Estética ou saúde?

Benefícios e malefícios das cirurgias plásticas

Procedimentos cirúrgicos não devem ser feitos por pessoas sem a formação necessária, apontam especialistas; O pós-operatório é a fase mais importante da recuperação

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Em um dia normal, como outro qualquer, ao mirar-se no espelho, você percebe que a sua pele não está tão viçosa como há algum tempo. Olhando mais detalhadamente, fica visível aquela ruga ao redor dos olhos que há pouco não estava ali.

Será que apareceu de repente ou havia passado despercebida? E aquele bigode chinês, que antes não incomodava e hoje apareceu, tão marcado pela ação do tempo? Ah! A bendita ponta do nariz, que aos seus olhos já não era harmoniosa, agora despencou consideravelmente.

Como se não bastasse, ainda tem aquelas bolsas sob os olhos, que estão cada vez mais aparentes e escuras, deixando o olhar cada vez mais cansado.

Descendo o olhar para a parte inferior do corpo, aparecem diante dos seus olhos, uma barriga que precisa de reparos e seios que merecem próteses de silicone, imediatamente. Ah, Deus! Quanto mais você aproxima o rosto e o corpo do espelho, vão aparecendo defeitos incontáveis.

Então você respira fundo e pede calma a si mesma, já entrando em momento intimista de desespero. Surge, em um misto de exagero, a dúvida: o que fazer? Chiliques do universo da vaidade feminina, levados muito a sério, pelas mulheres ,e criticado, veementemente, por determinados homens e por alguns especialistas.

Para entendermos melhor, o Dr. Júpiter Newler Duarte, cirurgião plástico e membro da Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica (SBCP), comenta com propriedade sobre o assunto. Para ele, entre paciente e médico, a segurança surge da intimidade que vai sendo construída a cada visita em seu consultório, o que chama de degrau a ser conquistado. “Quando o paciente vem ao meu consultório pela primeira vez, somos estranhos um para o outro, mas, ao longo do tempo, vamos nos conquistando aos poucos, derrubando obstáculos, tirando dúvidas, que carecem de ser bem explicadas a cada contato feito”.

Segundo o doutor, muitas vezes é necessário trazer o paciente do sonho para a realidade do ambiente hospitalar. “Sou muito sincero quando converso com meu paciente. Explico todos os riscos e pormenores do procedimento a ser feito, pois têm pessoas que acham que, ao sair do hospital, já podem ir direto ao shopping fazer compras ou desfilar”. Acrescentou que, infelizmente, a cirurgia plástica e os procedimentos estéticos vêm sendo banalizados, ao longo dos anos, e essa banalização está comprometendo, acima de tudo, a segurança dos pacientes. “Muitos procedimentos estão sendo realizados por pessoas sem a formação necessária, mas agindo como especialistas, colocando em riscos desnecessários, pessoas ávidas por mudanças estéticas”.

Dicas importantes

Quando for buscar um médico para realizar a tão sonhada cirurgia, o primeiro passo é a escolha do profissional. “Ele é mesmo um especialista ou alguém disse que ele é? Jamais tenha medo de perguntar se ele é um cirurgião ou especialista, pois é direito seu saber. Pergunte: é da cidade? Caso não seja, isto pode ser um agravante, pois, após a cirurgia, ele certamente voltará para o seu local de origem. Quem ficará responsável por você, caso aconteça algo de errado no pós-cirúrgico? Quem ele deixou para cuidar de você? Se deixou, essa pessoa sabe exatamente quais os procedimentos realizados na sala de cirurgia? Ela estava lá? Faz parte da equipe médica? Se não, você fez uma escolha errada. Busque um hospital com todos os recursos necessários, para que, em caso de intercorrências, durante a cirurgia, você possa ser bem assistida”, alertou o médico.

Foi exatamente isso que fez a radiologista Janete Oliveira, de 49 anos. Ela buscou boas referências sobre o cirurgião, quando resolveu fazer a tão sonhada cirurgia plástica. “Por três anos me senti triste e com a autoestima baixa por estar com 98 quilos e usando manequim número 52”.

Ela afirma que sempre encontrava dificuldades para lidar com o olhar das pessoas, principalmente quando entrava em uma loja e a vendedora dizia que não tinha o tamanho de roupa procurado. “Era tão difícil viver fora do padrão de beleza estabelecido pela ditadura da magreza, ditado pela sociedade, que resolvi procurar ajuda psicológica.

Logo nas primeiras sessões, ela (a psicóloga) me sugeriu fazer cirurgia de redução de estômago, com o que prontamente concordei. Foi um sucesso! Agora estou me sentindo linda, com 67 quilos e me amando muito”, declarou.

Depois de tantas mudanças e com a autoestima elevada, Janete lembra que procurou muitas clínicas e conversou com muitos médicos, até encontrar no Dr. Júpiter a segurança que buscava. “Ele não te engana, é humano e sincero, fala dos riscos e da importância do acompanhamento pós-cirúrgico com fisioterapeutas para realizar as drenagens, que ele faz questão de acompanhar nas primeiras sessões. “Realizarei dois sonhos: fazer minha plástica e casar linda como sempre desejei”, suspirou.

Acompanhamento psicológico

Ter um acompanhamento antes da cirurgia é importante e depois também, como alerta a psicóloga Renata Saldanha. “Quando se fala em cirurgia plástica cosmética ou estética é importante considerar riscos e benefícios psicológicos. Alguns estudos apontam que, em muitos casos, a busca por esse tipo de procedimento pode ser uma tentativa de compensar problemas de autoestima ou, até mesmo, sintomas de transtornos psiquiátricos mais graves.

Nesses casos, o procedimento pode não apenas ser ineficaz para os objetivos de quem busca, como também aumentar as chances de piora da autoestima, alterações da autoimagem corporal e, como consequência, o vício por cirurgias plásticas, em uma busca sem fim pela perfeição”, adianta Renata Saldanha Silva, Psicóloga Clínica, Mestre em Psicologia, Terapeuta Cognitivo-Comportamental e Membro da Federação Brasileira de Terapias Cognitivas.

Segundo ela, muitos candidatos a tais cirurgias apresentam tanta dificuldade para lidar com o próprio corpo, que passam muito tempo sem se olhar no espelho, evitando o mal-estar de perceber alguns defeitos. Entretanto, ao evitar contato com seu corpo real, pode-se criar uma ideia distorcida de suas características e, como consequência, uma expectativa irreal acerca dos resultados.

A importância da fisioterapia

A fisioterapeuta pós-graduada em fisioterapia neurofuncional, Cristina Paolucci, fala o quanto é importante a reabilitação postural. “Através de técnicas de alinhamento articular, muscular e de tonificação, que visam, além da correção de deformidades, otimizar os resultados das intervenções estéticas, e, em alguns casos, corrigi-las totalmente”, pontuou.

O fisioterapeuta dispõe de técnicas como, por exemplo, a Reeducação Postural Global (RPG) e o Pilates, que podem ser aplicadas tanto no pré quanto no pós-operatório, corrigindo as deformidades advindas da má postura, que podem gerar acúmulo de gordura localizada, retenção de líquidos e fraqueza muscular.

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