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Misturas caseiras não evitam Covid-19

Médico recomenda cuidado com uso de substâncias sem comprovação científica

Reprodução

Por ser uma doença nova, muitas questões surgem sobre a Covid-19, incluindo buscas por tratamentos eficientes e as mais eficazes medidas de prevenção. E, assim como são divulgados muitos estudos e análises com base científica na internet, também circulam muitas fake news e informações duvidosas, baseadas em experimentos caseiros, sem amparo da ciência, que podem gerar ações precipitadas e até mesmo prejudiciais em relação à doença.

Em um vídeo, por exemplo, viralizado em grupos de conversas do WhatsApp, um pastor evangélico do litoral de São Paulo afirma que há uma receita para prevenir o contágio da doença, que teria sido repassada por judeus. Segundo ele, fazer um gargarejo diário de um mistura composta por limão, meio copo de água morna e bicarbonato é suficiente para evitar o desenvolvimento da doença, visto que o vírus “fica quatro dias alojado na garganta” e o bicarbonato é um antisséptico natural.

Cuidado! É o que recomenda o médico otorrinolaringologista André do Lago. “Não há nenhuma comprovação científica de que essa ou qualquer outra composição funcione. Até porque ele fala que o vírus passa quatro dias na cavidade oral sem infectar, mas isso não é possível, pois o vírus é um parasita intracelular obrigatório e morre fora da célula”, esclarece o especialista, confirmando que, nesse sentido, nenhuma ação de enxaguante bucal seria efetiva contra o vírus.

Médico otorrinolaringologista André do Lago

Segundo o Ministério da Saúde, apesar das diversas pesquisas que estão sendo desenvolvidas para o combate ao novo coronavírus, até o momento, não há confirmação de nenhum medicamento, substância, vitamina, alimento específico ou vacina que possa prevenir a infecção.

A forma de proteção recomendada contra o novo vírus pelas autoridades é o estabelecimento de barreiras físicas (máscara, óculos e luvas). “A partir do momento que o vírus tem contato com a mucosa, ele segue o caminho que deve. Então, a prevenção tem que ser antes do contato do vírus com a mucosa”, esclarece o médico André do Lago, explicando assim que medidas também muito divulgadas nas redes, como o uso de enxaguantes ou a ingestão de muita água não têm essa suposta eficiência comprovada.

“Claro que hidratação é importante, mas ela não vai prevenir a infecção”, continua. Nesse sentido, medidas como manter uma alimentação saudável e tomar substâncias como vitaminas e zinco são importantes para garantir saúde ao organismo. Assim, caso aconteça o contato com o vírus, a infecção venha a ser mais branda. “É claro que o coronavírus tem muitas particularidades, pois é uma doença nova. Porém, essas medidas são boas, de forma geral, para se manter a saúde”, explica André.

Alerta

Sobre o tratamento da doença, o otorrino também alerta que é preciso ter atenção aos sintomas e não subestimar aqueles que não envolvam o sistema respiratório.

“Tenho explicado para os pacientes que o coronavírus é uma doença com múltiplas formas de apresentação, indo desde uma doença leve, com sintomas brandos ou mesmo inexistentes, até sintomas graves que evoluem a óbito”, aponta o médico, destacando que o desconforto respiratório se apresenta em casos graves e que não se deve esperar apenas esse sintoma aparecer para suspeitar da infecção pelo coronavírus, visto que o paciente pode também apresentar coriza leve, dor no corpo, prostração, febre, perda do olfato e paladar, diarreia, dor de cabeça (que não melhora com analgésico comum) e dor entre os olhos.

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