CENTRO DE LANÇAMENTOS

Bolsonaro debate com comandantes da Aeronáutica o funcionamento de Alcântara

Por estar próxima à linha do Equador, Alcântara é considerada uma das melhores localizações geográficas do mundo para lançamentos de foguetes.

O presidente eleito, Jair Bolsonaro, se reúne com Comando da Aeronáutica em Brasília (Foto: Divulgação FAB/Agência Brasil)

Durante a semana o presidente eleito Jair Bolsonaro se reuniu com o alto-comando da Aeronáutica. Ele estava acompanhado do vice-presidente eleito, general Antônio Mourão, e do general Augusto Heleno, que deve ser nomeado ministro-chefe do Gabinete de Segurança Institucional (GSI). Eles conversaram sobre interesses da Força Aérea Brasileira e o funcionamento do Centro de Lançamento de Alcântara, no Maranhão. Os detalhes da conversa não foram divulgados.

O astronauta Marcos Pontes, anunciado como próximo ministro da Ciência e Tecnologia, já informou que defende o uso comercial da Base de Lançamento de Alcântara, no Maranhão. As tratativas para essas medidas estão sendo negociadas no Acordo de Salvaguardas Tecnológicas entre Brasil e Estados Unidos. Mas a polêmica que envolve esse acordo é se ele irá ferir ou não a soberania brasileira.

Apesar do enorme potencial da base nunca esteve em pleno funcionamento. Por estar próxima à linha do Equador, Alcântara é considerada uma das melhores localizações geográficas do mundo para lançamentos de foguetes, permitindo economizar em até 30% o gasto com combustível de veículos espaciais, tornando-se mais atrativa comercialmente, por exemplo, do que Centro Espacial de Kourou, localizado na Guiana Francesa e atualmente utilizado pela Agência Espacial Europeia.

O especialista Oswaldo Loureda, professor de Engenharia Aeroespacial da Uniamérica e coordenador do 1º Congresso Aeroespacial Brasileiro, disse que a proposta de Pontes está “bastante alinhada com o que desejam academia e indústria”. Loureda avalia que o uso comercial de bases de lançamento é algo “comum, normal e benéfico” e que poderia trazer novos recursos para a pesquisa espacial brasileira.

“Abrir essa base para lançamentos comerciais é uma ideia brilhante porque pode trazer aumento da frequência de lançamentos, acordos para a ciência e a tecnologia brasileiras, aumentar recursos para nossa pesquisa espacial e aumentar muito a qualidade de vida das pessoas que moram próximo dessa região, porque geraria emprego, desenvolvimento e oportunidades de empreendimento locais”, afirmou ao jornal russo Sputink.

Já o diplomata Samuel Pinheiro Guimarães, que foi secretário-geral do Itamaraty (2003-2009) e ministro de Assuntos Estratégicos (2009-2010), publicou uma carta quando Michel Temer abriu as rodadas de conversa, afirmando que os norte-americanos não necessitam das instalações para o lançamento de seus foguetes, e que o acordo na verdade tem uma conotação política que não está sendo levada em conta, caracterizando sim como cessão da soberania nacional.

“O objetivo americano não é impedir que o Brasil tenha uma base competitiva de lançamento de foguetes. A localização de Alcântara, no Nordeste brasileiro, em frente à África Ocidental, é ideal para os Estados Unidos do ângulo de suas operações político-militares na América do Sul e na África e de sua estratégia mundial, em confronto com a Rússia e a China”, escreveu.

A base de Alcântara está sem uso para lançamentos desde a rescisão de um acordo fracassado entre Brasil e Ucrânia. Segundo o jornal Sputinik atualmente trabalham no local cerca de 900 funcionários que desenvolvem pesquisas para as áreas industriais e farmacológicas usando o SB-30, foguete 100% nacional com compartimento para até 400 quilos de carga.

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