Mulheres que vivem juntas conseguem sincronizar a menstruação?
Seria somente coincidência, ou manifestação dos hormônios, ou realmente haveria uma explicação científica para isso?
Apesar de ser algo comum na vida das mulheres, a menstruação ainda levanta questionamentos sobre o funcionamento do corpo feminino durante esse período, o que acaba gerando diferentes mitos e verdades sobre o assunto.
Um dos casos mais curiosos e controversos é o de que mulheres que vivem juntas tendem a menstruar na mesma época. E por que isso aconteceria? Seria somente coincidência, ou manifestação dos hormônios, ou realmente haveria uma explicação científica para isso?
Para advogada Thalissa Fernanda, a tese é verdadeira devido à sua experiência pessoal. “Quando ainda não era casada, eu morava com meus pais e minhas duas irmãs, ou seja, éramos quatro mulheres na casa. Começamos a perceber que nossos ciclos aconteciam em épocas muito próximas. Se as menstruações coincidiam, então a TPM também se manifestava na mesma época. Imagine como ficávamos. Havia muito estresse entre nós, inchaços e sensibilidade todo mês”, conta a advogada que hoje é casada e já não vivencia a sincronia menstrual.
Entretanto, para a ginecologista Lícia Kércia, que conversou com O Imparcial, o fato ainda é bastante controverso.
Por ele não ter base científica, é considerado um mito. “Já houve quem associasse esse fenômeno aos feromônios, que são odores naturais que as pessoas exalam. Porém, isso não pode ser comprovado cientificamente pois o ciclo menstrual é uma dança de hormônios que acontece particularmente em cada organismo feminino e faz com que exista aquele período de sangramento mensal. Esse período depende de uma série de fatores e, devido a inexistência de correlação cientificamente comprovada, essa hipótese é considerada um mito. O que se sabe a respeito é que comportamentos podem fazer com que a mulher passe longos períodos sem menstruar como quando submetidas a situações de estresse intenso. Entretanto, esse fato é individual e cada mulher responde de uma forma diferente”, explica a especialista.
Além da hipótese da sincronia menstrual, muitos outros mitos sobre menstruação ainda sobrevivem. Seja por falta de informação, por ensinamentos passados entre gerações, por crenças religiosas ou apenas senso comum, muitas mulheres ainda têm dúvidas e vergonha sobre determinados mitos.
Quem nunca ouviu falar que andar descalça durante esse período faz mal? Ou que o sangramento é uma espécie de purificação do corpo da mulher? A ginecologista Lícia Kércia comentou sobre outros mitos que permanecem vivos na sociedade.
“TPM não existe”
Mito. Inchaço, irritabilidade, cólicas, cansaço, sono, emoções à flora da pele e desejo por doce, são algumas queixas apresentadas pela maioria das mulheres antes do período menstrual, chamado de Tensão Pré-Menstrual.
Para muitas pessoas a TPM é pura frescura, mas ela realmente existe. “A TPM é um transtorno hormonal que acontece alguns dias antes de ocorrer o sangramento cíclico feminino. Ele pode se mostrar em diversos níveis e já foi cientificamente comprovado. Existem sintomas físicos e emocionais que mostram que a mulher está atravessando o período, e eles podem ser agravados por situações ou experiências pessoais vividas por cada mulher”, confirma a ginecologista.
“Não é possível engravidar durante a menstruação”
Depende. “Na teoria seria verdade se aquele sangramento estiver representando a fase folicular inicial do ciclo, na qual não se tem ovulação e, consequentemente não poderia ocorrer gravidez. Entretanto, o que se observa é que algumas mulheres com descontrole hormonal podem ter ovulação durante períodos em que ainda estão sangrando, levando a uma gravidez caso não esteja utilizando métodos contraceptivos”, alerta Lícia.
“Ter relação menstruada aumenta o risco de contrair e transmitir IST’s”
Verdade. Durante o período menstrual é comum a mulher sentir mais desejo sexual. Embora a lubrificação (e prazer) aumente por conta do sangue, isso não significa que as pessoas estejam livres de contrair Infecções Sexualmente Transmissíveis (IST’s).
Qualquer contato com o sangramento menstrual e outros fluidos aumenta o risco de contrair uma doença. A especialista esclarece que o período menstrual traz mudanças que favorecem a contaminação de doenças: “ter relação menstruada aumenta risco de infecção sexual feminina devido à diminuição da imunidade da mulher durante esse período. Isso contribui para a piora do combate natural do seu organismo contra as infecções, e em relação a infecção masculina, aumenta a chance de transmissão de HIV e hepatites virais”.
“Menstruação com fluxo intenso pode causar anemia”
Depende. “Menstruação com fluxo intenso pode levar à queda das reservas de ferro do organismo. Por isso, é extremamente importante que a mulher com polimenorreia (fluxo grande) seja acompanhada por um ginecologista, a fim de descobrir a causa do problema. O tratamento será feito antes que os níveis de hemoglobina (célula carregadora de oxigênio) diminuam muito, a ponto de trazer algum dano ao organismo”.