Eleições 2020

“Nossa gestão e todas as secretarias estarão subordinadas aos Conselhos Populares”, afirma Hertz Dias

Pré-candidato do PSTU à Prefeitura de São Luís, professor da rede pública e candidato a vice-presidente nas Eleições 2018 falou a O Imparcial sobre suas ideias para a capital

Foto: Reprodução

Pré-candidato do PSTU à Prefeitura de São Luís, Hertz da Conceição Dias é natural de São José de Ribamar, tem 49 anos, é professor de História da educação básica da rede pública municipal e estadual. É cofundador do Movimento Hip Hop Quilombo Urbano, que existe desde 1989 e é umas mais antigas organizações de Hip Hop do Brasil, e do Movimento Hip Hop Quilombo Brasil. “Foi esse movimento que me fez voltar a estudar aos 23 anos e aos 27, logo depois de concluir o antigo segundo grau, fui aprovado no vestibular de História da UFMA”, conta o professor Hertz.

Militante do PSTU desde 2010, ele substitui na disputa o também professor Saulo Arcangeli, anunciado anteriormente como pré-candidato. Em 2018, Hertz foi candidato a vice-presidente na chapa de Vera Lúcia, “a primeira chapa 100% negra e nordestina da história do país numa disputa presidencial”, conta. Este ano, ele pode ser o único candidato negro a concorrer para administrar a capital brasileira que possui, segundo o IBGE, cerca de 750 mil pessoas negras e pardas. A O Imparcial, Hertz Dias falou, entre outros pontos, sobre a questão racial e suas ideias para São Luís.

Projeto de governo para São Luís:
Hertz Dias: Trata-se de um programa que governe a cidade para os trabalhadores. Por que não um governo para os trabalhadores? Achamos que é hora de mudar a chave. Se eleitos, vamos organizar os Conselhos Populares formado por trabalhadores de todas as áreas. Se os trabalhadores decidirem que será um gari que, junto com outros garis, vai gerir os serviços de limpeza do município, sim, serão eles, porque não? Se os conselheiros da Educação indicarem uma merendeira, um porteiro e uma professora da educação infantil para reapresentá-los no Conselho da Educação, sim serão esses trabalhadores e trabalhadoras que os representarão, e assim por diante. A situação de degeneração do capitalismo faz com que as pessoas passam a dar mais atenção ao nosso programa. O que antes era visto como loucura ou algo irrealizável, agora é visto como alternativa diante de um sistema doente e irracional, como é o capitalismo.

Sobre a relação das secretarias e os conselhos populares:
Hertz Dias: Nossa gestão e todas as secretarias estarão subordinadas aos Conselhos Populares, e assim esperamos que ocorra com o parlamento municipal. Os secretários não serão indicados pelos empresários, mas escolhidos nas assembleias dos Conselhos Populares. Os secretários serão escolhidos entre os conselheiros de cada setor e o prefeito trabalhará em consonância com os mesmos. Executivo em um governo popular deve fazer isso, executar aquilo que o povo decide e não o que os empresários mandam. Por exemplo, no início do ano, tivemos aumento de passagem em pleno carnaval. Quem mandou aumentar as passagens, senão os empresários? Em que espaço democrático isso foi discutido? Em nenhum. Em nosso governo, uma decisão dessa teria que ser discutida pelo Conselhos de Transportes Coletivos ou mesmo por todos os conselheiros, já que é uma decisão que atinge a todos. Os trabalhadores não podem ser chamados a decidir sobre os destinos da cidade a cada quatro anos, mas sim fazer isso de maneira permanente e decisiva.

Sobre os vencimentos do prefeito e secretários:
Hertz Dias: Todos os secretários, inclusive o prefeito e seus assessores, receberão vencimentos iguais aos da maioria dos servidores públicos ou de um operário qualificado. São essas ideias e esse programa que queremos discutir com a população de São Luís.

Sobre os serviços públicos:
Hertz Dias: Os serviços públicos não podem continuar sendo tratados como mercadoria. Vamos desmercantilizar a saúde, a educação e os transportes coletivos. Enquanto a prefeitura subsidia empresários dos transportes coletivos para desempregar cobradores e ainda elevar o valor das passagens, o peso da carga tributária fica sobre os mais pobres. Isso tá errado. Do mesmo modo que vamos implementar uma política de construção de obras públicas (escolas, hospitais, postos de saúde, casas populares, praças, teatros, etc.) para gerar empregos. E vamos reduzir a jornada de trabalho para gerar emprego. Quando menor a jornada de trabalho, mais trabalhadores serão empregados. Também vamos abrir mais escolas de qualidade social.

Sobre o orçamento: Hertz Dias: Vamos dispor 100% do orçamento para a população debater e decidir onde e como tem que ser implementado. Também vamos organizar uma auditoria das contas públicas do município e depois a população vai decidir se vamos ou não continuar transferindo seus impostos para os grandes bancos para pagar a malfada dívida pública via Lei de Responsabilidade Fiscal. Não temos dúvidas que a população será contra manter essa roubalheira assassina.

Sobre ser o único pré-candidato negro a prefeito de São Luís, cidade com uma das maiores populações negras do Brasil (somando negros e pardos, cerca de 68%, de um total de cerca de 1.101.884 moradores, segundo o IBGE):
Hertz Dias: Queremos fincar cada vez mais nosso partido na classe operária e nos setores oprimidos. Considerando o peso que a população negra tem em São Luís, creio que uma candidatura negra impacta bastante. Não só pela quantidade de negros, mas em razão da profunda desigualdade racial existente em São Luís, uma das piores do país. Também vivemos um contexto de muitos ataques aos negros e de muita reação antirracista. Temos um presidente de ultradireita, racista, machista e LGBTfóbico que defende abertamente o fim das liberdades democráticas e o genocídio negro. Então, temos uma batalha a travar no plano municipal, mas estritamente vinculado aos temas nacionais e à realidade mundial, de grave crise econômica e sanitária. Porém, para nós do PSTU não basta ser negro, mulher ou LGBT se não for para defender um programa que atenda aos interesses da classe trabalhadora e que esteja estrategicamente vinculado à necessidade de construção do socialismo. Nosso partido está orgulhoso de lançar uma candidatura negra, mas porque ela é classista, revolucionária e socialista.

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