Saiba quais são as causas do ronco
O diagnóstico acompanhado por um médico é essencial para descobrir até que ponto o ronco deixa de ser um mero incomodo para ser considerado uma doença que precisa de tratamento
Por que algumas pessoas roncam mais do que outras? Quais são as causas do ronco? Ele pode ser perigoso à saúde? O ronco ocorre toda vez que o ar que respiramos passa em turbilhão pelas vias respiratórias encontrando uma barreira ou obstáculo em sua passagem.
O ronco pode acontecer em qualquer faixa etária, porém, é duas vezes mais frequente em homens do que em mulheres. O problema atinge 25% dos adultos jovens. Este percentual sobe para 50% em homens acima dos 60 anos. A grande maioria dos parceiros se incomoda, tanto que, na maioria das vezes, o diagnóstico é feito pelo parceiro e não pelo paciente.
Alguns motivos podem levar a pessoa a roncar, segundo a especialista Jeanne Oiticica, médica otorrinolaringologista, otoneurologista e Chefe do Grupo de Pesquisa em Zumbido do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da USP.
Entre eles estão o excesso de tecido na garganta, obesidade, abuso de álcool, uso de determinados medicamentos, desvio de septo nasal (o septo nasal é uma parede constituída por osso e cartilagem, que separa a narina direita da esquerda, tem cerca de 8 cm de comprimento, atravessa o centro da face indo da ponta do nariz até a altura das orelhas), hipertrofia de cornetos nasais (estruturas esponjosas que crescem e retraem dentro do nariz, importantes no aquecimento e na umidificação do ar que respiramos), adenóide (tecido de aspecto amoriforme que cresce no fundo do nariz, na sua transição com a garganta), amígdalas volumosas (estruturas que se localizam a cada lado da língua e que também possuem aspecto amoriforme), língua volumosa, palato mole rebaixado (tecido muscular mucoso que fica no fundo da garganta logo acima da língua), úvula longa (tecido em forma de campainha ou penduricalho que existe no fundo da garganta), retroposicionamento da língua (língua posicionada muito ao fundo da garganta), micrognatia (mandíbula pequena), genética (distúrbios na formação do colágeno por exemplo) e flacidez (falta de tônus e rigidez no tecido).
“O ronco primário (isolado, sem outros sintomas associados) não é considerado doença e sim uma questão estética, já que acaba incomodando pessoas em nossa volta. Porém, se o ronco estiver associado à apnéia do sono (pausas respiratórias durante o sono) pode trazer malefícios, já que impacta no funcionamento de órgãos e tecidos de todo o corpo, reduz a oxigenação destes durante o sono, além de interferir nas fases e ciclos do sono. Os malefícios incluem sonolência diurna, cefaleia, déficits de atenção e memória, irritabilidade, sobrecarga ao coração, derrame cerebral, aumento do risco de morte, entre outros”, explica Dra. Jeanne.
Tratamento – É preciso descobrir a causa do ronco e corrigi-la. Nos casos de obesidade e sobrepeso, por exemplo, o tratamento é feito a partir do controle de peso. “Se a causa for um determinado medicamento que a pessoa estiver usando, suspende-se o medicamento, é claro, se isto for possível. E assim por diante. Existem ainda inúmeros tratamentos disponíveis para o ronco, incluindo aparelho intraoral, procedimentos cirúrgicos, e no caso de ronco com apneia associada, a depender do caso, CPAP (aparelho que proporciona pressão positiva nas vias aéreas durante o sono)”, conta a especialista.
Perfil Dra. Jeanne Oiticica
Médica otorrinolaringologista, formada pela Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo. Orientadora do Programa de Pós-Graduação Senso-Stricto da Disciplina de Otorrinolaringologia da Faculdade de Medicina da USP.
Chefe do Grupo de Pesquisa em Zumbido do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da USP. Professora Colaboradora da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo. Responsável do Ambulatório de Surdez Súbita do hospital das Clínicas – São Paulo.