Pedidos de socorro no Samu aumentam 48% durante pandemia em São Luís
De março a maio deste ano, foram realizadas 62.640 chamadas ao SAMU. Trotes passam de 7.500.
Não é só nos hospitais que a demanda por atendimento aumentou, criando colapso tanto na rede pública quanto na rede privada de saúde. Diante de casos mais graves, antes mesmo da chegada dos pacientes aos hospitais em si, o Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (SAMU) tem sido o socorro mais rápido para milhares de pessoas. Segundo a Secretaria Municipal de Saúde (SEMUS), na capital maranhense, a média de ligações recebidas pelo SAMU relacionadas à Covid-19 é de 784 chamadas por dia.
De 1° de março a 21 de maio de 2020 foram registados 62.640 atendimentos, um aumento de 48,02% em comparação ao mesmo período de 2019, quando foram registradas 42.316 chamadas.
Os dados da Secretaria mostram que os bairros onde se concentra o maior número de chamadas são: Anjo da Guarda, Cidade Olímpica, Coroadinho e Cidade Operária. As cinco regiões estão entre as mais populosas da capital maranhense e, juntas, reúnem mais de 785 mil habitantes.
Durante a quarentena, outras ocorrências têm chamado a atenção: dores torácicas, Acidente Vascular Cerebral (AVC) e sintomas da hipertensão são alguns dos relatos mais comuns.
Menos acidentes
Apesar do aumento no número de atendimentos a pacientes da Covid-19, o isolamento social, incluindo o período de lockdown (bloqueio total) na capital, contribuiu para a redução dos acidentes de trânsito. A maior redução foi registrada no mês de abril, que se comparado a março, teve uma diminuição de 22,62%. No entanto, após o término do bloqueio total, os números voltaram a subir e o aumento é de 31,25% na quantidade de atendimentos por traumas.
Devido ao grande número de chamadas durante o período, a Secretaria informa que melhorias estão sendo realizadas. “Aumentamos o efetivo médico na sala de regulação, para atender mais rápido essa demanda. Também foi aumentada de duas para três as Unidades de Suporte Avançado”, afirmou a SEMUS ao O Imparcial.
Trotes
Apesar dos esforços para conscientizar a população sobre o tema, ainda é grande a quantidade de falsos pedidos de socorro ao SAMU. Em São Luís, apenas entre 1º março e 21 de maio, foram registrados 7.581 trotes. Ainda de acordo com a SEMUS, este ano, já houve dia em que, no período de 24 horas, 394 trotes foram feitos ao SAMU.
Até agora, o número de chamadas falsas nesse período é menor do que o registrado nos mesmos meses do ano de 2019, quando foram feitos 8.534 trotes. Mesmo com a redução, a Secretaria reforça que esse resultado ainda é considerado alto e acaba prejudicando o atendimento oferecido à população.
Apesar de ser muito praticado, trote é crime. Segundo o artigo 266 do Código Penal, quem pratica o trote pode ter pena de detenção de um a seis meses ou multa. O crime se caracteriza quando há a interrupção ou perturbação do serviço telefônico.
Como medida para reduzir a prática, a Secretaria realiza a catalogação dos números que mais realização o trote, para que sejam adotadas as medidas necessárias. Além de realizar campanhas educativas acerca da importância do serviço prestado pelo Samu e os prejuízos causados à sociedade pelas falsas lições efetuadas para a central de atendimento do órgão, sobretudo durante o período de pandemia.
Quando discar o 192?
Entre as ocorrências que justificam a solicitação de socorro ao SAMU estão: problemas cardio-respiratórios; intoxicação exógena e envenenamento; queimaduras graves; ocorrência de maus tratos; trabalhos de parto em que haja risco de morte da mãe ou do feto; tentativas de suicídio; crises hipertensivas e dores no peito de aparecimento súbito; acidentes com vítimas; afogamentos; choque elétrico; acidentes com produtos perigosos; suspeita de infarto ou AVC (alteração súbita na fala, perda de força em um lado do corpo e desvio da comissura labial são os sintomas mais comuns); agressão por arma de fogo ou arma branca; soterramento; desabamento e crises convulsivas.
Quanto ao atendimento de pacientes suspeitos da Covid-19, a Secretaria de Saúde lembra que o atendimento do Samu é para casos graves – como pacientes com febre alta e persistente, além daqueles que têm dificuldade para respirar, inclusive com dor torácica.