Ex-conselheiro de Trump é preso suspeito de fraude nos Estados Unidos
Steve Bannon é acusado de cometer fraude contra cidadãos que doaram dinheiro para a construção de um muro na fronteira com o México
Steve Bannon, ex-estrategista-chefe da campanha do presidente Donald Trump, foi preso nesta quinta-feira (20/8) sob a acusação de corrupção. Ele é investigado por levantar dinheiro para uma campanha de apoio à construção de um muro entre os Estados Unidos e o México, mas que teria sido usado para outros fins, de acordo com o Departamento de Justiça do país.
Os outros acusados são Brian Kolfage, Andrew Badolato e Timothy Shea. Segundo os procuradores que assinam a denúncia, Bannon e os companheiros “defraudaram centenas de milhares de doadores, capitalizando o seu interesse em financiar o muro para angariar milhões de dólares, sob o falso pretexto de que o dinheiro seria gasto na construção”.
A campanha “Nós construímos o muro”, – em inglês “We Built That Wall” -, arrecadou mais de US$ 25 milhões, cerca de R$ 142 milhões, que foram doados por apoiadores do governo Trump. Mas, segundo a acusação, ao menos US$ 1 milhão teria sido embolsado pelo próprio Bannon. Já Kolfage ficou com US$ 350 mil dólares para financiar seu “luxuoso estilo de vida”.
Os quatro detidos foram acusados pelos crimes de fraude bancária e conspiração para lavagem de dinheiro. Cada delito pode resultar em uma pena máxima de 20 anos de prisão. Bannon deve comparecer nas próximas horas a uma audiência com um juiz federal de Nova York para a leitura das acusações.
Eleições nos EUA
A prisão do ex-estrategista de Trump acontece 75 dias antes da eleição nos Estados Unidos, e no momento em que o presidente republicano é desafiado nas urnas por Joe Biden. O candidato do Partido Democrata segue na frente na disputa eleitoral no país. Segundo a pesquisa encomendada pelo Washington Post e ABC News, divulgada na segunda-feira (17/8), Biden tem 53% das intenções de voto entre os eleitores registrados, enquanto Trump detém 41%.
Bannon é considerado o arquiteto da vitória de Trump em 2016, e se tornou assessor sênior da casa Branca, ele deixou o governo sete meses depois.
Foi o posicionamento estritamente contra “tudo o que está aí” que aproximou Bannon de Trump. Em 2018, o ex-banqueiro estampou a capa da revista Time sob o título “O grande manipulador”. Segundo a publicação, entre outras coisas, ele utilizou táticas de interferência e manipulação das redes sociais americanas para fins eleitorais, peça-chave para o sucesso eleitoral do presidente Donald Trump.
Bannon está por trás do discurso pronunciado por Trump em sua posse, com referências à “carnificina americana” e à falência das instituições. Também foi ele um dos idealizadores da agressividade dos primeiros dias do novo governo.
“Estamos nos mexendo rápido”, disse ele sobre as ordens executivas assinadas por Trump logo após a posse. “Não estamos aqui para cuidar das coisas pequenas.”
Relações com o Brasil
Ele ficou conhecido no Brasil por ter uma relação próxima com a família Bolsonaro. Em 2018, ele declarou apoio a Jair Bolsonaro nas eleições presenciais e chegou a se encontrar com Eduardo Bolsonaro em Nova York. Embora Bannon não tenha confirmado, Eduardo disse que o marqueteiro havia se colocado à disposição para ajudar na campanha do então candidato à presidência Jair Bolsonaro.