Solidariedade em meio ao medo do coronavírus
Ludovicenses manifestam atos de solidariedade para ajudar pessoas que, segundo a OMS, são mais vulneráveis à pandemia do novo coronavírus no mundo
O exemplo começou em outras cidades, mas não importa de onde ele tenha vindo. Se é bom, a gente compartilha e segue. Atos de solidariedade que começaram em outros lugares rapidamente (e que bom) se espalharam pelo Brasil para ajudar durante a pandemia de coronavírus, seja com distribuição de álcool em gel, seja com ajuda para fazer compras na farmácia ou no supermercado. Em São Luís tem uma turma boa que também quer ajudar.
As recomendações da Organização Mundial de Saúde, do Ministério da Saúde e das autoridades estaduais e municipais é de que as pessoas fiquem em casa. A medida visa quebrar a corrente de propagação da doença, evitando o contato entre as pessoas e protegendo especialmente os grupos de risco – idosos e portadores de comorbidade – porque na maioria dos pacientes o coronavírus pode não provocar infecção severa, porém os indivíduos dos grupos de risco – idosos e portadores de comorbidade – podem, sim, morrer por complicações do Covid-19.
Mas e se os idosos não podem sair, quem os ajudará com as compras de alimentos, remédios…? “Eu tenho um pai de 73 anos e sei o quanto pessoas dessa idade são cabeças-duras, não querem ajuda de ninguém, mas a gente se disponibiliza a ajuda-los para proteger a eles e a gente também, porque se eles adoecerem a gente que está em volta pode ficar doente também”. O comentário é de Fernanda Pereira, gerente de empresas, que replicou aqui em São Luís uma rede de solidariedade.
Fernanda é moradora do edifício Cidade de Milão, no Olho D’Água. O mesmo que em dezembro teve um apartamento que pegou fogo. Na época ela montou um grupo de mensagens por aplicativo com moradores de outras torres para ajudar a família do apartamento que perdeu tudo. Agora, com a pandemia do Covid-19, ela direcionou o mesmo grupo para ajudar os moradores da torre dela, idosos ou portadores de comorbidade, caso eles precisem sair de casa. Oito pessoas se dispuseram a ajudar. “O meu tio que mora em Belo Horizonte fez isso no prédio dele e eu achei fantástico, daí resolvi aplicar aqui também e tivemos a adesão de várias pessoas dispostas a ajudar. Na segunda-feira eu listei as pessoas com nome, número do apartamento e contato, imprimi e coloquei nos elevadores e debaixo da porta de cada apartamento dos 12 andares do prédio, porque se a pessoa não pode sair, como ela vai para o elevador? Certo é que estamos à disposição. A gente tem que se ajudar”, disse ela.
Distribuição de vidrinho de álcool em gel
Até o momento da entrevista Fernanda disse que ainda não tinha chegado pedido de ajuda. “Eu tenho idosos na família e eles são mesmo mais teimosos em pedir ajuda. Mas a gente está querendo ajudar. Então, até mesmo quando alguém está na rua, no supermercado, coloca no grupo se alguém está querendo algo, para evitar que as pessoas saiam de casa sem necessidade. Acho importante que as pessoas se ajudem, e que essa rede de solidariedade seja compartilhada. Quanto mais divulgamos, mais espalhamos o bem e outras pessoas fazerem também”, disse.
Ela que trabalha em uma clínica, disse que está viabilizando também a distribuição de vidrinho de álcool em gel. “É provável que nesse período a clínica feche e nós temos um estoque lá que pode se perder. Então vamos fazer a doação para quem não tem e que precisa usar quando estiver na rua”, disse.
Moradores de uma rua no Vinhais também tiveram a mesma ideia. A rua tem 20 casas, algumas delas com idosos.
O casal Valquíria Santana e Luiz Junior, se ofereceram para ajudar com compras ou algo mais que eles precisassem. “Aqui na minha rua também fizemos assim, pois tem vários idosos. Temos um grupo de WhatsApp só com os moradores da rua. Os mais jovens (começamos eu e meu marido) se colocaram à disposição para irem a supermercados, farmácias e até dá suporte se for preciso ir a hospital. Foi pensando na minha mãe e minha sogra (elas têm 72 anos) que moram distante de nós”, disse a jornalista.