SOLIDARIEDADE

Voluntárias já doaram 2 mil máscaras

Mulheres de bairros que compõem a área Itaqui Bacanga resolveram unir o útil ao agradável e estão confeccionando máscaras de tecido para doações

Reprodução

Desde o início da pandemia provocada pelo coronavírus, uma corrida mundial em busca de máscaras de proteção fez com que elas sumissem das prateleiras. O Ministério da Saúde está realizando compras de fornecedores nacionais e internacionais, em grandes quantidades, para garantir a proteção dos profissionais de saúde, que trabalham na assistência às pessoas doentes.

Antes havia um discurso de que pessoas saudáveis não precisavam desse objeto, mas com a evolução da doença, o Ministério da Saúde publicou no início do mês novas orientações sobre o uso de máscara para a população e informou que máscaras de pano são tão eficientes quanto máscaras cirúrgicas ou N95 para prevenir a transmissão. “O uso de máscaras é recomendado para as pessoas poderem circular em ambientes públicos, porque recentemente ficou claro que a transmissão por gotícula também se dá quando a pessoa fala, podendo assim contaminar outra pessoa. E por que então não usar máscara cirúrgica? porque elas são recomendadas para os profissionais da saúde e se todos quiserem usar, vai faltar para os profissionais”, considera a médica infectologista Maria dos Remédios.

A médica ainda completa: “Se no mesmo ambiente algumas pessoas usarem máscaras e outras não, a COVID-19 continuará a contaminar muitas pessoas e sobrecarregar os serviços de saúde”. A médica também incentiva as pessoas sem condições de comprar máscaras para si e sua família a procurar instituições públicas e privadas e indivíduos que estejam produzindo e distribuindo para a população carente.

Além de eficiente, é um equipamento simples, que não exige grande complexidade na sua produção e pode ser um grande aliado no combate à propagação do coronavírus no Brasil, protegendo você e outras pessoas ao seu redor.

A popularização da máscara
Assim, com a falta do produto e as orientações para serem usadas por todo mundo, a confecção de máscaras caseiras tem se tornando um fenômeno mundial e qualquer cidadão pode fazer a sua em casa.

Mas antes de se tornar um fenômeno, mulheres de comunidades da área Itaqui Bacanga já se movimentavam para ajudar a proteger as pessoas mais próximas. Há cerca de 1 mês, pouco depois do novo coronavírus ter sido declarado pandemia, 9 mulheres do “Clube de Mães da Vila Verde” e do projeto “Mulheres em Ação Bacelar” se reuniram   produzir máscaras de TNT (tecido não tecido) e doar a quem precisa, para evitar que pessoas dos grupos de risco ficassem expostas ao COVID-19. De lá para cá já foram doadas cerca de 2 mil máscaras.

Alessandra Matos, moradora do Residencial Bacelar, é vendedora, mas por conta da pandemia teve que ficar parada. Para ocupar o tempo resolveu se juntar com outras mulheres por uma causa nobre. “A intenção era fazer um lençol para doar. Como eu levei uns TNTs tive a ideia de confeccionar as máscaras. Quando a gente fez 10 a Karla Almeida colocou no grupo que a gente tem no whatsapp. A partir daí as pessoas começaram a pedir e quando a gente menos esperou já estava chegando doação de material para a gente fazer mais”, contou Alessandra.

Produção de 100 máscaras por dia

Em média as costureira do Bacelar, Alessandra, Bianca e Dara fazem 100 máscaras por dia, com doações de materiais que chegam de amigos e vizinhos e que são distribuídas na comunidade, para amigos e outras entidades. “Nós fazemos tudo conforme as orientações dos órgãos de saúde, é tudo higienizado, tudo certinho, dentro dos conformes”, disse Alessandra.

A Karla Matos, agente de endemias, também ocupou o tempo de afastamento costurando. Integrante do Clube de Mães da Vila Verde, ela, Ana Cristina Moraes, Ana Clara Oliveira, Maria Raimunda, Elzenir Trovão e Deysiane Costa conseguem confeccionar 250 máscaras por dia. “Dentro desse grupo de mulheres o que me chamou a atenção foi a falta de dinheiro para comprar os materiais. Primeiro fizemos para a família, percebemos a aceitação, vimos que tínhamos as máquinas, e o conhecimento, então só nos faltava os materiais para fazer. Começamos e não paramos mais”, disse Karla.

Além de fazerem as máquinas, saírem para doar, elas ainda encontram multiplicadores, gente que aprendeu com elas e passou a fazer também em seus grupos, suas comunidades. “Eu sinto uma satisfação de saber que estamos repassando conhecimento, solidariedade. Se todo mundo fizer um pouco, todo mundo se protege”.

Apesar de ser uma boa iniciativa, elas informam que dependem de doações para continuar ajudando quem mais precisa. 

Quem quiser fazer doações pode entrar em contato pelos números 987879158 (Alessandra Matos), 981902837 (Ana Cristina), 999114403 (Karla Almeida).

As mulheres também aguardam o fechamento de uma proposta feita por uma instituição para que elas façam seus trabalhos em um local mais amplo, além de receber doações de materiais para que possam produzir mais máscaras caseiras,

A máscara correta

Para ser eficiente como uma barreira física, a máscara caseira precisa seguir algumas especificações, que são simples. É preciso que a máscara tenha pelo menos duas camadas de pano, ou seja dupla face. E mais uma informação importante: ela é individual. Não pode ser dividida com ninguém. 

As máscaras caseiras podem ser feitas em tecido de algodão, tricoline, TNT ou outros tecidos, desde que desenhadas e higienizadas corretamente. O importante é que a máscara seja feita nas medidas corretas cobrindo totalmente a boca e nariz e que estejam bem ajustadas ao rosto, sem deixar espaços nas laterais.

Além dos cuidados básicos de prevenção, como lavar as mãos com água e sabão e fazer o uso do álcool em gel, é necessário fazer a higienização das mãos sempre quando for utilizar as máscaras e após utilizá-las. Também é importante ressaltar os cuidados após utilizar as máscaras, como evitar tocar em sua parte externa, e não levar as mãos ao rosto, olhos, boca e nariz. O descarte deve ser feito de forma correta e segura, para evitar a contaminação do ambiente.

Os cuidados com a máscara

  • A máscara é individual. Não pode ser dividida com ninguém, nem com mãe, filho, irmão, marido, esposa etc. Então se a sua família é grande, saiba que cada um tem que ter a sua máscara, ou máscaras;
  • A máscara pode ser usada até ficar úmida. Depois desse tempo, é preciso trocar. Então, o ideal é que cada pessoa tenha pelo menos duas máscaras;
  • Use a máscara sempre que precisar sair de casa. Saia sempre com pelo menos uma reserva e leve uma sacola para guardar a máscara suja, quando precisar trocar;
  • Chegando em casa, lave as máscaras usadas com água sanitária. Deixe de molho por cerca de 30 minutos.
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