Onde buscar socorro médico sem se expor ao coronavírus?
Veja quais unidades públicas recebem pacientes sem suspeita de Covid-19 em São Luís
Não se pode negar: o novo coronavírus, causador da Covid-19, é a grande preocupação sanitária mundial. De sintomas semelhantes aos causados pela gripe sazonal (tosse e febre) até sinais mais graves, como a dificuldade para respirar, o vírus que se espalhou pelo mundo lança medo e preocupação entre as pessoas.
De forma recorrente, a principal recomendação das autoridades mundiais de saúde é de que a população deve permanecer em casa, em isolamento social, já que a principal forma de contágio é o contato com alguém infectado. Ao se juntar o elevado nível de informações publicadas diariamente sobre a doença e os decretos que impõem restrições mais rígidas à circulação de pessoas – o que ocorre no Maranhão, por exemplo, primeiro estado a ter um lockdown no Brasil – a impressão de muita gente é de que esse “inimigo invisível” ronda, e, portanto, todo cuidado é pouco.
Se, por um lado, há a expectativa de que os casos de Covid-19 diminuam quanto mais rigorosas forem as medidas tomadas, por outro, há um frequente dilema da população em si quando se pensa em como e onde é possível buscar socorro médico para o tratamento de outras doenças ou o atendimento de uma emergência, como traumas causados por acidentes, sem se expor ao risco da infecção pelo novo coronavírus.
Dr Google
São vários os cenários que despertam preocupação, mas o destaque vai mesmo para o que mais costumeiramente ocorre: a pessoa precisa de avaliação médica, mas, por medo de ir ao hospital e acabar contaminada pelo coronavírus, recorre à automedicação consultando sites de busca na internet, que muitos apelidaram como “Dr. Google”.
“Esse comportamento deve ser evitado, afinal, o adiamento da consulta e, consequentemente, do socorro médico, em determinados casos, tem agravado quadros clínicos e complicado situações que poderiam ser evitadas, com avaliação médica adequada”, comenta a médica radiologista Márcia Beatriz Sousa, que trabalha na equipe de medicina diagnóstica de um dos maiores hospitais particulares da capital maranhense.
Ela conta que a equipe já diagnosticou casos de pacientes com meningite em decorrência de otite (infecção no ouvido) não tratada; insuficiência cardíaca; apendicite aguda complicada (perfurada) e até Acidente Vascular Cerebral (AVC) em estágio avançado, em que sequelas mais graves e permanentes podem ocorrer. “Detectamos esses e outros problemas de saúde decorrentes do agravamento de doenças por medo das pessoas irem à emergência. Muitas vezes, são sintomas simples, que podem ser logo resolvidos na consulta com o médico no atendimento de emergência, sem prejuízo maior à saúde, mas que se agravam pela falta da assistência médica”, alerta a especialista.
Além disso, a automedicação, por si só, também é perigosa. “Essas drogas podem afetar o sistema nervoso. A interação medicamentosa causa efeitos adversos que podem deixar sérias sequelas. Sendo produtos químicos, até mesmo dependência podem gerar. Somente um médico pode prescrever o medicamento e a dose adequada para cada organismo”, atesta a médica Alinne Barros.
Em geral, os hospitais particulares de São Luís têm dividido as áreas para atendimento dos casos, dependendo dos sintomas. Na triagem, quem tem sintomas de Covid-19 é atendido em ambiente separado de quem apresenta sintomas de outras doenças. A separação se mantém após o atendimento inicial e segue nas etapas de exames, medicação e internação (inclusive em leitos de UTI).
Rede pública
Se na rede privada os pacientes são todos atendidos no mesmo hospital, embora em áreas diferentes, a rede pública de saúde adotou outro fluxo. Em consenso, as Secretarias Municipal e Estadual de Saúde estabeleceram que, em São Luís, pessoas que não têm sintomas de Covid-19 devem se dirigir preferencialmente às seguintes unidades:
- Hospital Dr. Clementino Moura (Socorrão II): Rua Santa Helena, 3685 – Cidade Operária, São Luís-MA;
- Hospital Municipal Djalma Marques (Socorrão I): Rua Dr. Carneiro Belfort, S/N (próximo ao Número 550) – Centro, São Luís-MA;
- Unidade Mista do Bequimão: Av. do Contorno, s/n – Bequimão, São Luís-MA;
- Unidade Mista do Coroadinho: Rua da Vitória, 318 – Vila Conceição (Coroadinho), São Luís-MA;
- Unidade Mista do São Bernardo: Av. Tiradentes, s/n – Ipem São Cristóvão, São Luís-MA;
- Unidade Mista do Itaqui-Bacanga: Av. dos Portugueses, S/N – Vila Izabel, São Luís – MA;
- UPA Parque Vitória: Av. João Santana, 30 – Parque Vitória, São José de Ribamar – MA;
- UPA Vila Luizão: R. São Paulo, 276-340 – Vila Bacanga, São Luís – MA;
Consulta on-line
Diferente da busca por diagnósticos de forma aleatória na internet, a telemedicina aparece como uma importante alternativa nesse período, por ser um meio eficaz de evitar deslocamentos e preservar a saúde tanto dos profissionais de saúde quanto dos pacientes. Essa modalidade possibilita um encontro virtual, em tempo real, entre médico e paciente. Dependendo do que o profissional observar e concluir, ele pode fazer os devidos encaminhamentos do paciente para exames ou unidades de emergência.
A médica Alinne Barros, que também é especialista em pediatria, afastou-se do consultório físico desde que teve início o isolamento social no Maranhão. Porém, a ausência da clínica não a distanciou do trabalho, que passou a ser em casa, graças ao uso da tecnologia. Para que as crianças acompanhadas por ela não ficassem desassistidas, tão logo se tornou possível, Alinne começou a fazer atendimentos via telemedicina.
A especialista ressalta que a principal diferença entre os atendimentos presencial e virtual é que, na telemedicina, o exame físico pelo toque não tem como ser executado. “Com as informações clínicas apresentadas pelas famílias dos pequeninos, com esse histórico clínico bem detalhado, e com a experiência médica, nós conseguimos chegar, muitas vezes, a um diagnóstico preciso”, assegura Alinne Barros.
Caso seja necessário solicitar exames, essa solicitação é feita por meio de uma assinatura eletrônica validada por uma empresa específica que garante legalidade em todo o território nacional. A requisição assinada pela médica é enviada por e-mail, assim como a prescrição de medicação, caso seja necessário.
Além de ser um alento para os corações de muitos pais e mães, o atendimento on-line despertou em Alinne a necessidade de compartilhar com outras famílias informações sobre doenças, tratamentos, desenvolvimento infantil saudável, entre outros temas que têm sido por ela apresentados nas redes sociais. “Pra mim, a medicina é uma missão. Se posso contribuir com informação para promover a saúde, então é o que farei”, orgulha-se.
Em seu perfil no Instagram (@dra.alinnemb), a médica publica diariamente várias dicas interessantes sobre o universo infantil, assim como responde a dúvidas de milhares de seguidores. “A tecnologia vem para somar e nós, médicos, também precisamos nos adaptar”, comenta.
Telemedicina
O uso da telemedicina já era feito de forma bastante restrita no Brasil, mas passou a ser massificado mesmo após decreto do Governo Federal – Lei 13.989/20, publicada em 16 de abril no Diário Oficial da União. A telemedicina passou a ser adotada em caráter emergencial, enquanto durar a crise do novo coronavírus.
Pela lei, o médico deverá informar ao paciente todas as limitações sobre o uso da telemedicina. As consultas seguirão os mesmos padrões normativos e éticos do atendimento presencial, inclusive em relação ao valor cobrado pelo serviço.
“Os médicos, utilizando essa ferramenta, podem atender rapidamente a pacientes com suspeita de Covid-19 e orientá-los. Tendo em base o que já se sabe sobre a doença, é possível avaliar o paciente e definir em qual fase ele se encontra, além de poder iniciar precocemente a terapia para que esse paciente não evolua para a etapa de maior complicação da doença”, defende Alinne Barros.
Telefone
Pessoas com sintomas leves de gripe que estejam preocupadas; que precisam de acompanhamento específico; que necessitam pedir alguma medicação controlada; ou até mesmo tirar dúvidas podem procurar a ajuda médica, também, por telefone, por meio do número 136, que é o Disque-Saúde, plataforma do Ministério da Saúde.
Agora se a emergência exigir um atendimento presencial, em casos de infarto, ou Acidente Vascular Cerebral (AVC), por exemplo, e não houver como se deslocar até o hospital mais próximo, deve-se contactar o SAMU pelo número 192.