Declaração de Lula sobre PCdoB causa animosidade
Fazendo referência a Dino, Lula afirmou em entrevista que acha muito difícil um comunista se eleger a presidente do Brasil, esquentando os debates sobre as eleições
deputado federal e ex-ministro, Orlando Silva (PCdoB), colocou mais lenha na fogueira da corrida presidencial quando repercutiu, em uma rede social, a entrevista do ex-presidente Lula concedida à TVT, na última quarta-feira (15). Nessa entrevista, o ex-presidente afirmou que é muito difícil um comunista se eleger a presidente em 2022, fazendo referência ao governador do Maranhão, Flávio Dino.
O parlamentar deixou bem claro que tem respeito e admiração ao ex-presidente Lula, mas não concorda com certas opiniões que, segundo ele, foram atravessadas em relação ao PCdoB. Pelo Twitter, o deputado federal questionou o real motivo das declarações do ex-presidente ao lançar a pergunta: “Qual o objetivo dessa descortesia com um aliado histórico?”
Intitulado Orlando Silva: Por que Lula deu uma canelada no PCdoB?, o artigo escrito pelo parlamentar ressaltou a importância do apoio do PCdoB nas cinco campanhas presidenciais que PT disputou. Orlando Silva fez uma análise da entrevista e disse que ficou surpreso com algumas afirmações ditas pelo ex-presidente com relação a Flávio Dino, que em sua opinião são absolutamente dispensáveis.
No texto, Orlando Silva destacou as seguintes pérolas: “O PT é um partido muito grande se comparado ao PCdoB”; “É difícil eleger um comunista e Flávio sabe disso”; e “É muito difícil eleger alguém de esquerda sem o PT”, que para ele se “as mesmas frases fossem ditas por um analista político dispensariam qualquer comentário. Mas, sendo proferidas por Lula, merecem atenção”, ressaltou o parlamentar .
Orlando Silva criticou, ainda, as declarações do ex-presidente ao considerar difícil a eleição de um comunista para presidente sem o apoio do Partido dos Trabalhadores.
O parlamentar lembrou também que o governador Flávio Dino é a novidade da esquerda brasileira. E que o mesmo cresceu sem “dedaço” e não incubado por nenhum grande líder. E que a competência de Dino já está à mostra no governo do Maranhão. “Sua capacidade política é reconhecida até pelos adversários. Flávio Dino opera a política de frente ampla que o PCdoB elaborou, mas aplica com timidez sob os olhares severos e críticos dos “companheiros”, enfatizou o parlamentar.
E o mesmo fez questão de alertar o governador Flávio Dino sobre um possível fogo amigo por parte de Lula. “Anote aí: o elogio do presidente Lula a Flávio Dino é como um ‘abraço de urso’. Daí ser adequado Flávio saber o ponto exato de proximidade – ou será esmagado”, ressaltou Orlando Silva.
Outra situação de que o PT pode declinar à candidatura de Dino em 2022 foi dada pelo presidente municipal do PT de São Paulo, Laércio Ribeiro que afirmou nesta quinta-feira (18) que Lula tem endossado a vontade de Fernando Haddad de não correr à prefeitura de São Paulo, dizendo que, depois de receber 47 milhões de votos na eleição presidencial de 2018, o ex-prefeito deve ser preservado como uma alternativa de projeto nacional.
Nenhum aliado da base do governador Flávio Dino se manifestou ou saiu em defesa do mesmo.
Questionado por O Imparcial sobre as declarações do ex-presidente Lula ao afirmar que é muito difícil um comunista se eleger para presidente em 2022, o deputado federal e presidente do PCdoB Márcio Jerry usou de diplomacia e cautela ao falar sobre o assunto.
“Companheiro Lula, a quem muito respeitamos, fez uma frase que foi lida por todos nós do PCdoB como infeliz. E é natural a reação. Faz parte do processo democrático ter, expor e debater divergências, e isso não interdita de maneira alguma nossos diálogos com Lula e o PT em busca de alternativas para o Brasil”, disse Márcio Jerry, ressaltando a política de boa vizinhança entre os dois partidos.
“Anote aí: o elogio do presidente Lula a Flávio Dino é como um “abraço de urso”. Daí ser adequado Flávio saber o ponto exato de proximidade – ou será esmagado”