O Nordeste do Brasil está em 2º lugar no ranking de consumo de orgânicos. Ao todo, a região representa 20% dos consumidores desse tipo de produto, segundo pesquisa da Associação de Promoção dos Orgânicos (Organis).

O “Panorama do consumo de orgânicos no Brasil 2019” entrevistou um total de 1.027 pessoas em todo território nacional e os resultados registram dados importantes para o setor.

Foi possível constar que 19% dos brasileiros consomem algum produto orgânico, 87% comprados na feira e 61% nos supermercados. Entre os tipos de produtos orgânicos mais consumidos, os hortifrutis se mantêm na liderança, sendo 35% frutas, 24% verduras, 21% alface, 16% legumes, 15% tomate e 8% de hortaliças.

A pesquisa revela ainda que, dos 1.027 entrevistados, 75% acham caros os preços dos produtos orgânicos, mas 48% dessas pessoas reconhecem o valor do processo e a saudabilidade. Desses, 47% acham difícil encontrar orgânicos em sua região, assim como acreditam que a diversidade de opções é limitada (52%).

A professora Alana Brito já consome alimentos orgânicos que ela cultiva em sua própria horta, em casa, e acredita que a pequena quantidade de locais que fornece esse tipo de produto em São Luís, acaba dificultando a aquisição. “A nossa produção caseira é pequena diante daquilo que consumimos no dia a dia, então sempre recorremos às feiras ou supermercados para fazer a complementação. Aqui em São Luís, já tem alguns locais que vendem orgânicos, como a Comphex (na CEASA), então sempre que podemos, fazemos nossa feira lá”, disse Alana.

“Quando vamos em grandes cidades, por exemplo, vemos que esse mercado já é mais difundido, o que acaba facilitando o acesso daqueles que desejam consumir esse tipo de alimento. Aqui em São Luís, de uns anos pra cá, tem crescido a oferta e o consumo de orgânicos, até porque tem crescido também a consciência das pessoas em relação à importância de uma alimentação saudável, sem agrotóxicos, pra que haja uma boa qualidade de vida. O mercado é realmente ainda muito pequeno pra quantidade de pessoas que vivem aqui, mas, por outro lado, percebo que pessoas, assim como eu, têm plantado mais em casa, produzindo pelo menos parte do que consomem”, acrescentou a professora.

Alana desenvolveu um amor tão grande por sua horta que, atualmente, tem uma conta no Instagram voltada para o assunto. Lá, a professora compartilha suas experiências, além de dar dicas de como plantar e manter a horta saudável, mesmo para quem tem pouco espaço em casa. “Até em apartamentos você consegue ter alface, rúcula, espinafre, coentro, cebolinha, manjericão, alecrim, tomate. São coisas que em pequenos espaços, tendo um pouquinho de sol, você consegue plantar tranquilamente”, ensina Alana.

Ainda de acordo com a pesquisa da Organis, dos que já consomem produtos orgânicos, 67% estão dispostos a aumentar a compra dos produtos. É possível concluir, então, que na medida em que a renda do brasileiro aumentar, o mercado de orgânicos também vai crescer, pois há motivação e disposição para o consumo.

Alana, por exemplo, já está tentando ter uma alimentação 100% orgânica. “A mudança em direção à alimentação orgânica tem sido gradativa aqui em casa. A nossa meta é consumir muito mais orgânicos do que consumimos atualmente e, pra isso, já estamos trabalhando na ampliação da nossa hortinha. Aquilo que não plantarmos, vamos comprar e priorizar as lojas de orgânicos, ainda que sejam longe de onde moramos”, afirma.

Agrotóxicos

A grande quantidade de agrotóxicos presentes nos produtos, no Brasil, também é um fator que influencia o consumidor. Muitas pessoas evitam adquirir produtos que contenham os defensivos, como forma de prevenir possíveis malefícios causados por essas substâncias. O número de consumidores de produtos orgânicos acaba crescendo junto com a liberação de novos agrotóxicos.

Desde o início deste ano, de acordo com o Ministério da Agricultura, o Governo Federal já concedeu registros para utilização de 382 tipos de agrotóxicos no Brasil.

Só neste mês de outubro, foram registrados seis novos agrotóxicos, 41 genéricos (quando o princípio ativo já existia no mercado) e 10 defensivos biológicos e orgânicos. Foi a segunda autorização em um intervalo de dois meses.

Pensamento Verde

O consumidor de orgânico tem atitudes sustentáveis com frequência: 79% se preocupam com áreas verdes, 42% separa o lixo, e 29% compram produtos biodegradáveis

Confira abaixo como está dividido o consumo de produtos orgânicos no Brasil, por região:

A pesquisa de 2019, mediu o consumo nos últimos 30 dias e dos últimos seis meses. De acordo com a Organis, a conclusão da pesquisa é que, mesmo quem não consome orgânicos, reconhece de valor no produto.

A Pesquisa Consumidor Orgânico 2019 pode ser acessada diretamente no site do Organis.