ENTREVISTA

Dr. Yglésio quer ser o nome do PDT para 2020

Deputado estadual cola a sua imagem com a área da saúde, defende a união do partido para as eleições de 2020 e que o PDT volte às suas raízes

Reprodução

Um dos nomes especulados para concorrer à Prefeitura de São Luís em 2020 é o do médico e deputado estadual pelo PDT dr. Yglésio, que foi recentemente eleito ao seu primeiro mandato na Assembleia Legislativa do Maranhão. Ele leva para frente medidas que permeiam não só a saúde – sua principal bandeira –, mas também segurança pública e mudanças econômicas.

A captação de recursos pelo município, para o deputado, é um dos grandes empecilhos que impedem a evolução da capital maranhense. Suas propostas para a cidade incluem a desobstrução na folha de pagamento de servidores, uma reforma na máquina pública e a redução de impostos, na medida do possível.

Apesar de fazer parte do mesmo partido que o atual prefeito, Edivaldo Holanda Júnior, o deputado afirma ser errôneo o hábito de culpabilizar toda a legenda por eventuais problemas na gestão.

O IMPARCIAL – Como tem sido a sua atuação na Assembleia voltada para a área da segurança pública?

Dr. Yglésio – No primeiro dia, nós protocolamos uma lei de incentivo à saúde semelhante à lei do incentivo ao esporte e à cultura, pela qual as empresas possam destinar uma parte do ICMS que elas deveriam pagar ao Estado para projetos de reforma, ampliação, construção e aquisição de equipamentos dentro do Sistema Único de Saúde (SUS). Com ela, esperamos captar não menos que R$ 30 milhões por ano para projetos de saúde. Também fizemos a lei do Aplicativo de Saúde para a mapeação de consultas e exames. Além disso, fizemos uma ação que foi conseguir que cada deputado se comprometesse a indicar R$ 100 mil para o Aldenora Belo, para sanar um pouco da dificuldade financeira que eles têm.

Fizemos voltar o serviço de otorrinolaringologia no Hospital Carlos Macieira. Conseguimos convencer o senador Weverton para destinar uma verba de R$ 300 mil para o Hospital da Mulher para a aquisição de equipamentos de cirurgia; e abrimos mão de R$ 150 mil do investimento em São João para reformar Unidades Básicas de São Luís.

Como você vê a questão da reforma da Previdência para o âmbito da saúde pública?

Hoje, o sistema de seguridade social no Brasil ainda tem um gasto maior com previdência do que com saúde. Com a PEC de gastos, eu vou ter que cortar alguma coisa, porque estamos com o teto limitado. Há também a tragédia com o SUS: sua desvinculação de receita da União. Quem manda no país são os banqueiros e os assistentes dos banqueiros, que são os ministros. O que se quer atualmente pelo Governo é não deixar de pagar salário, e atrasar geraria uma impopularidade absurda. Então, deixam de pagar tudo mas não deixa de pagar salário. Hoje, gasta-se 54% do orçamento do Estado com folha de servidor. São 34 mil ativos e 28 mil inativos. Em 2025, vai ter tanto inativo quanto ativo porque ninguém mais vai fazer concurso público.

“Não pode o pobre morrer sem médico”

No Maranhão, ainda há muitas vagas de médicos ociosas desde a saída de Cuba do ‘Mais Médicos’. Na semana passada, o Consórcio Nordeste propôs a volta dos médicos cubanos à região. O que acha desta medida?

Isso eu propus em fevereiro, ao governador, para o Maranhão fazer o Mais Médicos estadual. Hoje, nós ainda temos dificuldades de mandar para alguns municípios o médico formado aqui. O que não pode acontecer é o povo pobre do Maranhão ainda morrer por falta de atendimento porque o interesse corporativo do CRM quer se sobrepor a isso. Temos que enfrentar o problema e preencher as vagas, priorizando os médicos brasileiros formados aqui, depois os brasileiros formados fora e, na vacância, chamar profissionais de qualquer país.

No fim de maio, o ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta, propôs cobrança de atendimento do SUS. Como você vê isso?

Eu acho que o SUS tem uma concepção muito boa, mas que como está chegando a um ponto em que há locais fechando por falta de verbas, ele deve ser priorizado a quem tem menores condições financeiras. Não é que você vá criar uma mensalidade, mas que quem tiver condição de contribuir de alguma forma, que contribua. Não é justo uma pessoa que ganhe um ou dois salários mínimos ter que pagar alguma coisa, porém não faz sentido quem tem a renda acima de 20 salários mínimos possuir acesso ao SUS e não custear nada dele.

Um dos seus últimos projetos é chamado de ‘Lei da Recompensa’. Como esta lei funcionaria?

Hoje, o crime é organizado porque está em um macrosistema na sociedade. Ele é uma fonte de renda e o silêncio é uma forma de captação pessoal de recurso. Às vezes a pessoa sabe que não deve, mas aceita por causa da recompensa pelo silêncio. Criamos o remédio. Nossa sugestão é que o Estado pague de R$ 1 mil a 30 mil por cada crime para que as pessoas saiam do lado dos bandidos e se juntem à SSP.

O senhor pretende sair como candidato a prefeito? Como está essa disputa interna dentro do partido por sua candidatura?

Os prefeitos que têm assumido a cidade, mesmo os do PDT, têm se distanciado da base do partido. Raramente se vê quadros da base em funções estratégicas. Então, não podemos confundir a gestão de um político filiado ao partido à gestão do partido em si, e nem atribuir o insucesso da gestão aos quadros. Outro ponto é que a disputa dentro do partido não tem um quadro atual da disputa de nomes, mas uma tentativa de ambos se viabilizarem. Quem tem essa chance é o Osmar Filho e o Yglésio. A garantia do partido é que o nome que estiver mais capacitado nas pesquisas do ano que vem vá ser indicado.

Então, no âmbito da organização do partido, não há um candidato escolhido ainda?

Não há ninguém, ainda, como nome ungido do partido. Estamos no começo, as pretensões estão sendo colocados na mesa, e o momento é de viabilização. O nome que tiver viabilidade vai ser consenso dentro do partido. Não há como não termos unidade depois da escolha do nome.

O PDT faz parte da base do governo de Dino. Como você se coloca dentro desses outros pré-candidatos do mesmo grupo dos partidos aliados?

Como base de governo, nós temos a obrigação de caminhar juntos, principalmente em um eventual segundo turno. Quem, por ventura, tiver a chance de passar, terá o apoio dos demais. Mas, para o primeiro turno, a tendência é que cada um coloque o seu  específico e evite ataques a companheiros de base. O objetivo comum é que este grupo participe do segundo turno para fazer a defesa do legado das ações e fazer perdurar essa coalisão do governador e o prefeito de São Luís como líderes principais da gestão do município e do estado.

O dr. Yglésio tem esse potencial agregador com os outros partidos?

Se mantiver a linha que nós temos seguidos na Assembleia, a nossa capacidade de diálogo tem sido destacada. Nós temos relações boas com candidatos do DEM, alguns do PCdoB – não todos -, o Bira do Pindaré, PSB, Weverton, inclusive com a oposição temos um diálogo muito respeitoso, com o Wellington, Adriano Sarney, com o PR.

O que o senhor está vendo na atual gestão de São Luís que fez o senhor pensar em ser candidato?

A necessidade de enfrentar, de maneira mais direta, os problemas. Isso é um diferencial nosso. Apesar de reconhecer avanços com a gestão de Edivaldo, tem uma possibilidade de se avançar muito dentro da cidade. O que se tem que fazer é enfrentar frontalmente os gargalos: a arrecadação e custeio com pessoal. Nós temos mais de 50% da prefeitura voltada a pagar salário de servidor. Se juntar com servidores de educação e terceirizados da saúde, passa de 90%. A primeira coisa a fazer é racionalizar os custos com pessoal. Não se fala em demissão em um primeiro momento, mas em melhorar a gestão. A arrecadação aumentaria com campanhas e com o combate à informalidade. Hoje, temos um problema em São Luís, que é o comércio informal. Não é que você seja contra o comerciante, mas há uma necessidade de formalizar, pois é um recurso que o município perde.

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