Segundo dados do Centro de Hematologia e Hemoterapia do Maranhão (Hemomar), a unidade opera com seus níveis de estoque em situação crítica. Deste início de mês, por exemplo, estão nesta situação os tipos B+, AB+, O-, A-, B- e AB-, apenas os tipos O+ e A+ são considerados adequados, até o momento. Com a campanha, cujo tema é O meu sangue é do tipo Vida+. O Hemomar e os Núcleos de Hemoterapia de Imperatriz, Caxias, Balsas, Santa Inês, Pedreiras, Pinheiro e Codó esperam reforçar os estoques de bolsas de sangue no Maranhão, especialmente para os meses de dezembro e janeiro, já que, assim como julho, as doações caem consideravelmente em razão das férias e festas. “O que fazemos em novembro é visando também o estoque de dezembro, que tem um déficit bem grande, principalmente na segunda quinzena, que tem o Natal e Ano Novo”, diz a coordenadora de captação de doadores do Hemomar, Ana Penha.

Cada bolsa de sangue coletada em uma doação pode beneficiar até quatro pessoas, pois são extraídos os componentes: hemácias, plaquetas, plasma e crioprecipitado. O Hemomar atende todo a rede hospitalar do Maranhão, tanto os hospitais públicos, quanto o particular. A programação busca informar e sensibilizar a população sobre a importância de fazer regularmente a doação na rede do Hemomar, por meio de palestras e coletas externas.

Além de convocar os doadores regulares, a Secretaria de Estado da Saúde (SES) pretende atrair também novos doadores, uma vez que o Hemomar trabalha, regularmente, com estoques mínimos.

Por dia, o Hemomar recebe cerca de 280 doadores voluntários. De cada um, 450mL de sangue são colhidos e selados em uma bolsa. No entanto, nem todo sangue, necessariamente é liberado após passar por exame de detecção de doenças, a sorologia.

Doadora depois que passou por uma situação extrema, a vendedora Ana Raquel Silva, 23 anos, alertou que só quem precisa entende a real importância da doação. “Antes eu nem me atentava para isso, mas tivemos um problema com um membro da família e ele precisou fazer cirurgia e de bolsas de sangue. Daí nós tivemos que mobilizar muitas pessoas e aquilo me despertou para a doação. A gente nunca sabe quando e se um dia vai precisar”, conta.

Especialistas lembram que não há um substituto para o sangue e a disponibilidade é essencial em diversas situações nos hospitais, como cirurgias e tratamento de pessoas com doenças crônicas, como a doença falciforme, a talassemia, e outras que, frequentemente, necessitam de transfusão sanguínea. A manutenção dos estoques de sangue em níveis seguros em todo o país depende da doação regular de sangue que ainda é feita por uma pequena parcela da população brasileira.

Para doar, basta estar em boas condições de saúde, ter entre 16 e 69 anos de idade (menores de 18 anos precisam de autorização) e pesar no mínimo 50 Kg. No dia da doação, é preciso ter dormido ao menos 6 horas nas últimas 24 horas, estar alimentado e não ter ingerido bebida alcoólica nas últimas 12 horas.

Mais de 3 milhões são doadores no Brasil

No Brasil, cerca de 3,3 milhões de pessoas são doadoras de sangue. Isso significa que 16, a cada mil pessoas, doam sangue regularmente.  A Organização Mundial de Saúde (OMS) recomenda que cada país tenha entre 3% e 5% de sua população doadora de sangue frequente. Contudo, no Brasil, o índice fica em 1,8%.

Dentre as regiões brasileiras, o Sudeste foi o que realizou maior número de coletas de janeiro a setembro de 2019, com 1 milhão de bolsas de sangue, seguido pela Região Nordeste (603 mil), Sul (435 mil), Centro-Oeste (211 mil) e Norte (178 mil). O país tem 32 hemocentros coordenadores e mais 2.066 serviços de coleta ligados ao Sistema Único de Saúde.

Todo o sangue coletado na rede pública de saúde passa por um teste de sorologia para identificação de doenças. Além disso, é realizado outro exame, chamado Teste NAT, que reduz a chamada janela imunológica para HIV, Hepatite C e B, tempo em que o vírus já está presente no doador e ainda não é possível sua detecção. A coleta das bolsas de sangue é feita com material descartável, estéril e de uso clínico.

Saiba mais sobre doação

• Estar em boas condições de saúde.
• É preciso ter entre 16 e 69 anos e pesar mais de 50kg
• Pessoas com idade entre 60 e 69 anos só poderão doar sangue se já o tiverem feito antes dos 60 anos
• Menores de 18 anos só podem doar com consentimento formal dos responsáveis
• O intervalo mínimo entre uma doação de sangue e outra é de dois meses para os homens e de três meses para as mulheres
• Estar descansado (ter dormido pelo menos 6 horas nas últimas 24 horas) e alimentado (evitar alimentação gordurosa nas 4 horas que antecedem a doação)
• Somente são extraídos 450 ml de sangue