Conheça as diferenças entre os principais tipos de teste para detecção da Covid-19
A eficiência na testagem é fundamental no enfrentamento da doença e pode salvar vidas
A pandemia é uma situação complexa e, entre todas as discussões que surgem acerca do tema, é consensual entre as autoridades de saúde que, quanto mais a população for testada para a doença, melhor o entendimento e o desenvolvimento das formas de controle. Existem dois tipos de testes disponíveis para detecção da infecção por COVID-19. São ele os chamados RT-PCR e sorológico.
No Brasil, o coronavírus segue em ritmo acelerado em várias regiões, e em ocasiões assim é de extrema importância realizar testes precisos para aferir a presença do vírus, o que ganha ainda mais relevância diante da constatação de que uma pessoa portadora do Sars-CoV-2, agente patológico da COVID-19, pode transmiti-lo a até seis indivíduos, na média, mesmo que os sintomas ainda não sejam observados. Um cenário que se agrava com a escalada exponencial da disseminação do coronavírus, como alerta o Disease Control and Prevention, principal instituto nacional de saúde pública dos Estados Unidos.
Para Patrícia Munerato, diretora de análises genéticas da Thermo Fisher Scientific, empresa especializada em produtos e soluções científicas, em meio a uma pandemia, com a enorme quantidade de casos confirmados e suspeitos, é imprescindível recorrer a um teste com qualidade e precisão diagnóstica. “A eficiência de um teste é avaliada por dois fatores: sensibilidade e especificidade. A primeira significa a capacidade de detectar o vírus mesmo em concentrações muito baixas. Em alguns infectados, especialmente aqueles em estágio pré-sintomático, a quantidade de partículas virais (ou cópias) pode ser muito baixa. O RT-PCR detecta a partir de 10 cópias do vírus, o que minimiza resultados falsos negativos”, explica Patrícia.
A noção de especificidade, por sua vez, está ligada à possibilidade de diferenciar fragmentos do vírus da COVID-19 que não sejam semelhantes a de outros vírus. Em outras palavras, garantir resultado positivo quando houver a presença do Sars-CoV-2, apenas, e negativo em sua ausência, mesmo se houver infecção por outros vírus respiratórios. “O RT-PCR tem a capacidade de detectar o vírus nos primeiros dias após o indivíduo o contrair, mesmo sem apresentar sintomas”, ensina.
O RT-PCR (sigla em inglês que significa ‘transcrição reversa seguida de reação em cadeia da polimerase’) é um procedimento laboratorial de diagnóstico molecular capaz de verificar a presença de material genético do vírus. A amostra é coletada pela mucosa das vias respiratórias. Este método é tido como o mais indicado para detecção da COVID-19, classificado no chamado padrão ouro.
Já o teste sorológico parte da pesquisa de anticorpos (IgG e IgM) produzidos contra o vírus pela análise de uma amostra de sangue. O primeiro tipo, também conhecido com anticorpo de memória imunológica, identifica se o sujeito foi exposto ao vírus e, assim, fabricou anticorpos para responder à infecção. O IgM, chamado anticorpo de fase aguda da doença, surge quando a patologia está em curso, e só é percebido depois do oitavo ou décimo dia de infecção.
Ainda que com a possibilidade de diferenciar infecção ativa (aguda) ou prévia (memória) da COVID-19, a sensibilidade dos testes sorológicos é inferior à PCR. Desta forma, a Organização Mundial da Saúde (OMS) e as autoridades de saúde aconselham o teste RT-PCR como o mais eficaz.
A Thermo Fisher disponibiliza kit multiplex de PCR em tempo real, descrito nos principais protocolos mundiais para detecção da COVID-19, também registrado na Anvisa. Apresenta sensibilidade maior que 95% e especificidade maior que 99%. O resultado sai em três horas, a partir do início da análise da amostra. Atualmente, a empresa tem disponível para o Brasil três milhões de testes, semanalmente, mas tal capacidade pode aumentar, dependendo da demanda dos laboratórios e órgãos de saúde.