ENTREVISTA EXCLUSIVA

Vice-governador fala sobre investimentos da China no MA, eleições de 2020 e de 2022

Vice de Dino, Carlos Brandão (PRB) é um dos nomes cotados para o governo em 2022. A O Imparcial, ele falou sobre trajetória durante o governo e planos futuros

Carlos Brandão é um dos cérebros do Governo do Maranhão, e abandonou o PSDB por lealdade ao governador Flávio Dino Foto: Alan Azevedo/O Imparcial)

“Bolsonaro, ao mandar a proposta da Reforma da Previdência ao Congresso, deixou margens para algum corte. Ela é necessária, mas o Congresso não vai aprová-la. E o presidente sabe”. A opinião é do vice-governador do Maranhão, Carlos Brandão, eleito vice-presidente nacional do Republicanos, partido da base governista, mas posa de independente. Surgiu da dissolução do PRB. Brandão falou com exclusividade a O Imparcial, quando explicou por que não quer discutir agora sua eventual candidatura ao governo em 2022.

Sobre os investimentos chineses no Maranhão, em forma de projetos de um porto em São Luís e uma siderúrgica em Bacabeira, Brandão acha que a parada tem a ver com a relação do presidente Jair Bolsonaro com a China. Em junho próximo, Brandão retornará à China, pela 3ª vez, levando uma comitiva de empresários para uma feira e contatos com investidores.

Na relação de Flávio Dino com Bolsonaro, Brandão não vê nada fora da regra institucional, desde que sem o viés ideológico de cada lado. “Flávio Dino tem todo o direito de dizer ou criticar o governo federal, mas sem perder o respeito. Afinal, o Bolsonaro foi eleito para ser presidente do Brasil e não apenas daqueles que lhes batem palmas”.

Foto: Reprodução

Qual o destino do Republicanos, partido do qual o senhor foi eleito vice-presidente nacional? O que muda na essência e no programa da legenda?

O Republicanos vem crescendo muito no Brasil. Em 2006 elegeu um deputado; em 2010, oito; em 2014, 21 deputados; e em 2018, 30 deputados. Como se pode ver, a legenda tem um crescimento exponencial fantástico e contínuo. Mas o partido não se avalia pelo tamanho, e sim pela forma de agir, por suas metas e programa. Também me identifico muito com o PRB, que me acolheu em 2014, quando saí do PSDB. A prova dessa relação se deu agora, quando, na primeira convenção, em que mudou o nome para Republicanos, me elegeu vice-presidente nacional. Uma prova de absoluta confiança.

O que essa mudança de nome e de programa representa para a eleição municipal de 2020?
Os dirigentes do PRB viram que nas eleições passadas, eu consegui, como presidente do PSDB, avanços extraordinários no Maranhão. Em 2012, o PSDB maranhense teve o maior crescimento no Brasil. Portanto, para 2020, não será diferente no Republicanos. Vamos estruturar o partido em todos os municípios, sob a liderança do presidente regional Cléber Verde para que se identifiquem bons quadros, com densidade eleitoral e com bom histórico político. Esse será o trabalho: recrutar lideranças fortes para disputar cargos de prefeitos, vice e vereadores, e sairmos de 2020 fortalecidos para 2022.

O PRB é aliado do governo Bolsonaro e no Maranhão é da base aliada do governador Dino, que vive às turras com o presidente. Como o Republicanos vai se acomodar em meio a esse tiroteio?

Na verdade, o partido tem uma posição de independência perante o governo federal. Em recente encontro com o presidente Bolsonaro, o nosso presidente disse que não estamos pleiteando nenhum cargo, mas a bancada vai apoiá-lo naquilo que for importante para o povo. Nas causas identificadas antipovo, o Republicanos não vai apoiar. Somos  independentes, como partido de centro, não do Centrão. O Centrão é formado por um grupo de partidos, que somam outras particularidades.

“A eleição de 2020 vai exigir muito do nosso grupo”

Carlos Brandão

No Ma­ra­nhão, a pos­tu­ra do Re­pu­bli­ca­nos não po­de en­trar em cho­que pe­la sua con­di­ção de vi­ce de Flá­vio Di­no, que é do PC­doB, e tem po­si­ção à es­quer­da?

Não ha­ve­rá cho­que al­gum. Fui vi­ce do go­ver­na­dor Flá­vio Di­no quan­do era do PSDB e ele do PC­doB, dois par­ti­dos de ide­o­lo­gi­as com­ple­ta­men­te di­fe­ren­tes. Quan­to ao Ma­ra­nhão, so­mos ali­a­dos e acom­pa­nha­mos o go­ver­na­dor Flá­vio Di­no sem qual­quer ou­tra mo­ti­va­ção que não se­ja o bem do po­vo do Ma­ra­nhão. 

“So­mos ali­a­dos de Flá­vio Di­no e o na­ci­o­nal já en­ten­deu is­so, co­mo acon­te­ceu com o PSDB em 2014.”

Carlos Brandão
Foto: Divulgação

Qual a po­si­ção do Re­pu­bli­ca­nos em re­la­ção à Re­for­ma da Pre­vi­dên­cia, prin­ci­pal pro­je­to até ago­ra do go­ver­no Bos­lo­na­ro?

O par­ti­do vem ali­san­do pas­so a pas­so o de­sen­ro­lar do de­ba­te so­bre a Pre­vi­dên­cia. O Re­pu­bli­ca­nos en­ten­de que mui­to do que cons­ta na re­for­ma é ne­ces­sá­rio. O país pre­ci­sa de­la e es­ta­mos ana­li­san­do to­dos os seus pon­tos. Tem al­guns, co­mo a apo­sen­ta­do­ria ru­ral, que é um te­ma com­ple­xo e di­ver­gen­te, se­rá es­tu­da­da em de­ta­lhes. Acre­di­to até que o pre­si­den­te Bol­so­na­ro, ao man­dar a pro­pos­ta ao Con­gres­so, já dei­xou mar­gens pa­ra al­gum cor­te. Ele sa­be que a gran­de mai­o­ria não acei­ta o pro­je­to da for­ma em que che­gou à Câ­ma­ra. O par­ti­do ana­li­sa tu­do pa­ra de­pois de­ci­dir, em­bo­ra já ten­do po­si­ção so­bre al­guns pon­tos. A re­for­ma é ne­ces­sá­ria, até pa­ra atrair in­ves­ti­men­tos ao Bra­sil, que pre­ci­sa mui­to de­les.

Co­mo vi­ce-go­ver­na­dor e vi­ce-pre­si­den­te na­ci­o­nal do Re­pu­bli­ca­nos, o se­nhor se dis­po­ria a fa­zer uma pon­te en­tre o go­ver­na­dor Flá­vio Di­no e o re­si­den­te Bol­so­na­ro, já que o par­ti­do tem uma pro­xi­mi­da­de re­al com o Pa­lá­cio do Pla­nal­to?

Es­sa pon­te tem que ser ins­ti­tu­ci­o­nal. Eu já es­ti­ve com vá­ri­os mi­nis­tros, as­sim co­mo tam­bém o go­ver­na­dor Flá­vio Di­no que, além de mi­nis­tros, já par­ti­ci­pou até de reu­nião com o pró­prio Bol­so­na­ro.

“Por­tan­to, to­da vez que sur­gir te­mas de in­te­res­se do Ma­ra­nhão, tan­to eu quan­to o go­ver­na­dor es­ta­re­mos fa­zen­do a de­fe­sa des­sas cau­sas.”

Carlos Brandão

Em re­la­ção às crí­ti­cas que o go­ver­na­dor faz ao go­ver­no Bol­so­na­ro, elas são le­gi­ti­mas e faz par­te tan­to de sua po­si­ção de ges­tor es­ta­du­al, quan­to de sua ide­o­lo­gia. Por exem­plos, as­sun­tos fe­de­rais, co­mo ro­do­vi­as, edu­ca­ção, re­pas­ses cons­ti­tu­ci­o­nais va­mos tra­tar com o go­ver­no fe­de­ral, sem qual­quer cons­tran­gi­men­to que pos­sa sur­gir. Is­so não quer di­zer, ser ali­a­do po­li­ti­co. Da mes­ma for­ma que tra­ta­mos aqui pre­fei­tos ali­a­dos e pre­fei­tos ad­ver­sá­ri­os, to­dos da mes­ma for­ma e com o mes­mo res­pei­to. Por­tan­to, Bol­so­na­ro tem que ser o pre­si­den­te do Bra­sil e não só da­que­les que lhes ba­tem pal­mas.

Mu­dan­do de as­sun­to: o se­nhor vem atu­an­do for­te­men­te pa­ra tra­zer in­ves­ti­men­tos chi­ne­ses pa­ra o Ma­ra­nhão. Em que pé es­tá de fa­to a im­plan­ta­ção dos pro­je­tos anun­ci­a­dos com tan­ta ên­fa­se?

Es­ta­mos avan­çan­do des­de os pri­mei­ros qua­tro anos de go­ver­no. Va­mos vol­tar à Chi­na, em ju­nho pa­ra re­vi­sar al­guns dos pro­je­tos, con­ver­sar com as mai­o­res au­to­ri­da­des da Chi­na e com in­ves­ti­do­res, pre­si­den­tes de fun­dos, go­ver­na­do­res, pre­fei­tos, pois lá os go­ver­nan­tes têm mui­ta in­fluên­cia so­bre os in­ves­ti­men­tos fo­ra do país. Po­rém, no ge­ral, a pa­ra­li­sa­ção des­ses pro­je­tos no Ma­ra­nhão es­tá vin­cu­la­da a aber­tu­ra de mer­ca­do en­tre Bra­sil e Chi­na.

Mas por trás des­sa si­tu­a­ção to­da es­tá a guer­ra fis­cal en­tre Es­ta­dos Uni­dos e Chi­na. De que­bra, o pre­si­den­te Bol­so­na­ro não se po­si­ci­o­na bem na re­la­ção com a Chi­na, e os chi­ne­ses es­tão es­pe­ran­do o que vai acon­te­cer. En­quan­to não hou­ver um ges­to cla­ro de Bol­so­na­ro de que não vai atra­pa­lhar os in­ves­ti­men­tos chi­ne­ses no Bra­sil, eles vão fi­car re­traí­dos.  As­sim co­mo Bol­so­na­ro fez um ges­to pa­ra Is­ra­el, a Chi­na es­pe­ra al­go pa­re­ci­do. Eles não in­ves­tem on­de não há se­gu­ran­ça ju­rí­di­ca.

O se­nhor é can­di­da­to à su­ces­são do go­ver­na­dor Flá­vio Di­no em 2022?

Há mui­ta es­pe­cu­la­ção em ra­zão de mi­nha po­si­ção de vi­ce-go­ver­na­dor e que o ti­tu­lar es­tá no se­gun­do man­da­to. Mas não te­mos tra­ta­do dis­so. O que es­tá na agen­da é tra­ba­lhar nos pró­xi­mos três anos e meio aju­dan­do o go­ver­na­dor fa­zer uma ad­mi­nis­tra­ção ain­da me­lhor do que no pri­mei­ro man­da­to. Só lá na fren­te va­mos tra­tar des­se as­sun­to, e com os par­ti­dos li­de­ra­dos pe­lo go­ver­na­dor Flá­vio Di­no. Ele é que é o nos­so gran­de lí­der. Além do mais, em 2020 ha­ve­rá elei­ção mu­ni­ci­pal que vai exi­gir mui­to do nos­so gru­po. O mais é pu­ra es­pe­cu­la­ção.

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