Fim da DItadura

40 que mudaram os rumos do Brasil pela democracia

No dia 15 de março de 1985, José Sarney assumiu a presidência da República como o primeiro presidente civil depois de 21 anos de ditadura.

No dia 15 de março de 1985, José Sarney assumiu a presidência da República como o primeiro presidente civil depois de 21 anos de ditadura

Os 40 anos da mais profunda transformação que a história do Brasil registra, começaram no dia 15 de março de 1985, quando o então vice-presidente José Sarney prestou juramento de posse no Palácio do Planalto. em artigo intitulado “40 Anos de Liberdade”, publicado nesta sexta-feira, Sarney relatou os momentos mais tensos da transição democrática que acabou em suas mãos: “A realidade imitava a ficção. O país atônito.

Os políticos envoltos em perplexidades não tinham nenhum grupo mobilizado. Reuniam-se improvisadamente na Câmara e no Senado. Os jantares organizados para antecipação da festa se transformavam em desorientação e tristeza”.

Na próxima terça-feira, 18/03, o Senado vai promover sessão especial para homenagear o ex-presidente José Sarney pelos 40 anos de redemocratização do país. Por seu lado, a Agência Senado, criada por Sarney, lançou nesta sexta-feira, 14, um hotsite sobre os 40 anos, com conteúdos especiais, além de reportagens inéditas em todo o sistema de comunicação da Casa.

No entender do senador Jorge Cajuru, autor da homenagem a Sarney, além da Constituição de 1988, que marcou a história do País, o retorno ao Estado Democrático de Direito só foi possível graças à mobilização popular de 1984 e o empenho de inúmeras lideranças políticas.

José Sarney sobe a rampa do Congresso, com sua esposa Marly | Fonte: Agência Senado

Haverá ainda, na sessão especial, o relançamento do livro “Explode um novo Brasil” do jornalista Ricardo Kotscho. Trata-se de um relato detalhado sobre a campanha pelas Diretas Já, em 1984. Como um diário de bordo, a obra reúne reportagens, análises e bastidores dos principais comícios e articulações políticas, com destaque para o papel de Ulysses Guimarães, Tancredo Neves, Leonel Brizola e Lula, entre outros.

Também o jornalista José Augusto Ribeiro conta em “Tancredo Neves — A Noite do Destino”14/03) que o general João Figueiredo tão logo soube da internação do presidente eleito Tancredo Neves, sugeriu ao ministro do Exército, Walter Pires, que se movimentasse para Sarney não assumir. O general, porém, fora destituído, pois a dispensa dos ministros estava publicada no DOU.

Quem o avisou foi Leitão de Abreu, usando de uma artimanha: disse que a exoneração foi publicada antecipadamente, por engano — como registra a jornalista Regina Echeverria em “Sarney, a Biografia”. Pires não mandava mais nada. Na frenética madrugada de 15 de março, houve uma reunião entre o presidente do Senado, José Fragelli, e Ulysses, com os líderes dos partidos nas Casas do Congresso.

Diz a ata do encontro, catalogada nos anais do Senado, que “ouvidos todos os presentes, houve inteira concordância no sentido de que, mediante a apresentação de laudo médico que comprove a impossibilidade de o presidente eleito ser empossado na solenidade do dia 15, a Mesa do Senado deverá dar posse ao vice-presidente eleito José Sarney.

O Jornal da Unicamp aborda a posse de Sarney, que encerrou os 20 anos da ditadura militar. Diz que as principais lições dos 40 anos de redemocratização se resumem no que se viu no país nas últimas eleições de 2022 e no fracasso da tentativa de golpe de Estado.

“Há também uma série de práticas mais cotidianas da violência de agentes de Estado que já faz parte dessa transição inacabada, como a violência policial e a falta de controle sobre as polícias”, apontou o cientista político Frederico de Almeida, professor do Departamento de Ciência Política do Instituto de Filosofia e Ciências Humanas (IFCH) da Unicamp.

Com a tragédia da morte de Tancredo em 21 de abril, Sarney assume definitivamente a República – uma herança da Aliança Democrática em meio ao trauma da doença e sombra do passado desastroso. Sarney teve o desafio de legitimar-se pela ação, tornando uma conquistaa volta dos militares aos quartéis.

Em seguida ele tirou os partidos de esquerda da clandestinidade, ampliou a liberdade de imprensa, dos sindicatos, liberou as manifestações e convocou a Constituinte com eleições diretas; criou o Mercosul com Raúl Alfonsín; instalou as reformas agrária, política, cultural e do meio ambiente. Criou o SUS e enfrentou 12 mil greves. O PIB cresceu 8,5%, apesar do fracasso de três planos econômicos. Com tudo isso, a Democracia venceu – o maior legado.

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