ENTREVISTA

Senador Roberto Rocha defende acordo do CLA

Rocha diz que desavença com Flávio Dino não quer dizer ”falta de convivência” e nega que sua proximidade com Bolsonaro tenha a ver com eventual nova investida em 2022

Reprodução

Em entrevista exclusiva a O Imparcial, o senador Roberto Rocha, líder do PSDB, não esconde o entusiasmo sobre os benefícios advindos do Acordo de Salvaguardas Tecnológicas (AST), firmado entre Brasil e Estados Unidos, para dar novo rumo ao Centro de Lançamento de Alcântara (CLA), na região metropolitana de São Luís. O senador fez parte da comitiva do presidente Bolsonaro aos EUA e voltou achando que o Maranhão, o Brasil e as comunidades quilombolas do entorno do projeto da Base Espacial serão beneficiados. Roberto Rocha aborda também o seu projeto de criação da Zona de Processamento de Exportação do Maranhão (Zema), a ser instalado em São Luís. “Se fortalece exponencialmente com o acordo de Alcântara ao conjugar o Porto do Itaqui à base de lançamento”. Sobre a relação rompida com o governador Flávio Dino, de quem foi aliado até 2015, Rocha diz que não faz política com agenda oculta, “assim como está claro que desavença não implica falta de convivência”.

Perguntado se sua aproximação com o presidente Jair Bolsonaro, indo contra algumas lideranças da cúpula do PSDB, tem a ver com a eventual candidatura dele em 2022, ao governo do Maranhão, Rocha resumiu: “Não é isso. Tem a ver com a confluência de ideias no campo liberal da economia”. Sobre os escândalos de corrupção envolvendo tucanos em vários estados, que impactou negativamente o PSDB nas urnas de 2018, Roberto Rocha respondeu: “O impacto foi fruto de uma reação à política e não diretamente ao PSDB. Mas é natural que tenha que fazer uma purgação dos seus erros e se restaurar como um partido de ideias e programa”.

O Imparcial – Quais são os pontos positivos para o Brasil e o Maranhão do acordo de Salvaguardas Tecnológicas (AST) firmado entre os governos do Brasil e dos Estados Unidos, pelo qual os americanos irão controlar o Centro de Lançamento de Alcântara?

Roberto Rocha – Quem controlará o Centro de Lançamento de Alcântara será o Brasil. Não haverá cessão de território brasileiro em nenhuma circunstância. Há muito mal entendido sobre o assunto que precisa ser esclarecido. O Acordo de Salvaguardas Tecnológicas não é para transferência de tecnologia, mas principalmente para garantir que a propriedade intelectual sobre o conhecimento embarcado não seja usado para fins militares. As vantagens para o Brasil e o Maranhão são enormes, ao abrir acesso a um mercado que movimenta atualmente cerca de US$12 bilhões de dólares.

Se o AST é tão importante, por que o meio científico e políticos de oposição fazem ressalvas sobre a questão da soberania nacional e quanto a relevância das comunidades quilombolas habitantes do entorno do CLA?

As ressalvas do meio político são de caráter ideológico. Por conta dessa mentalidade o Brasil fez um acordo com a Ucrânia que gastou milhões de dólares e não lançou nem um foguete de São João. A preocupação do meio científico, principalmente da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC), diz respeito à escassez de recursos que o Brasil tem destinado ao seu programa espacial e também à situação dos quilombolas. São também preocupações minhas e que estão sendo discutidas seriamente. E é justamente a abertura da base que permitirá solucionar com dignidade a condição dos quilombolas, que estão cobertos de razão, já que os governos federal, estadual e municipal não cumpriram integralmente o que foi acordado no TAC assinado com as comunidades.

Senador, em que pé está o seu projeto da Zona de Processamento de Exportação do Maranhão?

O projeto está seguindo firme e conquistando mais adeptos no país e no exterior. E se fortalece exponencialmente com o acordo de Alcântara ao conjugar o porto do Itaqui à base de lançamento. É uma interessante e proveitosa emulação que transformará a dinâmica econômica do Maranhão.

O senhor, hoje, é o senador maranhense com mais tempo de Casa e como líder do PSDB, como está sendo a atuação sua ao lado dos colegas Weverton Rocha (líder do PDT) e Eliziane Gama?

Nós atuamos, no limite de nossas diferenças, visando sempre compor no que for possível para os interesses do Maranhão. Politicamente, nossa convivência é de urbanidade, cortesia e entendimento. Pessoalmente, somos colegas e amigos.

As desavenças políticas do senhor com o governador Flávio Dino são definitivas e sem retorno? Por quê?

Não posso afirmar. O certo é que faço política com clareza de propósitos e sem agenda oculta. Está claro o que nos afastou politicamente assim como está claro pra mim que desavença não implica falta de convivência.

O senhor vai continuar no PSDB ou pretende trocar de partido?

Pretendo continuar no PSDB.

A sua aproximação com o presidente Jair Bolsonaro, que chega até a divergir de outras lideranças do seu partido, tem algo a ver com a eventual candidatura ao governo do Maranhão em 2022?

Não. Tem a ver com a confluência de ideas no campo liberal da economia, ainda que isso não implique em concordância em todos os campos da governança. Mas é importante que o Brasil não perca essa oportunidade de perseguir uma agenda liberalizante.

Quais pontos os positivos que o senhor destaca na Reforma da Previdência e, se considera a possibilidade de emendá-la, em que área arriscaria mexer?

Positivo é o espírito de formular uma reforma em bases racionais, combatendo privilégios. Agora há pontos que merecem ser revistos, como a questão da aposentadoria da mulher rural e também o Benefício da Prestação Continuada. Sobre esses pontos eu falei diretamente com o presidente Bolsonaro que não teriam o meu apoio.

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