Pré-candidatos a prefeitura de São Luís e sua influência digital
Em um balanço feito pelo O Imparcial, o jornal listou, por ordem de seguidores, os mais populares concorrentes ao cargo de chefe do poder executivo municipal, nas redes sociais
Valendo-se do Twitter, Facebook e o Instagram como palanques virtuais, pré-candidatos a prefeito de São Luís divulgam agendas, pautas específicas de suas atividades, e, alguns já fazem ataques aos governos atuais, apesar de, oficialmente, a campanha só começar em agosto. Em um balanço feito pelo O Imparcial, o jornal listou, por ordem de seguidores, os mais populares concorrentes ao cargo de chefe do poder executivo municipal, nas redes sociais. Isto porque, desde a última eleição no Brasil, a presidencial em 2018, cientistas políticos, candidatos e marqueteiros já apontavam os aplicativos de smartphones como um dos grandes influenciadores de voto.
O deputado estadual Carlos Wellington de Castro Bezerra, conhecido como Wellington do Curso, do Partido da Social Democracia Brasileira (PSDB), é o político mais seguido no Twitter (41,7 mil seguidores), no Instagram (101 mil seguidores) e no Facebook (93.660 pessoas o seguindo). A investigação feita pelo O Imparcial descobriu, ainda, que a prioridade do pré-candidato é o ataque, com uma exceção notável.
Mesmo sem a contagem de publicações, em cada uma das três redes sociais do deputado, uma breve visita, e checagem daquilo que foi postado a partir de junho de 2020, se percebe os ataques feitos ao governo do Estado. Um exemplo disso é o assunto da devolução de verbas de respiradores, que o Wellington chamou de “calotes dos respiradores superfaturados”, post feito nessa quarta-feira (1º), na sua página do Facebook (/wellingtondocurso). Contudo, o pré-candidato age de modo diferente, também, ao encher uma pessoa de elogios nas suas redes sociais: ele próprio.
Ranking de seguidores no Twitter
- Welington do Curso (PSDB): @DepWellington 41,7 mil seguidores.
- Rubens Júnior (PCdoB): @rubenspereirajr 18 mil seguidores.
- Duarte Júnior (Republicanos – antigo PRB): @DuarteJr_ 15,5 mil.
- Bira do Pindaré (PSB): @BiradoPindare 10,9 mil seguidores.
- Adriano Sarney (PV): @AdrianoSarney 3.715 seguidores.
- Neto Evangelista (PDEM): @netoevangelista 3.599 seguidores.
- Franklim Douglas (PSOL): @oifranklin 2.056 seguidores.
- Yglésio Moisés (Pros): @dryglesio 2.017 seguidores.
- eduardo Braide (Podemos): @EduardoBraide 966 seguidores.
- Detinha (PR): @detinhaoficial 149 seguidores.
- Os pré-candidatos Jeisael Marx (Rede), Carlos Madeira (Solidariedade) e José Inácio (PT) não têm contas no Twitter.
Ranking de seguidores no Instagram
- Welington do Curso: 101 mil seguidores.
- Duarte Júnior: 100 mil seguidores.
- Rubens Júnior: 46,4 mil seguidores.
- José Inácio (PT): 43,4 mil seguidores.
- Detinha: 40,7 mil seguidores.
- Eduardo Braide: 38,5 mil seguidores.
- Neto Evangelista: 36 mil seguidores.
- Adriano Sarney: 29,2 mil seguidores.
- Yglésio Moisés: 27,9 mil seguidores.
- Bira do Pindaré: 22,6 mil seguidores.
- Jeisael Marx: 21,5 mil seguidores.
- 12. Carlos Madeira: 5.595 seguidores.
- 13. Franklim Douglas: 1.073 seguidores.
Ranking Facebook
Nessa lista, os números mostrados são de curtidas, nas páginas dos pré-candidatos, uma vez que, foi considerado o fato de que há páginas com curtidas, mas sem seguidores. Os pré-candidatos Franklim Douglas e José Inácio não têm páginas no Facebook.
- Welington do Curso: /wellingtondocurso 85.692 curtidas.
- Duarte Júnior: /ProfessorDuarteJr 56.547 curtidas.
- Rubens Júnior: /rubenspereirajrs 53.098 curtidas.
- Eduardo Braide: /eduardobraide 54.483 curtidas.
- Bira do Pindaré: /bira.dopindare 51.483 curtidas.
- Neto Evangelista: /netoevangelista25 46.929 curtidas.
- Adriano Sarney: /adriano.sarney 34.168 curtidas.
- Jeisael Marx: /jeisael 33.388 curtidas.
- Yglésio Moisés: /dryglesio 23.821 curtidas.
- Detinha: /detinhaslz 12.624 pessoas
- Carlos Madeira: /carlosmadeiraoficial 4.846 pessoas
Os resultados dos rankings não surpreenderam o professor universitário Elthon Aragão, que atua no mercado como analista de monitoramento de redes sociais. Elthon é mestre em Ciências Sociais e doutor em Sociologia Política. Do ponto de vista de Elthon Aragão, entre os 13 pré-candidatos, cinco têm engajamento relevante no Twitter, Instagram e Facebook. Não necessariamente nesta ordem, segundo o professor universitário, seriam eles: Bira do Pindaré, Duarte Júnior, Rubens Pereira Júnior, Wellington do Curso e Eduardo Braide.
“Wellington e Braide ‘surfam’ no discurso radical conservador nos costumes, que é uma marca do presidente da República Jair Bolsonaro. Bira levanta a bandeira de movimentos sociais, que faz parte de sua identidade política, e, portanto, é mostrada nas suas plataformas digitais. Duarte Júnior é popular graças, também, à sua atuação no Instituto de Promoção e Defesa do Cidadão e Consumidor do Maranhão, o Procon, quando ele foi superintendente. Já Rubens Júnior visa conteúdos nacionais, mas mira nas pautas governamentais do Maranhão, tendo sido titular da Secretaria Estadual das Cidades (Secid)”, avaliou Elthon.
Perfil e localização do público
Conforme informações repassadas pelos próprios pré-candidatos, o público de suas redes sociais está, em sua maioria, na capital maranhense; e, a faixa etária de seus seguidores, nas redes sociais, é formada por pessoas de 16 a 46 anos. Yglésio Moisés informou que sua primeira rede sociais foi o Facebook, cuja conta foi criada em 2011. Atualmente ele tem Instagram, Twitter, Facebook, Youtube e Tiktok. “Sou da geração anterior a de digitais influencers (YouTubers), que se tornaram políticos, porém, sempre usei da plataforma digital para emitir minhas opiniões”, declarou Yglésio.
A O Imparcial, o pré-candidato e deputado Federal Bira do Pindaré contou que as suas redes sociais mais utilizadas são Facebook e Twitter. Ele afirmou que interage no ambiente digital desde 2009, e que inclusive já teve Orkut e Blog. “Nos tempos atuais, a internet tem sido a principal opção para que seja mantido aberto o canal de comunicação com a sociedade em geral”, frisou Bira.
O deputado estadual Duarte Júnior disse que o seu eleitorado tem entre 25 a 34 anos, e que são pessoas morando em São Luís e Imperatriz, na sua maioria. Ele contou que utiliza as redes sociais, de forma profissional, desde agosto de 2012. Mesmo assim, o pré-candidato fez uma crítica em relação a muitos estudantes brasileiros ainda não terem acesso a internet.
“Devido ao isolamento social, em decorrência da pandemia de Covid-19, o Ensino a Distância (EAD) foi intensificado, e muitos estudantes, principalmente os de baixa renda e de escolas públicas, que têm dificuldades de acesso às plataformas ou até mesmo nem têm acesso à internet em casa, foram prejudicados, pois as chances de eles ingressarem no ensino superior, caem”, lamentou Duarte.
A assessoria do deputado federal Rubens Pereira Júnior informou que o público majoritário nas redes sociais do pré-candidato é de mulheres, com 51%. Caxias, Timon e a capital maranhenses são as três cidades onde concentram o volume maior de seguidores. Rubens Júnior teria começado no Twitter em 2009, e nas demais plataformas digitais entre 2013 e 2014. “As redes sociais são ferramentas de transparência, e com a pandemia expandimos nosso diálogo por meio delas”, informou Rubens Pereira.
Já o pré-candidato e deputado federal Eduardo Braide atua nas redes socais há cinco anos, tendo começado pelo Facebook, em seguida pelo Instagram, e, por último, o Twitter. “Tendo em vista a necessidade do distanciamento social durante a pandemia, as redes sociais tem sido importante instrumento para nos aproximar das pessoas”, declarou Braide.
Adriano Sarney informou que a porcentagem de mulheres e homens, que acompanha os seus perfis online fica na mesma métrica 50%. O pré-candidato informou é seguido por jovens com idade a partir de 16 anos, e por adultos de até 46.
Pré-candidatos aderem à moda da live
Devido a pandemia de Covid-19, que mudou a forma de trabalhar de muita gente, e não seria diferente no meio político, os pré-candidatos aderiram as lives. O deputado federal Bira do Pindaré informou que faz três lives próprias por semana, além das que ele participa como convidado, tanto por seu partido político, quanto por outras pessoas e entidades.
Já Duarte Júnior, conforme a assessoria do deputado estadual, tem feito três lives por semana, com audiência média de três mil internautas. Rubens Pereira disse que chega a fazer até cinco transmissões, média de uma para cada dia útil da semana. Já Adriano Sarney informou a O Imparcial que participa de uma live semanal.
Yglésio Moises informou não ter frequência de transmissões ao vivo semanais, mas, segundo o pré-candidato, nas lives já realizadas com a participação dele houve média de audiência de 400 a 800 espectadores por transmissão.
O deputado federal Braide informou que não há uma estratégia de lives semanais. “Prezo pelo atendimento individualizado ao público das redes e faço lives com temas contextualizados. A média da audiência é variável, uma vez que ela é medida de acordo com os assuntos tratados”, declarou Braide.
O ambiente digital muda a forma de se fazer política
Sobre os impactos das redes sociais nas campanhas eleitorais, O Imparcial ouviu o doutor em Sociologia Política Elthon Aragão. Além da live, o professor comentou sobre outras novidades que o pleito deste ano traz para o glossário da política.
Santinhos digitais
Para Elthon, ainda ocorrerá a panfletagem nas campanhas, mas é evidente que o novo coronavírus mudou as eleições de 2020, e cenas como as de zonas eleitorais com o chão repleto de santinhos de candidatos ficarão cada vez mais raras do que em outros anos. “Pensando, também, na questão ecológica, infelizmente, ainda vamos ter os santinhos de papel, por enquanto”, disse o analista.
Capilaridade digital
Durante décadas, partidos como o Movimento Democrático Brasileiro (MDB), eram importantes aliados em disputas eleitorais pela “capilaridade”. Ou seja, o fato de ser uma legenda com diretórios estabelecidos até nos mais remotos municípios do país era um ativo fundamental para que o candidato apoiado conseguisse chegar à população distante dos grandes centros.
Entretanto, de acordo com o Elthon, as redes sociais são instrumentos, também, para se alcançar até a população cotidianamente mais afastada do debate político. Porém, o professor informou que mesmo assim os diretórios municipais não vão deixar de existir. “As conversas presenciais e as coligações feitas em reuniões ‘off-line’ ainda pesam bastante, mesmo que o ambiente digital tenha força política”, ressaltou Elthon.