ANÁLISE

Pesquisa eleitoral: entenda por que os resultados divergem

O Imparcial conversou com especialistas e cientistas políticos para compreender as diferenças das pesquisas e saber como elas podem influenciar o voto.

Como nem todas as pesquisas são iguais ou usam a mesma metodologia de afeição em seus questionamentos, os números apresentados pelas pesquisas refletem diretamente em seus resultados. (Foto: Reprodução/Internet)

As pesquisas eleitorais são consideradas um termômetro do cenário político e podem interferir na escolha do eleitor na hora do voto.

Como nem todas as pesquisas são iguais ou usam a mesma metodologia de aferição em seus questionamentos, os números apresentados pelas pesquisas refletem diretamente em seus resultados, mesmo com a justificativa que os percentuais estão dentro da margem de erro.

E foi por conta dessa diferença de resultados entre as pesquisas apontadas pelos institutos especializados na formação de cenários políticos e até que ponto elas podem influenciar no resultado final da votação que O Imparcial conversou com especialistas e cientistas políticos.

Para o pesquisador Peter Vieth, Doutor pela Universidade de Brasília, diretor da Luneta Pesquisas, se faz necessário entender alguns princípios básicos para se avaliar uma pesquisa e seus resultados.

“Os parâmetros indicam o quanto o resultado da pesquisa pode ser generalizado para a população” – Peter Vieth (Doutor pela Universidade de Brasília, diretor da Luneta Pesquisas).

“Sempre quando se fala em pesquisa, escuta-se: ‘margem de erro’ e ‘intervalo de confiança’. Esses parâmetros indicam o quanto aquele resultado da pesquisa pode ser generalizado para a população”, diz Peter Vieth.

Segundo ele, por exemplo, em uma cidade que tem 1 milhão de habitantes, pode-se entrevistar mil pessoas e garantir uma margem de erro perto de 3%. Isso é o mesmo que dizer que se se entrevistasse a população toda, de um milhão, o resultado não seria diferente do que obtive com 1000 entrevistas, guardada a margem de erro de 3% para mais ou para menos.

O pesquisador explica que o intervalo de confiança indica a probabilidade de o resultado real estar contemplado na margem de erro. Peter Vieth, afirma que, “no entanto, a margem de erro e o intervalo de confiança só valem se respeitado princípio anterior na escolha da amostra, a aleatoriedade, que é ponto chave para garantir a qualidade de uma pesquisa”.

Peter Vieth acrescentou que para interpretar mil respostas e dizer, com essas mil respostas, o que a população quer dizer, o que as pessoas estão pensando, o instituto precisa garantir que as pessoas que estão sendo entrevistadas sejam escolhidas ao acaso. Ou seja, foram sorteadas dentro desse universo de 1 milhão de pessoas.

“A aleatoriedade é a garantia de que cada um dos indivíduos dentro desse 1 milhão tem a mesma chance de ser entrevistado que os outros. É como se fosse realmente um sorteio.”, enfatizou Vieth.

O pesquisador também revelou que além da aleatoriedade é importante levar em consideração as características da população na escolha da amostra.

A proporcionalidade de homens e mulheres, faixa etária, distribuição por bairro, por renda e outros parâmetros devem ser respeitados para que o resultado realmente represente a população geral.

“Quanto melhor for a amostra, ou seja, a qualidade da seleção das pessoas que participaram da pesquisa, mais confiável é o resultado daquela pesquisa”, afirma ele.

Em ano eleitoral as pesquisas precisam ser registradas junto ao TSE e indicar a amostra que foi utilizada, mas o que é indicado ao TSE pode não ser a realidade. “Um fator que pode nos levar a ver resultados de pesquisas tão diferentes é que quem nos diz qual foi a qualidade da amostra entrevistada é o próprio instituto”, diz.

Vieth afirmou que não há um órgão específico que ateste a qualidade dessa aferição junto ao público, que garanta que a amostra declarada foi realmente a entrevistada. Isso dá margem para que exista na sociedade tanto empresas que façam um trabalho bem feito e realmente relatem o que fizeram, enquanto outras podem dizer que fizeram determinada pesquisa com uma diversidade de amostra e não o fizeram.

“Para saber em quem confiar, uma boa estratégia é avaliar o histórico do instituto que realizou a pesquisa e comparar suas pesquisas anteriores com resultados reais. Em âmbito nacional, alguns sites jornalísticos oferecem avaliação de seus especialistas sobre os institutos e seus métodos, o que pode ser uma boa referência também.”

Por fim, outro fator que pesa muito na diferença dos resultados entre pesquisas pode ser o momento em que são feitas. É normal que no início das campanhas o voto seja mais volátil e que ainda exista muito desconhecimento dos candidatos.

Nessa fase, um intervalo de poucos dias pode levar a resultados bem diferentes, o que vai se atenuando durante a campanha, com o aumento do conhecimento dos candidatos.

Métodos diferentes, resultados diferentes

Quem também explicou de que forma as pesquisas podem influenciar tanto no resultado da escolha do eleitor e porque os resultados divergem, foi o cientista político Hesaú Rômulo.

Ele explicou que existem três principais metodologias que são usadas nas pesquisas eleitorais que são usadas no Brasil são as entrevistas face a face, ligações telefônicas e via online.

“Porque os resultados diferem tanto um do outro está relacionada à metodologia, à abrangência geográfica que devem ser levados em consideração” – cientista político Hesaú Rômulo.

O cientista político fez questão de ressaltar que as entrevistas face a face podem ser de dois tipos: podem ser entrevistas domiciliares ou na metodologia ponto de fluxo, ou seja, o entrevistador é colocado em um local de muito movimento, como a Rua Grande, shopping, rodoviária, um aeroporto aonde ele vai abordando as pessoas que vão passando para compor uma amostra representativa da população.

Hesahú Rômulo afirmou que o ponto de fluxo é a mais tradicional usada no Brasil. E que a pesquisa feita por ligação tem um custo muito alto e pode ser feita da seguinte maneira: feita por uma listagem de números válidos que são discados aleatórios ou não.

Elas podem ser conduzidas por um entrevistador ou um sistema automático que a partir das gravações vai colocando um questionário previamente delimitado. Outra opção são as pesquisas online que diminuem o custo da realização da pesquisa.

“Porque os resultados diferem tanto um do outro está relacionada à metodologia, à abrangência geográfica que devem ser levados em consideração. É um trabalho muito difícil porque às vezes você está olhando um número e você não está vendo qual foi a janela de tempo que ela foi colocada”, explica Hesaú Rômulo.

“E se ela foi feita depois de um evento político se está conseguindo capturar a mudança do eleitorado. Isso interfere no processo de escolha do eleitor? Óbvio que sim! E que tem um componente muito significativo, naquilo que a gente chama de voto útil. Então as vezes você percebe que um candidato tem mais propensão a vencer tanto para uma eleição proporcional, mas principalmente para a majoritária que pode ter uma tendência de subida ou uma tendência de queda que o eleitor vai se guiando por esses termômetros”, finalizou.

Qual o cenário? Falando do assunto…

O Imparcial também conversou com o economista e psicólogo, Aziz Santos, que foi ex-secretário estadual de Planejamento e Orçamento, no governo de Jackson Lago, afirmou que há institutos que precisam mudar os prognósticos por não refletir a realidade de determinados cenários que não foram levados em consideração.

“Lido com pesquisas há anos. Vi como o IBOPE, em tempos atrás, maltratava o cenário sempre a favor do grupo Sarney. No final, era obrigado a mudar radicalmente suas previsões para não ser desmoralizado de todo”, disse Aziz Santos.

“Hoje, o cenário de pesquisas é semelhante. O IBOPE deixou seus herdeiros no Maranhão” – Aziz Santos (Foi ex-secretário estadual de Planejamento e Orçamento, no governo de Jackson Lago).

Para ele, hoje, o cenário de pesquisas é semelhante. O IBOPE deixou seus herdeiros no Maranhão. Exata: esta é a que mais se aproxima do sentimento colhido em todo o Maranhão.

“A última pesquisa dessa empresa, que dá empate técnico entre o Senhor Weverton e o Governador Brandão, reflete um quadro possível, mesmo assim com resultado ainda meio estranho dado o volume de campanha do pedetista em relação ao governador”, analisou Aziz Santos.

Ele também avaliou outros cenários: “Quanto ao Lahesio, sua campanha sobrevive com os votos de Bolsonaro, não tem grupo político relevante para atuar diariamente nos 217 municípios do Maranhão. Distanciar-se-á cada vez mais dos dois primeiros colocados”.

E continua: “Edvaldo Holanda Junior não passará dos Estreito dos Mosquitos, sem grupo político, isolado, teve a (in)capacidade de nem mesmo se posicionar na última eleição de São Luís. Este erro vai lhe custar o penoso 4º lugar, bem abaixo dos três primeiros, revelando o seu real tamanho. Ainda tem tempo de renunciar e preservar o que resta do seu capital político” finalizou o ex-secretário.

Sobre a última pesquisa Econométrica divulgada essa semana com intenções de votos para o governo do estado e para o Senado Federal, o secretário de Comunicação do Maranhão, Ricardo Capelli usou as redes sociais para fazer uma análise dos números divulgados.

Na análise feita por Capelli, a pesquisa Econométrica apontou o óbvio: “o recall de Weverton começou a derreter. Ele vai continuar perdendo o voto dos eleitores de Flávio Dino. A TV começa no dia 26. Aguardem”, observou Capelli.

“O recall de Weverton começou a derreter. Ele vai continuar perdendo o voto dos eleitores de Flávio Dino. A TV começa no dia 26. Aguardem” – Secretário de Comunicação do Maranhão, Ricardo Capelli.

Ricardo Cappelli, também aprofundou sua análise na pesquisa Band/Datailha para o governo do Maranhão. Para o secretário a pesquisa na última terça-feira (16), confirma as projeções feitas desde o início do ano. Destacando em cinco pontos a sua avalição: mais uma pesquisa que confirma o cenário que vem se desenhando desde janeiro.

O governador Carlos Brandão, representando um governo com alta aprovação popular e apoiado por Lula e Flávio, se distancia cada vez mais na liderança. Com o início da TV no dia 26, Brandão deve romper a barreira de 40% dos votos válidos. A partir daí, o cenário de 1° turno passará a figurar no horizonte.

Lahesio empatou no 2° lugar com Weverton. Um estacionado com tendência de queda e o outro numa curva de subida constante. Lahesio já possui quase o dobro dos votos do senador na espontânea. Nas próximas pesquisas, o ex-prefeito já deve aparecer consolidado na 2° posição.

A queda de Weverton para o 3° lugar terá um efeito devastador na sua candidatura. Os poucos que apoiaram Flávio Dino e ainda estão com ele desembarcarão. A cruel lei da sobrevivência política irá se impor.

Edivaldo continua estacionado, mas fez um movimento inteligente ao rejeitar Roberto Rocha e se manter no campo Dinista. Aposta todas as suas fichas no seu carisma pessoal e na TV. Vai funcionar? Avaliou Ricardo Cappelli, ressaltando que: “O juiz apitou. Agora o jogo é pra valer”.

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