TERCEIRA IDADE

A felicidade e o bem-estar predominam entre os idosos

Uma pesquisa mostrou que boa parte dos idosos tem orgulho de suas realizações e sente-se jovem para aproveitar a vida

Idosos que participaram da II Caminhada de Valorização da Pessoa Idosa, realizada pela Prefeitura de São Luís, mostraram disposição para atividades. (Foto: Agência São Luís)

Nas próximas quatro décadas a população idosa deve triplicar no país. Esse aumento impõe uma série de desafios para a sociedade, e um deles é entender como os idosos enxergam essa fase da vida. Pesquisas divulgadas no início da década pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatísticas (IBGE) mostram que o número de idosos no Brasil cresce todos os anos muito em função do progresso da medicina, condições socioeconômicas e estilo de vida.

Segundo uma pesquisa realizada em todas as capitais brasileiras pela Confederação Nacional de Dirigentes Lojistas (CNDL) e o Serviço de Proteção ao Crédito (SPC Brasil), com a população acima dos 60 anos, oito de cada dez entrevistados (82%) encaram a terceira idade de forma positiva e atribuem, em média, nota oito para o grau de felicidade com o atual momento.

Os sentimentos positivos que os entrevistados mais vivenciam nesse estágio de vida são tranquilidade (36%), felicidade (30%), disposição para realizar atividades do dia a dia (22%), independência (20%) e produtividade para manter-se ativo (20%). Há ainda 18% de idosos que se consideram saudáveis e 12% que possuem planos para o futuro.

A pesquisa demonstra que, ao contrário de décadas anteriores, pertencer à terceira idade hoje em dia não significa, necessariamente, sentir-se velho. De modo geral, 75% dos idosos atribuem a essa etapa da vida características positivas como ter mais sabedoria (40%), orgulho das próprias realizações (37%) e sensação de dever cumprido (35%).

Embora 42% dos entrevistado não tenham respondido o quanto esperam viver, a expectativa entre os que responderam é de 90 anos, em média. A aposentada Maria das Graças Sousa completou 70 anos recentemente e diz que não sente o peso da idade. Ativa e saudável, ela conta que procura sempre novas atividades e ocupações, pois acredita que uma mente saudável comanda todo o resto.

“Faço parte de um grupo da terceira idade aqui na minha comunidade, pratico hidroginástica, faço meus exames e consultas regularmente, faço trabalho manuais e também as tarefas de casa. Graças a Deus, tive uma vida que me possibilitou cuidar da família, mas também cuidar de mim para envelhecer com saúde”, diz a aposentada.

Mesmo que a terceira idade seja vista de maneira positiva para a maioria dos idosos, 56% dos entrevistados enxergam algum atributo negativo atrelado a essa fase da vida, sobretudo pela perda da saúde (29%), não encontrar oportunidades no mercado de trabalho (15%), sentir-se desrespeitado (14%) e depender de outras pessoas (14%).

“Os brasileiros estão envelhecendo melhor. Hoje, a população acima de 60 anos está mais ativa, gosta de manter um bom convívio social e de estar bem informada, além de ter uma preocupação maior com a aparência e até fazer planos para o futuro, porque ainda espera viver muito mais”, avalia a economista-chefe do SPC Brasil, Marcela Kawauti.

Aproveitar a vida

Para a maioria dos entrevistados, retardar efeitos do envelhecimento não é prioridade; 61% se sentem jovens para aproveitar a vida.

Programação da Semana do Idoso promovida pela prefeitura. (Foto: Agência São Luís)

A pesquisa indica que 34% têm se sentido mais vaidosos — percentual que sobe para 40% na população entre 60 e 69 anos — e boa parte procura se cuidar com frequência para viver mais, seja por meio de medicamentos para melhorar a saúde (71%) ou por tratamentos e atividades físicas (37%).

Ainda de acordo com o estudo, 61% afirmam sentir-se jovens para aproveitar a vida, enquanto 38% reconhecem já ter sofrido algum tipo de discriminação por não serem mais tão novos. Integrante do Coral Canto de Luz, da Universidade da Terceira Idade (Uniti-UFMA), Apolônia do Nascimento afirma que a interação com os colegas da instituição contribui para uma melhor qualidade de vida.

“Eu entrei na Uniti em 1999, e, de lá para cá, minha vida tem sido mais prazerosa e feliz, pois na universidade realizamos várias atividades e oficinas que nos proporcionam a interação e o convívio social.O coral é uma das atividades desenvolvidas dentro do programa, o que me fortalece muito, porque eu adoro cantar, fazendo-me feliz no dia a dia”, disse.

O Coral Canto de Luz abriu as atividades da 8ª Feira de Valorização Cultural da Pessoa Idosa, realizada na Casa do Maranhão e promovida pela Defensoria Pública do Estado. O evento foi realizado em alusão ao Dia Estadual, Nacional e Internacional do Idoso, com o objetivo de promover o protagonismo do idoso, por meio de atividades lúdicas, na perspectiva de sensibilizar a sociedade para um envelhecer digno.

Idosos conectados

Aprender novas habilidades, estimular a capacidade cognitiva e cultivar a convivência social são essenciais para manter-se ativo na terceira idade. E a tecnologia vem contribuindo quanto às formas de se relacionar com as pessoas e com o mundo.

Seis em cada dez entrevistados possuem smartphone com acesso à internet (68%). Cerca de 47%  costumam ficar conectados todos os dias, com uma média de acesso de seis dias por semana. Dentre o público da terceira idade que utiliza a internet, 77% acessam por smartphone, 40% pelo computador, 30% por meio do notebook e 14% pelo tablet.

Segundo os entrevistados, os principais motivos para navegar na internet são

manter o contato com conhecidos (68%), ficar informado sobre os principais assuntos que acontecem no mundo (47%), buscar informações sobre produtos e serviços (44%), fazer transações bancárias (28%), não ficar ultrapassado (21%) e fazer compras (21%).

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