Eleições: os Palácios e os caminhos para 2022
Prefeitura de São Luís e as eleições de 2022
A eleição do deputado federal Eduardo Braide (Podemos) como prefeito de São Luís tem como vertentes a força de uma liderança política jovem no Maranhão. Ele cresceu desde a primeira disputa de urna em 2010, quando conquistou o mandato na Assembleia Legislativa, pelo nanico PMN, integrando a coligação “Maranhão não pode parar”, liderada por Roseana Sarney, que derrotou Jackson Lago concorrendo também contra Flávio Dino. Braide foi eleito com 26.792 votos. Em 2014, ele elevou sua votação em mais de 80%, sendo reeleito com 47.519 votos, na coligação “Vamos Juntos, Maranhão”.
Em 2018, Eduardo Braide ganhou o atual mandato de deputado federal, sempre pelo PMN, como segundo mais votado, com 189.843 votos, dos quais, 131.153 só em São Luís. Por coincidência, na mesma eleição, Duarte Júnior (PCdoB), adversário de Braide no segundo turno de domingo passado, foi o deputado estadual mais bem votado na capital, com 46.685 votos, seguido de Wellington do curso (PSDB), com 17,3 mil. Curso, rifado pelo seu partido ainda como pré-candidato a prefeito de São Luís em 2020, decidiu apoiar Eduardo Braide, junto com o senador Roberto Rocha, que o vetou como concorrente à prefeitura.
Guinada em 2016
Braide, desde a eleição de 2016, quando disputou o segundo turno contra Edivaldo Júnior (PDT), numa guinada surpreendente na última semana da campanha, já mostrou a musculatura eleitoral na capital. Na guinada da reta final, Eduardo Braide (PMN) conquistou 243.559 (46,06%) contra 285.242 (53,94%) de Edivaldo. Foi o suficiente para Eduardo Braide já se impor, naturalmente, como pré-candidato neste conturbado ano 2020 – eleição realizada com 40 dias de atraso por causa crise pandêmica do coronavírus.
A partir de 2016, Braide permaneceu liderando todas as pesquisas, até a de boca-de-urna no domingo, 29. Antes ele ingressou no Podemos, com a fusão do PMN com o PPS e PHS, em razão da cláusula de barreira. Em 2020, portanto, sua eleição não foi surpresa. Seria se fosse o contrário, contra o estreante na Alema, Duarte Jr. As urnas revelaram o que as pesquisas vinham dando, com algumas discrepâncias gritantes: Braide ficou com 270.557 (55,53%), contra 216.665 (44,47% de Duarte Júnior, do partido Republicanos, apoiado no segundo turno pelo governador Flávio Dino, o vice-governador Carlos Brandão e outras lideranças, como a senadora Eliziane Gama e Josimar do Maranhãozinho (PL).
“O mandato é do povo”
No seu primeiro discurso como prefeito eleito, Eduardo Braide disse que o mandato conquistado não pertence a grupo A ou B. “Pertence ao povo de São Luís”. E mais adiante procurou resgatar o histórico do passado político de São Luís. “Se alguém, por algum dia, ainda teve dúvida de que São Luís é a ilha rebelde, ou de a força do povo ser maior que a força do Palácio dos Leões, hoje teve a resposta. Essa eleição nunca foi sobre mim, sempre foi sobre o povo de São Luís. Eu sempre fiz questão de dizer, que se fosse da vontade de Deus, vocês poderiam bater no peito e dizer ‘eu elegi o prefeito de São Luís”, discursou Braide, como desabafo à posição de Flávio Dino durante a campanha, porém sem nominá-lo.
Talvez com esse mesmo histórico na mente, foi que Edivaldo Holanda Júnior, o único prefeito de São Luís a ter conseguido uma reeleição e apoiado por Flávio Dino, preferiu ficar distante do pleito inteiro. Ele também foi o único deputado federal, como agora Braide, a chegar ao
Palácio La Ravardière. Afinal, apenas o então prefeito Jackson Lago conseguiu eleger sua sucessora na capital maranhense, Conceição Andrade, em 1.992.
Transição tranquila
Significa que São Luís terá uma transição tranquila na prefeitura, pois o pai do prefeito Edivaldo Jr, deputado Edivaldo Holanda tem excelente relação com Carlos Braide, pai do prefeito eleito, Eduardo. Carlos Braide foi presidente da Assembleia Legislativa quando Edivaldo Holanda era deputado estadual. O eleito passou toda a campanha sem fazer qualquer reparação à atuação do que vai suceder. Sempre cuidou de avisar que iria concluir qualquer realização que encontrar inconclusa. “O obras não são do prefeito, mas da população”, dizia Braide nos debates e nas entrevistas.
A eleição de Eduardo Braide colocar o governador Flávio Dino numa encruzilhada sobre o seu futuro bem ali, em 2022. A sua engenharia de colocar quatro candidatos da base aliada no primeiro turno só daria certo se ele evitasse o racha ocorrido no segundo e aglutinasse todos no palanque do Duarte Júnior. Mas como a política de São Luís traz no DNA a síntese do “salve-se quem puder” no adernar do barco, desta vez não foi diferente. Dino conseguiu, como governador, ajudar fortemente a reeleição de Edivaldo em 2016, já sentindo o peso da votação de Braide como uma forte liderança em ascensão.
Como líder absoluto em todas as pesquisas, Braide não teve dificuldades em atrair até quem mais o fustigou no primeiro turno, Neto Evangelista (DEM), que foi da equipe de Flávio Dino até a desincompatibilização. Assim também, Braide conseguiu partir o PDT do senador Weverton Rocha, que se acomodou numa imprevisível “neutralidade” e liberar o partido para seguir por onde quisesse. Um dos motivos: Duarte Júnior é do Republicanos, partido de Carlos Brandão, com quem Weverton deve ter um encontro com as urnas na disputa do governo do Maranhão em 2022. Já Braide arrastou até o presidente da Câmara, Osmar Filho, a viúva de Jackson, Clay Lago, que na reta final, e mais uma bancada de vereadores reeleitos e novatos. No âmbito nacional estadual tudo que vier de agora em diante já é eleição de 2022. Flávio Dino perdeu foi para o PDT de Weverton, que elegeu 42 prefeitos, seguido de perto pelo PL de Josimar do Maranhãozinho, que tinha sete prefeitos e carimbou 40, contra 22 do PCdoB e 24 do Republicanos, de Carlos Brandão. E se quiser contar o ocorrido nos cinco maiores municípios, o resultado ficou numa divisão marcante: o DEM elegeu Assis Ramos em Imperatriz; o PL, Dr. Julinho Matos em São José de Ribamar; o Republicanos, Fábio Gentil em Caxias; o PCdoB, Paula Azevedo em Paço do Lumiar; o PSB elegeu Dinair Veloso em Timon; e o PSD, Dr. Zé Francisco em Codó. Na conta do Palácio dos Leões, seriam mais de 170 prefeitos de partidos da base de Dino. Mas já trincou com o PDT em 2020.
Os desafios de Braide
Na capital, Eduardo Braide tem enorme desafio de começar uma gestão produtiva em meio à crise da pandemia do coronavírus, da receita em queda, cujo orçamento de 2021 já sofreu redução de origem de R$ 3,7 bilhões iniciais para R$ 3,5 que foi aprovado. Outra situação é a relação com o governador Flávio Dino, que sofreu uma derrota substancial na capital. Com a projeção nacional que adquiriu, ele terá que criar um novo discurso a partir do Maranhão, principalmente diante da esquerda derrotada no Brasil e do avanço do centro-direita. A relação amistosa e colaborativa que manteve nos últimos seis anos com o ocupante do Palácio La Ravardière, separado apenas por um muro, do Palácio dos Leões, não será a mesma de janeiro em diante. Braide sabe disso, mas também foi habilidoso em não partir para o embate direto, desde o primeiro turno, com Flávio Dino. Já Duarte Jr pode abusou dos ataques repetitivos na TV e redes sociais contra Braide.
O candidato do Podemos só reagiu duro, na reta final da campanha, mas sempre diante de provocações. Não ajudou em nada a Duarte no segundo turno, já que Braide manteve-se firma nas pesquisas. Mas ele, Duarte, tem chance de repetir 2022 o que Braide fez 2018 – trocando a Assembleia Legislativa pela Câmara dos Deputados.
Dino e a reunifica da base
No programa de governo de Eduardo Braide, resumiu suas propostas em 19 eixos, ao longo de 28 páginas. Na apresentação, ele diz que o documento é resultante de colaboração de pessoas, servidores públicos, entidades representativas, artistas, Ongs, técnicos e especialistas. “O nosso governo traz propostas para consolidar a construção do futuro que esperamos: acompanhando a evolução tecnológica, com ideias inovadoras, baseadas na sustentabilidade”.
Em entrevista ao jornalista Leonardo Sakamoto, do portal notícias UOL, na manhã de segunda-feira (30), o governador Flávio Dino (PCdoB) falou sobre divisão no seu campo político que possibilitou a vitória do deputado federal Eduardo Braide no segundo turno. Mas adiantou que vai continuar trabalhar para tentar reunificar o grupo visando mas eleições de 2022. “É um processo que se abre agora e que vamos conduzir com muita calma, muita prudência, mas infelizmente essa divisão na nossa aliança foi o que determinou alguns resultados, inclusive esse de São Luís”, explicou. Em entrevista ao jornalista Leonardo Sakamoto, do portal notícias UOL, nesta manhã de segunda-feira (30), o governador Flávio Dino (PCdoB) falou sobre divisão no seu campo político que possibilitou a vitória do deputado federal Eduardo Braide no segundo turno da eleição para prefeito de São Luís, mas adiantou que vai continuar trabalhar para tentar reunificar o grupo visando mas eleições de 202