POLÍTICA

Após provocação de Bolsonaro, Maia defende corte de salário de servidor

A medida, no entanto, precisaria ser tomada por todos os poderes, não apenas pelo Legislativo, disse o deputado, nesta terça-feira (9/6), após provocação do presidente Jair Bolsonaro.

Presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia (foto: Michel Jesus/Câmara dos Deputado)

O presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), disse que o Congresso pode cortar salários de servidores, de forma temporária, para estender o pagamento do auxílio emergencial de R$ 600 pago a informais durante a crise do novo coronavírus. A medida, no entanto, precisaria ser tomada por todos os poderes, não apenas pelo Legislativo, disse o deputado, nesta terça-feira (9/6), após provocação do presidente Jair Bolsonaro.

Ao ser questionado sobre a prorrogação do auxílio, Bolsonaro sugeriu, mais cedo, que os parlamentares tirem do próprio bolso o dinheiro necessário, embora ele mesmo não tenha proposto nenhuma redução de gastos por parte do governo federal. Maia disse apoiar a ideia, desde que Executivo e Judiciário também contribuam. “Se todos os poderes topassem cortar um valor, tenho certeza que o Parlamento vai participar e defender. Não vejo nenhum problema”, afirmou, em coletiva de imprensa.

O deputado lembrou que o valor que a Câmara e o Senado conseguiriam economizar não seria suficiente para arcar com a prorrogação do auxílio, que pode custar até R$ 100 bilhões em dois meses, se for aprovada. O Congresso gasta com salário de servidores, incluindo os parlamentares, R$ 5 bilhões por ano, apontou Maia. Já o Executivo tem uma despesa anual de R$ 170 bilhões com funcionalismo público. Judiciário e o Ministério Público da União, de R$ 25 bilhões.

“O salário dos parlamentares, em relação ao investimento nos R$ 600, dá uma diferença um pouco grande”, observou Maia. Por isso, segundo ele, é importante que todos os três poderes estejam de acordo. “Tenho certeza que o Parlamento está disposto a sentar na mesa para discutir os caminhos e cuidar dos mais vulneráveis”, disse. “Não tenho problema nesse debate. Eu tenho defendido quase que sozinho a necessidade dessa repactuação”, acrescentou.

O presidente da Câmara levantou a possibilidade de redução salarial de 10%, por seis meses, ou um percentual maior, por menos tempo, para pagar o auxílio. O corte seria apenas nos salários mais altos do funcionalismo, não afetaria todos os servidores. Ou seja, a medida renderia bem menos do que 10% ou 20% dos R$ 200 bilhões gastos nos três poderes com folha de pagamento. Servidores da área da saúde e que atuem diretamente no enfrentamento à covid-19 seriam poupados do corte. 

O ministro da Economia, Paulo Guedes, anunciou, nesta terça, que apoia estender o auxílio por mais dois meses, mas com valor reduzido à metade, R$ 300. Cabe ao Congresso decidir se reduz ou não. O governo propôs R$ 200 de auxílio, no início da pandemia, mas os parlamentares ampliaram para os R$ 600 pagos atualmente. O mesmo pode ser feito na ampliação.

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