dos 15 aos 29 anos

Câncer é a doença que mais mata jovens

É a primeira vez que é apresentado um panorama completo do câncer entre os mais novos no Brasil.

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O câncer é a segunda causa de morte entre crianças e adolescentes no Brasil. Fica atrás apenas das chamadas causas externas, como acidentes e assassinatos. Dos 15 aos 29 anos, é o que mais mata entre as doenças, de acordo com pesquisa divulgada pelo Instituto Nacional de Câncer (Inca). Já vitimou 17.527 jovens entre 15 e 29 anos, de 2009 a 2013. As leucemias, os linfomas e os tumores do sistema nervoso central são os tipos mais comuns.

É a primeira vez que é apresentado um panorama completo do câncer entre os mais novos no Brasil. Por meio do estudo Incidência, mortalidade e morbidade hospitalar por câncer em crianças, adolescentes e adultos jovens no Brasil: Informações dos registros de câncer e do sistema de mortalidade, divulgado pelo Inca em parceria com o Ministério da Saúde, é possível mapear a doença de acordo com a faixa etária e a região do país.

“É uma doença própria do adulto. A biologia do câncer na criança é diferente. É mais agressivo e, ao mesmo tempo, tem maior sensibilidade à quimioterapia, por isso a chance de cura é maior. São cânceres primários de células mais imaturas, com taxa de produção maior, que se multiplica, se espalha pelo organismo. A criança está em crescimento e as células se dividem mais rápido”, explica Isis Magalhães, oncologista pediátrica do Hospital da Criança de Brasília.

“Não tem medidas de prevenção. No adulto, as causas estão bem determinadas, mas em crianças não existe fator ambiental ou causal. A maior arma é saber diagnosticar e encaminhar para um centro especializado com médicos de diferentes especialidades”, adverte.

O câncer tem padrões diferenciados nas três faixas etárias: crianças (até 14 anos), adolescentes e adultos jovens (15 a 29 anos) e adultos (acima de 30 anos). O estudo indica que os tumores mais frequentes em adolescentes e adultos jovens são os carcinomas (34%), linfomas (12%) e tumores de pele (9%). Enquanto em crianças, as leucemias e linfomas são mais comuns.

Uma das autoras do estudo e doutora pesquisadora do Inca, a médica Beatriz de Camargo explica a importância do diagnóstico. “O câncer em crianças, adolescentes e adultos jovens é considerado uma doença rara, mas existe e é a principal causa de morte por doença neste grupo etário. Ele é curável, mas é preciso ter conhecimento de que existe e fazer o diagnóstico”, afirma.

Os números também indicam estabilidade na taxa de mortalidade. A média entre adolescentes e adultos jovens (15 a 29 anos) foi de 67 por 1 milhão. Até 14 anos, ficou em 32,07 por milhão, e de 44,25 por milhão até 19 anos, no período de 2009 a 2013. “O importante é não temer o nome câncer. O paciente deve ser encaminhado para um centro de tratamento especializado o mais precoce possível para que esteja em um bom estado clínico”, reforça Magalhães.

Referência

José Anderson Pereira, 46 anos, é pai de Gustavo Murilo Pereira, de 4 anos, diagnosticado com leucemia em 2015. “Ele apresentou manchas pelo corpo, dificuldade para comer e dormir. Levamos ao hospital e, quatro dias depois, confirmaram o câncer”, conta. Depois de terminar o tratamento com quimioterapia, a família aguarda o transplante de medula óssea, que será realizado em São Paulo. “Já temos uma doadora. A viagem estava marcada, mas ele precisou tratar uma pneumonia”, afirma.

Ilda Peliz, presidente da Abrace, que há 20 anos oferece assistência a crianças com câncer na capital, explica que o tratamento vai além do hospital. “Não adianta a criança receber tratamento se chega em casa e não tem condições mínimas. As chances de piorar a doença são grandes. Com a ajuda da sociedade, reformamos casas para garantir um mínimo de qualidade de vida.” Referência no tratamento, a capital recebe famílias das regiões Norte, Nordeste e de cidades vizinhas.

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