SÍNDROME DE KAWASAKI

Médicos do Maranhão investigam possível relação entre doença inflamatória infantil e a Covid-19

Sintomas graves em crianças que podem ser causados por uma doença conhecida como Síndrome de Kawasaki, que provoca febre, descamação da pele e inflamação dos vasos sanguíneos

Crianças com Covid-19 severa ou Síndrome de Kwasaki foram parar nas UTIs Carlos Macieira e HUUfma

O novo coronavírus afeta, sobretudo, adultos com alguma doença preexistente, e os idosos são a parcela da população em maior risco. Ocorre que, apesar da tendência observada estatisticamente, pelo menos 50 crianças no Maranhão chamaram a atenção ao sofrer complicações da Covid-19 de uma maneira bastante peculiar. Elas são ex-pacientes do Hospital Universitário da Universidade Federal do Maranhão (HUUfma) e do Hospital Carlos Macieira, que foram internadas com Covid-19 severa ou desenvolveram a Síndrome de Kawasaki. Atualmente, esses casos fazem parte de um estudo médico, que investiga suposta relação entre uma doença inflamatória que toca gravemente o público infantil e o vírus chinês.

De acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS), “a infecção por Covid-19 foi registrada em todas as faixas etárias. Ainda assim, estudos indicavam que crianças representavam apenas cerca de 2% do total de casos em todo o mundo”. No Maranhão, segundo o boletim da Secretaria Estadual da Saúde (SES), divulgado nesta segunda-feira (27), na faixa etária entre zero a nove anos, há registrados 2.169 testes positivos de coronavírus. As estatísticas mostram que as circunstâncias de Covid-19 na infância são menos numerosas, mas ainda assim podem ser extremamente graves.

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A síndrome inflamatória infantil associada à Covid-19 já deixou americanos em alerta. No norte da Itália, uma das áreas mais atingidas do mundo durante a pandemia, médicos relataram um número extraordinariamente grande de crianças com menos de nove anos com casos graves do que parece ser a doença de Kawasaki. Os médicos britânicos fizeram observações semelhantes.

Estudo por médicos do MA

Neste mês de julho, três infectologistas pediátricos passaram a investigar os casos das 50 crianças do HUUfma e Carlos Macieira, que tiveram Covid-19 ou Kawasaki, doença mais comum em partes da Ásia. Um desses profissionais é o jovem médico Fabrício Silva Pessoa, de 33 anos, que conduz a pesquisa. Fabrício Pessoa trabalha nessas duas unidades hospitalares, além de participar do Comitê do Plano de Contingência do Hospital Universitário.

Fabrício Silva Pessoa conduz investigação de suposta relação entre uma Covid-19 e a Síndrome de Kawasaki

Segundo o infectologista pediátrico, foi a partir de abril que cresceu de forma notória a quantidade de casos de pacientes crianças com Kawasaki Like, doença também conhecida como Síndrome Inflamatória Multissistêmica. “Mas o ‘boom’ ocorreu em maio. Este afloramento de casos de Kawasaki Like pode estar associado ao pós-infecção do quadro de coronavírus”, revelou o médico. A Síndrome de Kawasaki é uma doença que frequentemente acomete crianças com menos de cinco anos e está associada a sintomas como febre, erupções cutâneas, inchaço das glândulas e, em casos graves, inflamação das artérias do coração.

O tratamento dessa doença, conforme Fabrício Pessoa, é feito com corticoides. Sem a medicação, ainda segundo Fabrício, a criança pode ficar com as artérias dilatadas. O infectologista pediátrico informou que 50 crianças, que são motivo de estudo, estiveram internadas em leitos das Unidades de Tratamento Intensivo (UTI). O médico disse que alguns desses doentes se recuperaram sem consequências sucessivas, outros sobreviveram, mas tiveram sequelas, e, houve, também, registros de óbitos.

Levantamento de dados

Segundo Fabrício Pessoa, as investigações contam com o apoio da Universidade Ceuma, sendo que a fase atual do estudo é a de levantamento de dados, parte essa que deve ficar pronta no próximo mês. Fabrício disse que ele e os outros infectologistas pediátricos trabalham nas manifestações clínicas que ocorreram com as 50 crianças, o perfil epidemiológico delas, onde elas moram ou moravam (bairros de São Luís ou outras cidades maranhenses), entre outros dados.

O médico ressaltou que, durante o andamento do projeto, caso surjam novos casos, esses possivelmente serão inseridos nos estudos. De acordo com Fabrício Pessoa, os resultados podem se tornar uma publicação acadêmica científica, e, também, no ponto de vista sócio-político, levar a possíveis contribuições na medicina, como atendimento e tratamento médico. A pesquisa completa tem prazo até o fim de 2020 para ficar pronta.

O caso Miguel

Miguel ficou internado em Brasília por dez dias; médicos acreditam que o garoto desenvolveu Síndrome de Kawasaki, a partir de coronavírus, mas o paciente não teria sido submetido a teste de Covid-19

Miguel Henrique Costa Sabino é um garoto de oito anos de idade que gosta de jogar basquete com o seu pai, o professor Geovane de Morais Sabino, 49. Miguel e Geovane são goianos, mas a mãe do jovem é a maranhense Silvia Gardenia Costa Sabino. A família mora atualmente em Brasília, a capital do Brasil.

A O Imparcial, Geovane contou que surgiu um inchaço no pescoço de Miguel, e que, posterior a isso, a criança teve febre alta. Um parecer médico reumatológico, feito no dia 20 de março, cita que o garoto apresentava linfonodomegalia em região cervical direita, e febre de 38,5ºC. A criança ficou internada por dez dias em leito clínico, mas hoje passa bem, está em casa com os seus pais.

“Os médicos relacionaram a síndrome de Kawasaki em Miguel com a Covid-19. Porém, não foi repassado para a nossa família nenhum pedido de teste de coronavírus ou resultado de exame de Covid-19. Eu acredito que esse exame não tenha sido feito. Atualmente, Miguel está super bem, mas meu filho ainda tem cansaço, a respiração dele ficou um pouco comprometida, a partir da Síndrome de Kawasaki”, concluiu Geovane.

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