Neste ano,  o Dia Nacional de Combate ao Fumo, 29 de agosto, vai trabalhar o tema “Tabagismo e coronavírus (Covid-19) ”. O tabagismo também é considerado uma pandemia pela Organização Mundial da Saúde (OMS) e tem papel de destaque no agravamento da pandemia de Covid-19, já que é fator de risco para transmissão do vírus e para o desenvolvimento de formas mais graves de Covid-19.

No estado, a Secretaria de Estado da Saúde (SES) lançou ontem, sexta-feira (28),  a campanha virtual contra o tabagismo, que será voltada para a cessação e implantação dos consultórios do fumante em todo o Maranhão. Segundo a SES, o objetivo da é conscientizar a população sobre os agravos de saúde causados pelo tabagismo e sua relação com o novo coronavírus, as doenças crônicas e os cânceres que podem ser adquiridos.

Mais de 4 mil óbitos no Maranhão

Segundo a Sociedade Brasileira de Pneumologia e Tisiologia, o tabagismo aumenta o risco de complicações de dezenas de doenças, em especial, as cardiovasculares isquêmicas infarto do miocárdio e derrame cerebral, doenças respiratórias (bronquite e enfisema) e diversos tipos de câncer.

O câncer de brônquios e pulmão matou, entre 2008 e 2018, 4.189 pessoas no Maranhão. Pelos dados do INCA (Instituto Nacional do Câncer), em 2008 foram 270 óbitos e em 2018 foram 566. A estimativa do Instituto para o estado (no biênio 2020-2022)  é de 270 novos casos entre homens e na capital, 70. Entre as mulheres a estimativa é de 200 novos casos no estado, e 60 na capital, São Luís.

Entre os homens no estado, a doença ocupa a segunda colocação, e entre as mulheres, a terceira.

Combate e controle

Desde 2017, quando foi implantado o Programa de Controle do Tabagismo no Maranhão da Secretaria de Estado da Saúde, havia 30 pessoas em tratamento. Em 2018, o primeiro quadrimestre registrou 141 pessoas no programa; seguido de 282 e 414 pessoas, respectivamente, no segundo e terceiro quadrimestre. Em 2019, segundo levantamento do Departamento de Educação em Saúde da SES, 221 pessoas pararam de fumar.

Atualmente, mais de 90% dos municípios maranhenses oferecem atendimento a tabagistas. Em São Luís, o tratamento para fumantes está disponível no Centros de Atenção Psicossocial Álcool e Drogas (Caps AD Estadual); Centro de Saúde AMAR; Centro de Saúde Salomão Fiquene; Centro de Saúde Clodomir Pinheiro Costa e Centro de Saúde São Raimundo.

Desde o Dia Mundial sem Tabaco no Brasil, em maio, a OMS vem fazendo uma série de orientações sobre o tabagismo em tempos de pandemia do novo Coronavírus. As recomendações destacam que deixar de fumar traz benefícios imediatos, incluindo a redução dos riscos de desenvolver complicações pela doença causada pelo vírus.

Dados apontam que a combinação entre a doença e a nicotina é extremamente prejudicial para os fumantes. Os riscos de infecções respiratórias e de doenças pulmonares e cardiovasculares se tornam mais acentuados. Os fumantes são acometidos com maior frequência de infecções como sinusites, traqueobronquites, pneumonias e tuberculose. Devido a um possível comprometimento da capacidade pulmonar, o fumante possui mais chances de desenvolver sintomas graves da doença.

Para além da situação de pandemia, Estudo do Vigitel (Vigilância de Fatores de Risco e Proteção para Doenças Crônicas por Inquérito Telefônico), realizado em 2019, nas 26 capitais brasileiras e no Distrito Federal, com um universo de 52.443 entrevistas, apontou 9,8% de fumantes. O índice é 0,5% mais alto que o apurado em 2018.

Se por um lado os tabagistas têm seu sistema respiratório prejudicado pelo fumo, e, portanto, se infectados pelo coronavírus, podem ter sua saúde ainda mais ameaçada, por outro lado, ao deixar de fumar, os benefícios à saúde são imediatos, pois após 12 a 24 horas sem fumar os pulmões dos fumantes já funcionarão melhor. Parar de fumar pode reduzir o risco de desenvolver a forma mais severa da Covid-19.

Óbitos causados pelo fumo

Pesquisa da OMS (Organização Mundial da Saúde) aponta que a substância lidera as causas de mortes evitáveis em todo o planeta, respondendo por mais de 60% dos óbitos relacionados às doenças crônicas não transmissíveis (DCNT).  Segundo especialistas, o hábito de fumar é responsável por diversos tipos de doenças, entre elas, o câncer, considerado uma das mais graves.

Ramon Andrade de Mello, médico oncologista, lembra que 30% dessas mortes estão diretamente relacionadas a diversos tipos de câncer, como pulmão, boca, laringe, faringe, esôfago, pâncreas, rim, bexiga, colo do útero, estômago e fígado.

“O tabagismo é devastador para a saúde. Os fumantes têm 15 vezes mais chances de desenvolver câncer de pulmão do que as pessoas que nunca fumaram”.

O oncologista alerta ainda para o narguilé, que tem sido utilizado com frequência pelos jovens:

“Ele pode provocar o desenvolvimento de câncer de pulmão, doenças respiratórias, além de câncer de boca, bexiga e leucemia. As recomendações são as mesmas para aquelas que fazem uso do cigarro tradicional”.