infectadas, já os brancos ficaram com 32,2% e os pardos com 41,3%.
As pessoas que mantiveram o distanciamento social tiveram contaminação de 34%, já os que estavam aderindo parcialmente ou não estavam, ficou 10 vezes maior, com 44%. O uso de máscara também mostrou seu papel fundamental na redução da infecção. As pessoas que usam a máscara de forma correta tiveram taxa de 36%, já as que não usam ou usam de forma parcial foi de 45,9%.
Classificação dos sintomas relatados pelas pessoas com teste positivo
Segundo a pesquisa, a maior parte das pessoas que se infectaram com o vírus desenvolvem sintomas (62,2%), a menor parte desenvolve poucos sintomas (11,8%) e 26% das pessoas foram assintomáticas.
Os sintomas mais relatados foram: fadiga (41,1%), dor muscular (43,6%), dor de cabeça (45,4%), febre (45,6%), alteração do gosto (47,7%) e alteração do olfato (49,5%).
“Isso mostra, que quando aparece esse sintomas, são muito característicos de acometimento pela covid-19. Então, se formos fazer uma conta, 40% da população maranhense vai dar mais ou menos 2,8 milhões de pessoas ou seja, 1,4 milhões de pessoas tiveram alterações do olfato, do cheiro e do gosto por causa da covid-19”, relata o médico.
O médico esclarece que os sintomas de alteração no gosto e olfato são difíceis de se encontrar em outras doenças e que na pandemia atual, “é praticamente sinônimo que você teve ou tem covid-10”.
Relação da taxa de letalidade com a de infecção
A taxa de letalidade do Maranhão, em relação a prevalência da doença no estado é de 0,17%, uma das menores taxas do mundo.
O médico explica que uma das opções para a baixa taxa estar acontecendo é que está circulando no Maranhão uma mutação do novo coronavírus que ficou mais transmissível, mas que por outro lado, diminuiu sua agressividade.
Casos notificados
De acordo com o estudo, a taxa de notificação de casos é de 4,5%, isso significa que a cada 1 casos notificado existem 21 não detectados .
Imunidade de grupo
A imunidade de grupo, seria uma proporção de pessoas infectadas pelo vírus que tornariam a transmissão praticamente impossível de continuar.
“É chamado imunidade de grupo porque um grupo protege outras pessoas de ter a doença. Por exemplo, se 70% das pessoas de uma cidade já estiverem contaminadas, é muito mais difícil o vírus se espalhar”, explicou ele.
Os dados estão sugerindo que o maranhão está mais próximo da imunidade de grupo do que era imaginado. Esses dados indicam que o estado tem um pequeno risco de uma segunda onda da doença, e mesmo se tiver, será em menores proporções.
Covid-19 no estado
O Maranhão já totaliza 148.923 casos confirmados e 3.402 mortes por coronavírus. Nas últimas 24h foram registrados 1.246 novos casos e 12 mortes pela doença.
De acordo com o boletim, o interior do estado é onde está o maior número de novos casos registrados com 1.143, a ilha de São Luís registrou 92 e Imperatriz 12.
Dos mais de 148 mil casos, 8.285 estão ativos. Desses, 7.820 estão em isolamento social, 283 internados em enfermaria e 182 em leitos de UTI.
O estado já registra 137.236 pessoas recuperadas da doença. Mais de 328 mil testes foram realizados, 176.787 casos foram descartados e hoje (28), o número de casos suspeitos é 5.633.
Segundo informações da SES, o estado tem 421 leitos de UTI e 1.041 leitos clínicos. Desse total, 158 dos leitos de UTI estão ocupados e 242 dos clínicos também.
Também de acordo com o boletim, os 12 novos óbitos notificados, aconteceram nas seguintes cidades: Alcântara (1), Arari (1), Balsas (1), Caxias (1), Codó (1), Itapecuru Mirim (1), Timon (1) e Imperatriz (5).
Dos novos óbitos registrados no estado, nenhum aconteceu nas últimas 24h. Todos são de dias e/ou semanas anteriores, e aguardavam o resultado do exame laboratorial para Covid-19.