ENTREVISTA

Os desafios de Eudes Sampaio em Ribamar

Em entrevista a O Imparcial, o novo prefeito do município explica saída de Luís Fernando e elenca os objetivos para os próximos dois anos

Reprodução

Substituir alguém normalmente é uma tarefa difícil, e substituir um prefeito eleito com 96% dos votos válidos é ainda mais complicado. Este é o primeiro desafio do novo prefeito de São José de Ribamar, Eudes Sampaio, que assume a prefeitura após a renúncia de Luís Fernando Eleito em 2016, Luís Fernando resolveu deixar Ribamar para o seu vice-prefeito e assumiu a Secretaria de Programas Estratégicos do governo Flávio Dino na última sexta-feira (15). Com isso, Eudes terá pouco mais de 1 ano e 9 meses para trabalhar e recolocar o município nos trilhos. A saída de Luís Fernando pegou de surpresa boa parte da população bem como a classe política, e o próprio Eudes Sampaio contou que a decisão foi muito rápida.

“Foi realmente uma surpresa. Não havia nenhuma perspectiva de mudança até o secretário Marcelo Tavares convidar o prefeito Luís Fernando ao Palácio para tratar deste assunto. Fui comunicado após ele ter tido esta primeira reunião. E após o Lava-Pratos, ele reuniu novamente com o governador e tomou a decisão e aí ele me comunicou. E eu passei a tratar isso como realidade, não tinha como compreender de outra forma”, afirmou.

Eudes acredita que a forma como vinha sendo desenvolvida a parceria dele com o prefeito Luís Fernando facilita esta transição acelerada, pois ele vinha sendo um vice muito participativo do dia-a-dia do munícipio, mas mesmo assim precisa de algum tempo para pôr a casa em ordem.

“Eu era um vice muito integrado ao governo e convivi estes dois anos com o Prefeito. Eu só assumia missões estratégicas e algumas políticas que ele me delegava. Preciso de pelo menos duas semanas para efetivamente me inteirar de tudo e até a próxima semana espero ter conversado com todos os secretários para poder entender o funcionamento da máquina municipal”, explicou.

Por este motivo, o prefeito descartou qualquer reforma administrativa em um futuro próximo e elogiou a equipe técnica do município.

“Não tenho nenhuma expectativa de mudança. Todos os secretários são competentes, gozam da minha confiança e eu, de alguma forma, participei da escolha deles junto com Luís Fernando. E vamos continuar trabalhando”, afirmou.

De vice decorativo a prefeito

Eudes Sampaio também foi vice-prefeito durante a gestão de Gil Cutrim (2012-2016) explicando a diferença entre as duas administrações principalmente no seu papel como vice-prefeito.

“No meu primeiro mandato de vice-prefeito eu não tinha a participação no governo como eu tinha no governo Luís Fernando em 2017/2018. Era um vice mesmo decorativo e só vivia para assumir a Prefeitura eventualmente. Eu não participava e sim tomava conhecimento das decisões. Com Luís Fernando, eu efetivamente participava das decisões. Existe uma diferença muito grande entre os dois momentos”, esclareceu.

Se a participação da administração anterior praticamente não rendeu frutos, foi o trabalho de Eudes Sampaio como secretário da Fazenda entre 2005-2012 que o credenciou para o cargo de vice-prefeito de Luís Fernando.

“Eu fui convocado para ser vice-prefeito pelo trabalho que fiz como secretário. Fizemos uma revolução na área da receita própria, um excelente trabalho nos limites municipais ajeitando o recenseamento e resolvemos a questão do fundo de participação que em 2017 multiplicou por três e como Secretário da Receita multiplicamos a receita própria por 20”, explica.

Administração, arrecadação e reeleição

Eudes defenda os dois primeiros anos de Luis Fernando , relembrando como o município foi entregue após as eleições.

“Luís Fernando recebeu a Prefeitura em 2017 com uma dívida de 45 milhões de reais, com 10 unidades de saúde das 36 fechadas, com o Hospital Maternidade funcionando precariamente com apenas sete leitos dos 80 leitos”, relembrou.

A situação financeira tem sido a principal dor de cabeça de Luís Fernando e deve ser também o primeiro grande desafio de Eudes na Prefeitura.

“A cidade tinha buraco por todos os lados. Além de dívida financeira, débitos com INSS, inadimplente com os ministérios, com as secretarias estaduais, com todos repasses bloqueados”, afirmou. “Pra solucionar estes problemas, dois anos não foram suficientes. Com o passivo da malha viária toda destruída, com passivo financeiro e a desorganização administrativa, os dois anos não eram suficientes, mesmo assim foram recuperados 140 km de asfalto e 90 escolas”.

Eudes também acredita que as reclamações da população são justas, mas que ocorrem principalmente por conta da grande expectativa gerada com a volta de Luís Fernando e alta votação recebida por ele em 2016.

“A população que reclama tem razão, pois quer que a cidade funcione bem e esse é o objetivo da Prefeitura de Ribamar. E a população colocou a expectativa lá em cima com a volta de Luís Fernando, pois ele teve 96% dos votos e quando se coloca a expectativa assim, as pessoas vão ficar insatisfeitas”, analisou.

O desafio de Ribamar

Eudes classificou que os principais problemas de São José de Ribamar ocorrem pela proximidade de São Luís, que geram um êxodo desordenado vindos do interior bem como dividem a arrecadação com a capital.

“Todos os municípios têm dificuldade, mas em São José de Ribamar as dificuldades são pontuais, principalmente na infraestrutura. Nós temos dificuldade de investimento em razão da cidade ser incomum, diferenciada, com geografia difícil, única do Maranhão que faz fronteira terrestre com a capital e recebe todo êxodo rural que vem pra São Luís juntamente com Paço do Lumiar”, afirmou.

Em um primeiro momento, a expectativa do prefeito é conseguir aumentar o número de empregos em Ribamar fazendo com que a população more e trabalhe na sede municipal.

“A proximidade com São Luís gera um problema socioeconômico muito grave. 60% da população economicamente ativa de São José de Ribamar, trabalha em São Luís. E nosso objetivo é trazer empregos para cá para que a população viva e trabalhe na nossa cidade”, disse.

Arrecadação

O prefeito de Ribamar aproveitou para criticar a queda de arrecadação no período de Gil Cutrim a frente da Prefeitura. E que nestes últimos dois anos, ele tem trabalhado para recuperar os investimentos e a tendência é de crescimento.

“Na gestão anterior, a arrecadação caiu bastante. Nosso fundo de participação já está no limite máximo. O que nós temos que fazer é aumentar a receita própria. O que a gente pode falar é que vamos trabalhar incessantemente na área tributária. Nós vamos investir em recursos humanos, melhorar a estrutura da secretaria e fazer com que os recursos que forem investidos sejam convertidos em arrecadação”, afirmou.

Esperançoso, Eudes acredita que quando o gestor mostra serviço e a população percebe que o dinheiro de seu imposto está sendo revertido em serviços, a inadimplência cai.

“O cidadão ribamarense quando vê o poder público devolvendo o que ele paga de impostos em benefícios para a sociedade, ele paga os impostos com boa vontade e com menos inadimplência”, afirmou. “A nossa receita própria em 2017 para cá já dobrou em relação a 2016, pois a população vê o esforço dos gestores”.

Reeleição

Assim como afirmou em seu discurso de posse, Eudes Sampaio deixou claro que deve continuar o trabalho feito por Luís Fernando nos últimos dois anos.

“O meu governo é a continuação do trabalho de Luís Fernando. É o mesmo plano de governo que ouviu a população e dessa forma que vamos trabalhar neste 1 ano e 9 meses”.

Mas ao mesmo tempo em que afirma que dois anos é pouco para realizar um trabalho completo, Eudes despistou quando o assunto foi a reeleição e acredita que apenas o tempo pode dizer.

“A política dá muitas voltas. Tá muito cedo para falar em reeleição. São José de Ribamar não pode cair nas mãos de qualquer um, pois é uma cidade complexa de administrar, terceira maior cidade do estado. Tenho certeza que ano que vem nosso grupo político vai ter um candidato do nível do Prefeito Luís Fernando, do Prefeito Eudes Sampaio e quem sabe pode ser a tentativa de reeleição minha”, encerrou.

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