UnB tem cerca de 120 projetos de pesquisa sobre o novo coronavírus
Professores e alunos da Universidade de Brasília arregaçam as mangas e mostram que o meio acadêmico tem força e vontade para ajudar a vencer o novo coronavírus. Pesquisas, estudos e laboratórios reforçam o arsenal do Distrito Federal
Enquanto os profissionais da saúde e da segurança encabeçam a linha de frente no enfrentamento ao novo coronavírus, cientistas e pesquisadores nas universidades debruçam-se sobre estudos na busca de entender e ajudar, da forma que puderem, na batalha contra um inimigo comum. Considerada uma das maiores do país, a Universidade de Brasília (UnB) mostrou que está disposta a reforçar na batalha, e atualmente trabalha com cerca de 120 projetos sobre a temática, que, somados, representam R$ 75 milhões em pesquisas.
Segundo a decana de Projetos Institucionais, Cláudia Amorim, foi obtido, até o momento, o aporte de R$ 30 milhões por meio da Fundação de Apoio à Pesquisa do Distrito Federal (FAP-DF). “Temos mais ou menos 1/3 dos trabalhos contemplados. Para os demais, buscamos apadrinhamento de financiadores”, detalha. “São projetos de vários campos, porque todos têm algo a contribuir. Temos pesquisas desde a área da saúde à psicologia, comunicação, educação, engenharia, antropologia, arquitetura e muito mais.”
Exemplo disso é o Departamento de Farmácia, que emprestou uma máquina usada para diagnósticos em testes da Covid-19 para o Laboratório Central de Saúde Pública do Distrito Federal (Lacen). A ideia é que o equipamento auxilie quando o DF atingir o pico de casos. O aparelho se soma aos outros três em funcionamento. Fabiano Queiroz Costa, gerente de biologia médica do Lacen, explica que a unidade montou um arsenal, pronto para atender às demandas de exames, caso aumentem. Estão a postos mais quatro máquinas, e outras duas devem chegar nos próximos dias, recém-adquiridas pelo Governo do Distrito Federal (GDF).
Hoje, fazemos avaliação de mil amostras por dia. A gente está montando uma estrutura prevendo um cenário mais dramático, com capacidade instalada para mil amostras diárias
garante.
Com a escalada de casos, Fabiano agradece a ajuda da universidade. “Todo apoio é bem-vindo.” Um aparelho como o que foi emprestado custa, em média, cerca de R$ 200 mil, mas versões mais complexas podem chegar a R$ 500 mil, calcula o professor Francisco de Assis Rocha, do Departamento de Farmácia.
O Lacen está indo muito bem, conseguindo fazer os exames que chegam. Não sabemos quando será o pico em Brasília, então cedemos a máquina por precaução.
Minha máquina hoje foi colocada em uma sala, preparada para o aumento de demanda. Precisando, ela está pronta. Essa é a primeira vez que algo assim acontece. Uma pandemia nessas proporções nunca ocorreu aqui em Brasília
destaca.
Para o professor, o momento fez com que muitos acadêmicos se manifestassem. “A universidade está muito preocupada em ajudar, não só no diagnóstico.” Nefrologista, ele está desenvolvendo uma pesquisa sobre o impacto da doença em pacientes renais crônicos. “São pessoas que, três vezes por semana, fazem diálise. Grande parte é de idosos ou com problemas de hipertensão e diabetes, e, como precisam fazer o tratamento, não podem ser isolados. Então, vamos estudar como esse grupo de risco é afetado.”
Dados
- R$ 30 milhões: Aporte recebido pela UnB para pesquisas sobre coronavírus;
- R$ 75 milhões: Valor necessário para viabilizar todos os estudos;
Para saber mais
PCR – Conhecida como PCR (Polymerase Chain Reaction), o aparelho analisa as amostras de DNA colhidas da garganta e mucosa nasal de pacientes, para identificar se há o vírus testado.