ENTREVISTA EXCLUSIVA

Lobão: “Vou continuar na política, sim, porque essa é minha vocação”

Edison Lobão, que deixa o cargo de Senador depois de vinte e oito anos, conversou com O Imparcial e garantiu que não abandonará a vida pública mesmo após perder a eleição

(Marcelo Camargo/Agência Brasil)

Edison Lobão, um dos políticos mais vezes eleito para o Senado Federal, conversou com O Imparcial e garantiu que não abandonará a vida pública mesmo após vinte e oito anos como senador da República, sendo sete à frente do Ministério de Minas e Energia.

Com 82 anos de idade, Edison Lobão (PMDB-MA) foi também deputado federal Governador do Maranhão, soma mais de 40 anos de experiência na política e garante: “Quem tem a vocação da vida pública, dela jamais se despede”.

A poucos dias do fim de seu quarto mandato como senador e sem conseguir se reeleger, Lobão fez um balanço de sua longa trajetória na política. O maranhense, natural de Mirador, discorreu sobre corrupção, políticos estreantes, seu futuro na vida pública e sua amizade com a família Sarney. “As amizades não se deixam afetar por resultados eleitorais.”

O Imparcial – O senhor está deixando o Senado Federal após 28 anos. Qual o balanço que o senhor faz da sua atuação na Casa?

Edison Lobão – Meu primeiro mandato deu-me a oportunidade de participar ativamente da elaboração e votação de nossa Constituição e de todo o processo de redemocratização do Brasil. E deu-me a chance de trabalhar pelo Maranhão. O reconhecimento desse trabalho foi a minha eleição consagradora para o governo do meu Estado, onde consegui grandes avanços na educação, na saúde, em toda a área social, e ampliei a nossa infraestrutura de transportes. Fiquei conhecido como o governador das estradas.

De volta ao Senado, do qual fui presidente, comandei suas principais comissões como Ação Social, Infraestrutura e Constituição e Justiça. Como senador, fui indicado por meu partido para conduzir o Ministério de Minas e Energia nos governos Lula e Dilma.

O Imparcial – Enquanto senador, o senhor transitou por diferentes governos, fez parte da oposição e da base. Qual conselho o senhor daria para tantos políticos que estão ingressando na carreira pública no próximo ano sobre a importância dessa habilidade política?

Edison Lobão – A política é o instrumento de ação dos que pensam no bem comum, nas pessoas, na fraternidade e na justiça. É indispensável trabalhar pelo macro desenvolvimento do País e do Estado, mas o nosso pensamento tem que estar dirigido para os mais pobres, os que mais precisam de proteção e atenção na sociedade.

É necessária vocação para servir. Sem ela, que exige sacrifício, dedicação e paciência, não é possível ser um bom político. Mas as novas gerações não precisam de conselhos. Elas têm uma visão generosa do mundo e podem nos ensinar novos modos de fazer política.

O Imparcial – Como o senhor avalia sua atuação à frente do Ministério de Minas e Energia?

Edison Lobão – A minha maior alegria como ministro foi ter levado energia à casa de quem não a possuía e, em muitos casos, sequer conhecia a luz elétrica. Além de ter ampliado em mais de 30% a infraestrutura de energia elétrica do país, de assistir à primeira extração de petróleo em águas profundas e ter ajudado a elaborar a Lei do Pré-Sal, tive a alegria e honra de proporcionar energia elétrica gratuita aos lares de 15 milhões de brasileiros.

O Imparcial – Com quarenta anos de vida pública, qual sua impressão sobre a corrupção nas instâncias políticas do Brasil durante esse período? Quais diferenças o senhor percebeu nestes anos todos?

Edison Lobão – A corrupção é um mal que precisa ser banido de todas as esferas da vida pública. Ninguém pode dizer se ela aumentou ou diminuiu nos últimos anos porque, antes, não se apurava nada. Quando presidi a Comissão de Constituição e Justiça, votamos a reforma do judiciário. Criamos os Conselhos do Ministério Público e da Magistratura. Criamos a súmula vinculante, que desobstruiu em parte a pauta do Judiciário. O governo do presidente Lula também foi pródigo em providências para dotar os órgãos judiciários e a Polícia Federal de instrumentos mais eficazes no combate à corrupção.

O Imparcial – Na sua opinião, qual foi sua maior conquista política para o povo do Maranhão?

Edison Lobão – Creio que essa questão deveria ser dirigida ao povo maranhense. A redução da mortalidade infantil em 30%, a construção de 2 mil quilômetros de estradas, os investimentos em educação são alguns dos benefícios que pude proporcionar como Senador e como Ministro de Minas e Energia.

O Imparcial – Sem conseguir se reeleger, quais são seus planos para o futuro? O senhor confirma que seguirá na vida pública?

Edison Lobão – Quem tem a vocação da vida pública, dela jamais se despede. Vou continuar trabalhando pelo meu Estado e pelo Brasil, porque tenho o pensamento e a ação voltados para o bem comum. Vou continuar na política, sim, porque essa é a minha vocação e esse, o meu destino.

O Imparcial – A família Lobão sempre foi grande aliada da família Sarney. Com a perda de espaço político dos Sarneys, que não se elegeram para cargos no Senado e Governo do Estado, a família Lobão é afetada? Isso influenciou seu resultado na última eleição?

Edison Lobão – As amizades não se deixam afetar por resultados eleitorais. As duas famílias são e continuarão amigas.

O Imparcial – Os maranhenses depositaram no senhor mais de quarenta anos de confiança. Qual recado o senhor gostaria de dar para seus conterrâneos sobre o Maranhão e o futuro do Estado?

Edison Lobão – Vou continuar trabalhando para corresponder a essa confiança do povo. Sou muito grato ao povo maranhense pelas oportunidades que me deu de servir ao Maranhão e ao Brasil. E continuo na luta, na certeza de que ao nosso Estado está reservado um grande futuro, com prosperidade e justiça. Neste momento, sob o espírito das festas natalinas e quando aguardamos com esperanças o Ano Novo, aproveito para manifestar a todas as famílias do Maranhão os meus melhores votos de felicidades. Que Deus proteja e ilumine os maranhenses.

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